Protesto aproximou-se do palácio
presidencial, fortemente guardado pelas forças de segurança. Foram detidas 70
pessoas.
Os esforços populares para forçar
o Presidente bielorrusso, Aleksander Lukashenko, a abandonar o poder mantêm-se
semana após semana. Este domingo, milhares de pessoas marcharam pelo centro de
Minsk, mesmo perante a repressão das forças de segurança que fizeram 70
detenções.
Cantando slogans como
“Longa vida à Bielorrússia!” ou “Vergonha”, milhares de pessoas – a Reuters
referia dezenas de milhares – marcharam pelo centro da capital, chegando muito
perto dos portões do palácio presidencial, onde a presença policial era intensa,
descreve a Rádio Europa Livre.
Vários edifícios e monumentos em
Minsk tinham sido protegidos com arame farpado ao início da manhã. Para além da
polícia antimotim, também havia militares a patrulhar a manifestação.
O grupo de defesa dos direitos
humanos Primavera-96 disse, citada pela Reuters, que pelo menos 70 pessoas
foram detidas e houve relato de alguns feridos num protesto à porta de uma
fábrica de tractores. O Governo tem respondido com violência aos protestos das
últimas semanas e desde o início de Agosto quatro pessoas morreram e centenas
ficaram feridas durante as manifestações.
Lukashenko, o único Presidente
que a Bielorrússia conheceu desde a independência, está a enfrentar o mais
sério desafio ao seu poder. Os manifestantes exigem a sua demissão e acusam o Governo de ter manipulado as eleições presidenciais de
9 de Agosto – em 26 anos, os observadores internacionais nunca validaram qualquer eleição no
país.
A fúria com Lukashenko era evidente já antes das eleições,
com a população cansada e frustrada após quase 30 anos com a mesma liderança e
sem perspectivas de mudança. A gota de água parece ter sido atingida com a forma como o Presidente geriu a pandemia da covid-19, desvalorizando
a sua ameaça e sem adoptar medidas para evitar a propagação.
A proibição de participação nas
eleições a vários candidatos da oposição acabou por criar as condições para que
o descontentamento se unisse por trás da candidatura de Svetlana Tiakhnouskaia,
a mulher de um dos candidatos iniciais. A convicção dominante é a de que
Tiakhnouskaia obteve uma maioria dos votos, mas as autoridades eleitorais
manipularam a contagem dos resultados.
Público
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