Martinho Júnior, Luanda
PARTICULARMENTE DESDE A DESTRUIÇÃO DA LÍBIA, HÁ DEZ ANOS, QUE ERA PREVISÍVEL QUE A ONDA DE CAOS, TERRORISMO E DESAGREGAÇÃO EM ÁFRICA VIESSE A CRESCER...
NA ALTURA FUI PRODUZINDO UMA SÉRIE DE TEXTOS SOBRE O "VALE DO CUANGO", QUE INCLUI CAFUNFO...
HÁ 38 ANOS, COMO INSTRUTOR DO
PROCESSO 105/83, CONHECI BEM MUITOS DOS TRAFICANTES DE ENTÃO E O SEU "MODUS
OPERANDI", PELO QUE PODIA AVALIAR AS TENDÊNCIAS E DESDE LOGO, APÓS A NOSSA
PRISÃO A 26 DE MARÇO DE
É EVIDENTE QUE MESMO DEPOIS DE SAVIMBI, OUTROS FENÓMENOS SE IRIAM DESENCADEAR, A PARTIR DA MESMA RAIZ E COM TODOS OS COMPONENTES DO PASSADO, INCLUINDO AQUELES QUE TANTO TÊM A VER COM LISBOA E BRUXELAS (O BRINDE ADALBERTO DA COSTA JÚNIOR)...
MJ -- Luanda, 10 de Fevereiro de 2021
IMAGEM:
O MOVIMENTO DO PROTECTORADO PORTUGUÊS LUNDA-TCHOKWE pretende não só por argumento ideológico, dividir Angola… pretende também passar à acção armada, colado a todos os factores de desestabilização que pesam sobre a África Austral, pondo em causa a paz em Angola e em toda a região!
EIS COMO EXPLICA CAFUNFO O JORNALISTA VETERANO ARTUR QUEIROZ:
A Rebelião de Cafunfo e o Massacre à Autoridade do Estado
ARTUR QUEIROZ
No final dos anos 60 altas figuras da administração colonial envolveram-se no tráfico de diamantes. O epicentro do escândalo era num triângulo com os vértices no Cuango, Cafunfo e Luremo. Fui lá como repórter, escondido no meio da carga (sacos de fuba e malas de peixe seco) de um camião conduzido por camionista meu amigo, que tinha olhos de cão, muito claros, herdados do seu pai bóer. Para entrar naquele território era necessária uma autorização da Diamang (hoje Endiama) para exibir à “polícia mimeira”. A região diamantífera da Lunda era um estado dentro do estado. Até tinha forças policiais próprias.
A reportagem nunca foi publicada, nem sequer foi à comissão de censura. Morreu nas mãos do chefe de redacção. Mas eu fiquei a saber como funcionava a kamanga. Os “correios” de diamantes entre a região e Luanda eram pagos em géneros: bicicletas, motorizadas, rádios, vestuário, calçado e algum dinheiro. A PIDE/DGS controlava os comerciantes todos. Muitos “correios” eram bufos. Dois candidatos a traficantes foram ao Cafunfo, devidamente autorizados, contactaram um comerciante (intermediário), compraram uma partida de diamantes e pagaram com dinheiro falso! O comerciante era sócio do governador, que depositou a sua parte do negócio no banco. Foi o fim.
A PIDE/DGS controlava o tráfico
com mão de ferro, mas na fronteira entre os então distritos de Malanje e Lunda.
No território da Diamang só operavam os garimpeiros que eram mortos quando a
polícia da companhia mineira os descobria. Em
A partir de 1976, as FAPLA perseguiram os traficantes da UNITA e acabou o tráfico em larga escala. Os traficantes do Galo Negro voltaram em força, quando o criminoso de guerra Jonas Savimbi rejeitou os resultados eleitorais e regressou à guerra. As regiões diamantíferas foram ocupadas militarmente e todos os dias, entre o nascer do Sol e o entardecer, dezenas de aeronaves privadas da África do Sul aterravam nas pistas da região, levantando voo carregadas de diamantes roubados. As FAA acabaram com os roubos, ao fim de dois anos. Feitas as contas, os ladrões e traficantes da UNITA roubaram aos angolanos muitos triliões de dólares!
