O
Ministério Público deduziu acusação contra cada um de sete dos suspeitos pela
“prática de um crime de homicídio qualificado agravado, sendo um na forma
consumada e três na forma tentada”. O oitavo elemento detido pela Polícia
Judiciária foi acusado do crime de favorecimento por ter, alegadamente,
escondido a arma do crime: um pau com moca.
O
Ministério Público acusou de homicídio sete dos oito arguidos no caso Giovani,
em Bragança, enquanto ao oitavo elemento atribui o crime de favorecimento por
alegadamente ter escondido a arma do crime, foi revelado na segunda-feira (29.06).
A
acusação foi divulgada esta segunda-feira pela Procuradoria-Geral Distrital do
Porto e consta de um despacho de 23 de Junho do Ministério Público de Bragança,
responsável pela investigação do caso que culminou na morte do estudante
Giovani Rodrigues, em Dezembro de 2019.
O
despacho do Ministério Público saiu meio ano depois dos factos e a acusação
recai sobre os oito detidos pela Polícia Judiciária (PJ), todos
do concelho de Bragança, três dos quais encontram-se em prisão preventiva e quatro em casa com pulseira
electrónica.
O
Ministério Público deduziu acusação contra cada um de sete dos suspeitos pela
“prática de um crime de homicídio qualificado agravado, sendo um na forma
consumada e três na forma tentada”. A acusação entende que estes
suspeitos agrediram Giovani e também os três amigos cabo-verdianos que o
acompanhavam na noite dos factos. A dois destes arguidos, o Ministério Público
imputa-lhes ainda “a prática de um crime de detenção de arma proibida”.
O
oitavo arguido é acusado do crime de “favorecimento pessoal” por alegadamente
“ter escondido, a pedido de um arguido, o pau com moca utilizado para a prática
dos factos”.
O
Ministério Público considerou que na noite de 21 de Dezembro de 2019, entre as
2h30 e as 3h15, num estabelecimento de bar sito na cidade de Bragança, um dos
arguidos e outro indivíduo que o acompanhava se desentenderam com os quatro
jovens cabo-verdianos.
Na
base do desentendimento, segundo a acusação, estará o facto de os arguidos
“suporem que estes jovens estavam a assediar as suas namoradas, o que deu
origem a uma escaramuça sanada pelos encarregados da segurança do dito
estabelecimento”.
A
versão do Ministério Público prossegue indicando que, já no exterior, os quatro
jovens cabo-verdianos “se dirigiram de novo ao referido indivíduo e à sua
namorada, com estes se travando de razões, o que motivou que ao local acorressem
quatro dos arguidos, que se envolveram com os jovens em agressões recíprocas”.
Mais
indiciou o Ministério Público que “pretendendo evitar as agressões, os quatro
jovens fugiram do local a correr, vindo a ser interceptados por um outro arguido
que lhes desferiu várias pancadas com um pau com uma moca numa das
extremidades”.
De
acordo com a acusação, “entretanto chegaram ao local aqueles quatro arguidos e
ainda outros dois, um destes munido de uma soqueira metálica, tendo então, os
sete, actuado concertadamente, agredindo os quatro jovens com pontapés, murros e pancadas
desferidas com paus e com a soqueira”.
O
Ministério Público apurou que três dos jovens cabo-verdianos fugiram, “mas um
deles (Giovani) foi rodeado pelos sete arguidos, sendo então agredido por
todos, nomeadamente na cabeça, com mais murros e pontapés, pancadas com paus, a
parte metálica de um cinto e uma soqueira, acabando prostrado no chão”.
O
Ministério Público entende que “este jovem veio a sofrer lesões derivadas
destas agressões que lhe provocaram a morte, ocorrida dez dias mais tarde” e
que “era propósito dos arguidos que sucedesse o mesmo aos outros três, o que só
não veio a acontecer por razões alheias à sua vontade”.
O
estudante cabo-verdiano Giovani Rodrigues foi encontrado sozinho caído numa rua
em Bragança a 21 de Dezembro e acabou por morrer dez dias depois, num hospital
do Porto. A morte do jovem, que tinha chegado à região há pouco mais de um mês para
estudar na escola de Mirandela do Instituto Politécnico de Bragança (IPB),
motivou reacções institucionais de Portugal e Cabo Verde.
Os
apelos à Justiça e à não-violência traduziram-se também em marchas de homenagem ao jovem cabo-verdiano, a 11 de
Janeiro.
Tanto
as autoridades policiais como judiciais vincaram “não ter sido apurado qualquer
indício no sentido de os factos praticados pelos arguidos terem sido determinados
por ódio racial ou gerado pela cor, origem étnica ou nacionalidade das
vítimas”.
Público
| Lusa
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