terça-feira, 29 de dezembro de 2020

MOMENTO DE VIRAGEM NO MÉDIO ORIENTE ALARGADO

Martinho Júnior, Luanda

O Médio Oriente Alargado está a sul da região do Círculo Polar Ártico onde a Federação Russa está mais activa nas explorações de petróleo, gaz e outras riquezas minerais, assim como no delineamento da Rota Marítima do Norte, (Iamália Nenets) precisamente no lado oposto ao Afeganistão e Paquistão (AfPaq) e ao expansionismo turco no Médio Oriente Alargado, na enorme massa continental Euro-Asiática,   

Todos os indicadores que emanam da evolução da situação no Médio Oriente Alargado nos atiram para a interpretação de que se está a viver um “momento de viragem”, que será ainda longo mas irreversível, em função das actividades que ocorrem no miolo continental, desde a costa setentrional do Ártico, à Ásia Central e às costas quentes do Índico (e seus braços do Golfo Pérsico e Mar Vermelho), Mar de Aral, Mar Cáspio, Mar Negro e Mediterrâneo Oriental.

A geoestratégia da progressão das Novas Rotas da Seda de leste para oeste, reforçadas agora com o impulso do “Regional Comprehensive Economic Partnership, RCEP”, vão sacudir ainda com mais vigor esse passo de transição decisivo!

Oleodutos, gasodutos, rodovias, ferrovias, rotas marítimas, nós comerciais e nós industriais progridem de tal forma que fazer comércio e não guerra é um processo cuja lógica é imparável apesar dos contraditórios que aqui e ali ocorrem!…

É evidente que em resultado da actividade proactiva é espectável a emanação de contraditórios reactivos, alguns deles formulados a partir de culturas tradicionais de resistência, susceptíveis de serem exploradas pelo império da hegemonia unipolar em função do colonialismo de então e dos radicalismos hoje possíveis de disseminar…

O império da hegemonia unipolar, com suas redes de influência “stay behind” de carácter “radical” não desiste dos projectos “coloridos” e “primaveris” que desembocam na disseminação, de terrorismo, de caos, ou de desagregação!

O império está a ser confrontado com isso de forma disjuntiva: ou alinha com a emergência diluindo os seus interesses de forma “emparceirada”, ou está-se autocondenando e aos seus vassalos, coligados e directos parceiros, no pântano do terrorismo, do caos e da desagregação que tem vindo a semear desde o início da última década do século XX…

Relator da ONU sobre tortura: "Julian Assange é um prisioneiro político"

Nadja Vancauwenberghe [*]

Nils Melzer, professor suíço de direito, foi o Relator Especial das Nações Unidas sobre Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes. Antes de trabalhar para a ONU foi assessor jurídico do Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Lembra-se do tiroteio a sangue frio de civis iraquianos em Assassinato colateral ? Lembra da tortura na Baía de Guantánamo? Lembra da corrupção política revelada pelos cabos diplomáticos? Essas foram algumas das histórias que foram notícia em 2010, quando os principais jornais internacionais desde The New York Times a The Guardian e Der Spiegel se uniram à WikiLeaks para expor os crimes de guerra dos EUA e uma longa lista de verdades vergonhosas que nossos governos haviam mantido em segredo.

Dez anos depois, o homem que tornou isto possível está a lutar pela sua liberdade em chocante indiferença, mantido em confinamento solitário numa prisão de alta segurança e submetido a um julgamento que peritos independentes qualificam como uma farsa devido àquelas publicações de 2010 da WikiLeaks. Exberliner (EXB) conseguiu acesso às audiências do tribunal que decidirão sobre seu destino: se o tribunal der sinal verde à sua extradição para os EUA, ele enfrentará 175 anos de prisão pelo seu alegado papel na revelação ao público de documentos confidenciais que expuseram actos de tortura, crimes de guerra e má conduta cometidos pelos EUA e seus aliados.

EXB compromete-se a relatar estas audiências judiciais que não só selarão o futuro de um homem mas também determinarão o futuro do jornalismo investigativo. Também faremos uma série de entrevistas com especialistas independentes e jornalistas que trabalharam nas fugas de informação, bem como com apoiantes proeminentes.

Em primeiro lugar, N. Vancauwenberghe e J. Brown conversaram com Nils Melzer, Relator Especial da ONU sobre Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que investigou o caso. Permaneça sintonizado!

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