A partir de
O problema magno de Angola, desde 1992, é a falta de autoridade do Estado em vastas zonas do país. Após ser derrotado em Luanda, na tentativa de tomada do poder pela força, o criminoso de guerra Jonas Savimbi ocupou militarmente mais de 90 por cento do país. A libertação foi morosa e custou muitas vidas humanas, além dos milhões de deslocados. Seguiu-se a fase de reposição da autoridade do Estado nas zonas libertadas, mas há regiões onde a administração do Estado ainda não tem a robustez necessária. No município do Cuango e na vila de Cafunfo, pelos vistos, há forças armadas e policiais que não permitem mais kamanga.
A UNITA dá força aos kamanguistas
do “protectorado” e anda de braço dado com a FLEC
Felizmente, as forças armadas e os agentes da Polícia Nacional destacados no triângulo Cuango, Cafunfo e Luremo conhecem a Lei Magna e combatem os que querem por palavras e acções armadas, desmembrar o território nacional. Afortunadamente, o comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, e o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, cumprem com zelo as suas funções. Porém, se forças da oposição acham que não é assim ou estão com dúvidas, têm bom remédio. Requerem uma audição dos dois, na Assembleia Nacional. E se acreditam mais nos kamanguistas do “protectorado” do que nas autoridades legítimas, propõem uma comissão de inquérito parlamentar.
O problema é que o maior partido da oposição é dirigido por um perito em acções terroristas e pensa assim. Já o criminoso de guerra Jonas Savimbi estava morto há mais de 24 horas e ele, em Roma, ainda jurava a pés juntos que o chefe estava vivo e a notícia da sua morte era mais uma invenção do Governo Angolano. Mentiroso, ressentido e envenenado pelo ódio aos vencedores (os angolanos), Adalberto da Costa Júnior alia-se a todos os que queiram destruir o Estado Angolano e o regime democrático. Na agenda política da UNITA está sempre no topo a destruição das instituições democráticas, inclusive a Assembleia Nacional, onde alguns sicários de Savimbi usufruem das mordomias dispensadas aos deputados.
Habituados às fogueiras da Jamba e à ditadura sangrenta de Savimbi, os deputados Alberto Ngalanela, Joaquim Nafoia, Domingos Oliveira, Rebeca Mwaca e Sendiangani Mbimbi resolveram fazer uma excursão ao Cafunfo.
Como têm um cartão que lhes garante livre acesso aos locais públicos, carregaram as caixas térmicas de bebidas, prepararam muita comida e partiram, acompanhados pelo novo coronavírus. Na Estrada de Catete viram uma velha de perna à mostra e dedo espetado, pedindo boleia. Era a “activista” Laura Macedo. Ia dar consolo aos kamanguistas amigos.
As autoridades não deixaram passar os excursionistas. Eles exibiram os cartões de deputados, mas ninguém se comoveu. A activista mostrou as pernas, como se fosse a Miss Lunda Norte, mas não passou. Foram informados de que a partir dali era zona interdita, porque tinha havido uma rebelião armada e enquanto durassem as operações de rescaldo, só podiam circular forças armadas e policiais. Adalberto fez um comunicado delirante onde fala de “massacres”. E na qualidade de Presidente da UNITA colocou o partido “à disposição do Estado para colaborar patrioticamente na procura de toda a verdade sobre os graves incidentes de Cafunfu”.
Pergunto: Os partidos todos não estão sempre à disposição do Estado e do regime democrático? Este palavreado traz água no bico. Em 1967, Jonas Savimbo pôs a UNITA ao serviço do Estado Português. Negócio. Perguntem ao então coronel Passos Ramos, chefe das informações militares, aos generais Bettencourt Rodrigues e Luz Cunha quanto pagaram pela oferta. Em 1975, o chefe do Galo Negro ofereceu os seus préstimos ao regime racista de Pretória e à CIA.
