sexta-feira, 5 de junho de 2020

Funeral de Floyd e marchas pacíficas marcam 10º dia de protestos


Contra o racismo nos EUA

'Tirem seus joelhos de nossos pescoços', disse religioso na primeira cerimónia com o corpo de George Floyd. Com atos mais tranquilos, Washington e Los Angeles retiram toque de recolher.

Os Estados Unidos entraram na quinta-feira (4) na 10ª jornada de manifestações contra o racismo, em dia marcado pelo primeiro funeral do ex-segurança George Floyd, morto durante ação policial em Minneapolis.

Na cerimónia, o reverendo Al Sharpton pediu fim da violência policial contra a população negra, mencionando o policia ajoelhado sobre o pescoço de George Floyd — o que, indicam perícias, causou a morte do ex-segurança. O gesto tornou-se um símbolo dos protestos.

"Tirem seus joelhos de nossos pescoços!" — Al Sharpton, reverendo.

Após uma noite mais pacífica do que as anteriores, autoridades de diversas cidades norte-americanas começaram a retirar os toques de recolher impostos para conter os tumultos.

Governadores de cidades que tiveram grandes manifestações com milhares de pessoas, Bill de Blasio, em Nova York, e Keisha Lance Bottoms, em Atlanta, pediram que aqueles que estiveram nos atos dos últimos dias procurem locais para fazer testes de coronavírus, já que as aglomerações podem ter contribuído para a disseminação do vírus.

Resumo do 10º dia de protestos nos EUA

- Parentes, amigos, celebridades e políticos homenagearam George Floyd no primeiro dos funerais do ex-segurança. O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, ajoelhou-se diante do caixão.

- Após noite sem prisões e com protestos pacíficos, a capital Washington não terá toque de recolher nesta quinta. Entretanto, militares da Guarda Nacional continuam na cidade — o que gerou protestos da governadora Muriel Bowser. Mas uma forte chuva acabou dispersando cedo muitos dos manifestantes.

- Da mesma forma, o xerife de Los Angeles, Alex Villanueva, determinou o fim do cumprimento do toque de recolher na cidade. Segundo o jornal "Los Angeles Times", ele justificou a decisão "com base nos padrões pacíficos dos protestos mais recentes".

- Já em Nova York, a polícia continuou detendo pessoas que não respeitaram o toque de recolher a partir das 20 horas.

- Três dos ex-policiais acusados de participação na morte de Floyd compareceram a um tribunal pela primeira vez desde o início do caso. O juiz arbitrou fiança de US$ 1 milhão para eles.

- Os protestos continuaram pelo mundo: houve registo de atos na França, no Reino Unido e na Áustria.

- Pelas redes sociais, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ofereceu condolências à família e aos amigos de Floyd. "Sua morte foi uma tragédia e, como o presidente Donald Trump disse à nação, justiça será feita", escreveu.

- O artista Kanye West anunciou que vai arcar com os estudos da filha de Floyd e que vai doar US$ 2 milhões a famílias de vítimas de violência policial nos EUA. Ele também participou de uma manifesyação em Chicago.

- Grupos de direitos civis processaram Trump pela repressão a manifestantes perto da Casa Branca momentos antes de o presidente se deslocar a uma igreja, o que gerou críticas de religiosos.

 

Funeral em Minneapolis

Familiares e amigos de George Floyd organizam nesta quinta-feira (4), em Minneapolis, o primeiro funeral do ex-segurança, morto em maio durante uma ação policial — caso que gerou onda de protestos contra o racismo nos Estados Unidos e no mundo.

De acordo com a emissora norte-americana CBS, o corpo de Floyd será levado ainda a outras duas cidades para outras cerimónias: Raeford, na Carolina do Norte, cidade natal do ex-segurança; e Houston, onde ele foi criado. A última homenagem está marcada para terça-feira.

A cerimónia em Minneapolis teve a presença do ativista Martin Luther King III, último filho vivo de Martin Luther King Jr., que lutou pelos direitos civis da população negra dos EUA em meados do século 20. Políticos como a senadora Amy Klobuchar, ex-pré-candidata à presidência dos EUA, também participaram no ato.

O governador de Minneapolis, Jacob Frey, também esteve no funeral e ajoelhou-se diante do caixão de George Floyd. Os rappers T.I. e Tyrese Gibson participaram da cerimónia.

Philonise Floyd, um dos irmãos do ex-segurança, afirmou na cerimónia que George era muito querido e "um homem poderoso".

O reverendo Al Sharpton, religioso que conduziu a cerimónia, disse que os Estados Unidos nunca foram grande para os negros — parafraseando o slogan "Make America Great Again", do presidente Donald Trump.

"Grande para quem? Nós vamos fazer a América grande para todos pela primeira vez. Nunca foi grande para negros, nunca foi grande para latinos", afirmou.


Fiança de US$ 1 milhão

Um juiz estabeleceu a fiança de US$ 1 milhão nesta quinta-feira (4) para três dos ex-policias de Minneapolis acusados de cumplicidade na morte de George Floyd. O outro ex-policia, Derek Chauvin — flagrado com o joelho sobre o pescoço do ex-segurança, deverá comparecer no tribunal na segunda-feira.

A fiança para os três acusados, que fizeram a sua primeira aparição no tribunal nesta quinta-feira, seria baixada para US$ 750 mil se eles concordassem com certas condições, inclusive abrir mão de quaisquer armas de fogo pessoais. O juiz Paul Scoggin estabeleceu que os homens devem aparecer no tribunal novamente em 29 de junho.

Thomas Lane, J. Alexander Kueng e Tou Thao foram acusados na quarta-feira de ajuda e cumplicidade em assassinato de segundo grau e de ajuda e cumplicidade em homicídio culposo. Eles poderão enfrentar até 40 anos de prisão se condenados.


Caso George Floyd

George Floyd morreu em 25 de maio após ser filmado com o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco em Minneapolis. O ex-segurança, que era negro, foi alvo da operação policial por supostamente tentar pagar uma conta em uma mercearia com nota falsa de US$ 20, segundo a imprensa norte-americana.

Uma primeira perícia, oficial, não indicou evidências de que Floyd morreu por asfixia. Entretanto, outras duas autópsias indicaram que, sim, o ex-segurança foi morto por sufocamento.

O laudo da autópsia realizada pelo condado de Hennepin, divulgado à imprensa na quarta-feira, informa ainda que Floyd tinha presença de coronavírus no organismo quando morreu. O ex-segurança havia sido diagnosticado com Covid-19 no início de abril.

- em G1

Imagens:
1 - Manifestante com bandeira dos EUA que tem a inscrição 'Não consigo respirar' participa de protesto em Nova York contra o racismo nesta quinta-feira (4) — Foto: John Minchillo/AP Photo
2A partir da esquerda, J. Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, três dos ex-policiais acusados pela morte de George Floyd, em foto de 3 de junho — Foto: Hennepin County Sheriff's Office via AP

3 - Manifestantes se deitam em rua em Pittsburgh, nos EUA, nesta quinta-feira (4), 10º dia de protestos contra o racismo após a morte de George Floyd — Foto: Matt Freed/Pittsburgh Post-Gazette via AP

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