Além dos triliões em diamantes de
sangue roubados em Angola, perguntem a Washington e a Pretória quanto custou
essa sociedade. Em
Espero que a autoridade do Estado se imponha. Nas primeiras eleições surgiu o Fórum Democrático Angolano (FDA), criado por dissidentes do Galo Negro. Numa entrevista, o líder disse-me que o líder da UNITA e a sua direcção cometeram tantos crimes, fizeram tanta maldade, que a organização estava cheia de lixo infecto. O ideal era a extinção. Algo impossível, porque um dos signatários do Acordo de Bicesse não podia ser excluído das eleições. É esse o pecado original.
Angola vai ter sempre um partido que apoia “protectorados” e “simulambucos”, que odeia a democracia em nome da democracia, que arranja escudos humanos para golpear a autoridade do Estado e depois chora a morte dos que atirou para a morte. Por muitos anos que passem, na direcção da UNITA estarão sempre os herdeiros e seguidores políticos do criminoso de guerra Jonas Savimbi. E isto é muito pior do que a crise financeira mundial, o preço rastejante do barril de petróleo, o coronavírus e a corrupção. Quem tem coragem para extirpar este cancro altamente maligno que começou em 1968 com a traição à luta armada de libertação nacional e ainda se mantém, exactamente nos mesmos moldes?
Jonas Savimbi, em 1992 abandonou Luanda após as eleições e foi para o Huambo, onde mandou Abel Chivukuvuku ameaçar que se fossem publicados os resultados eleitorais, a UNITA punha Angola a ferro e fogo. Dirigentes de pequenos partidos e políticos “independentes” (como Laura Macedo) foram ao beija mão do chefe do Galo Negro, no Huambo. Um deles chama-se Justino Pinto de Andrade, um velho tonto que não aprendeu a envelhecer e está convencido de que é o único político angolano com perfil para Presidente da República, é ele. Um pobre diabrete.
Sobre a rebelião armada de Cafunfo (eu confio na versão das autoridades do meu país) ele garante que houve um massacre. Mas em entrevista a um órgão de informação dos seus donos, Justino diz isto: "Devia-se exigir das mais altas instâncias internacionais um inquérito rigoroso, feito por pessoas sérias, para nós tomarmos conhecimento de tudo quanto aconteceu, penalizar essas pessoas que cometeram aquele crime e os responsáveis políticos". Perceberam? Quer um inquérito da ONU ou mais. Mas o pobre sátiro garante que foram cometidos massacres e exige a penalização dos autores, mais dos responsáveis políticos.
Ele já fez o inquérito! Este sábio começou no MPLA e agora está na UNITA B (CASA-CE). Anseia pelo regresso de Abel Chivukuvuku à liderança! Tudo lhe serve para atacar a autoridade do Estado e o regime democrático. Felizmente, não há muitos assim, novos ou velhos em estado de podridão moral.
NOTA:
BRINDE – Brigada de Defesa do Estado, segundo a UNITA; era um órgão dos seus serviços de inteligência e contrainteligência do qual fazia parte o actual Presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior.
O termo vem mesmo a propósito:
. Por um lado devido às heranças históricas coloniais e suas sequelas (a UNITA sempre esteve “do lado errado da história”);
Por outro, quando com todo o sentido de oportunidade que o império da hegemonia unipolar masnifesta nas suas práticas de conspiração, significa a trasladação duma “revolução colorida” ou “primavera árabe”, a partir de suportes na União Europeia, coligidos desde o passado e dispostos para o presente momento em Angola e na regiãos Austral e Central do Continente Africano...
O MOVIMENTO DO PROTECTORADO PORTUGUÊS LUNDA-TCHOKWE, a UNITA e outras “apensas” sensibilidades, entre elas as de grupos de activistas disseminados em Angola segundo a cartilha de Gene Sharp, são efectivamente “BRINDES QUE A EUROPA NOS DÁ”, comprovando a sua vassalagem e a sua perfídia histórica de natureza antropológica e sociopolítica eminentemente anglo-saxónica!
IMAGEM: - Mais de metade de Angola é o que reclama a rebelião armada que tem suporte no etno-nacionalismo da UNITA e de outras sensibilidades que estão contra a Constituição de 2010 de Angola, que considera o território nacional uno e indivisível, de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste!
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