Analista diz que ação terrorista em Palma, Cabo Delgado, na quarta-feira (24.03), pode ser um "sinal" para o Governo que tinha anunciado "progressos" na província. Autoridades garantem estar no encalço do inimigo.
O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional, Omar Saranga, confirmou esta quinta-feira (25.03) que homens armados de um alegado grupo jihadista atacaram a vila sede do distrito de Palma às 16 horas e 15 minutos de quarta-feira (24.03).
"Os terroristas atacaram a vila de Palma em três direções no cruzamento de Pundanhara-Manguna, via Nhica do Rovuma e no aeródromo, obrigando a população residente a abandonar a vila e a refugiar-se na mata, não havendo, até ao momento, informação sobre vítimas humanas ou danos causados", referiu.
Governo pede à população para colaborar
A vila está incomunicável telefonicamente. Segundo Omar Saranga, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão no terreno para tentar repor a ordem. "Estão a perseguir o movimento do inimigo e trabalham incansavelmente para restabelecer a segurança e ordem com a maior rapidez", garantiu.
A mesma fonte do Ministério da Defesa Nacional apelou à população para se manter vigilante e serena enquanto procura locais seguros. Omar Saranga pediu ainda aos populares para continuarem a colaborar com as autoridades, denunciando os atacantes.
"As Forças de Defesa e Segurança tudo farão para garantir a segurança e o bem-estar das populações contra os atos desumanos perpetrados pelos terroristas, ao mesmo tempo que continuam a garantir a proteção dos projetos económicos, salvaguardar os direitos humanos em estrita observância das leis nacionais relevantes e do direito internacional humanitário", asseverou.
Um "sinal" para o Governo
Para o analista Dércio Alfazema,
este ataque contraria o ambiente de aparente serenidade que se vivia nos
últimos tempos
De acordo com o especialista, o ataque acontece num momento em que se registam ações concretas como a nomeação de um comandante militar baseado na região, a oferta de alguns países para o treinamento especializado das forças governamentais e o anúncio da multinacional petrolífera Total que iria reiniciar as suas operações em Palma.
"Pode ser um sinal dos terroristas para dizer que eles ainda estão presentes e o assunto ainda não acabou, ou seja, que as FDS ainda não têm o total controlo da situação", comenta Dércio Alfazema.
Para o analista, este ataque em Palma "reforça a necessidade de urgentemente [de as FDS] coordenarem ações com vista ao fim desta situação, de modo a restabelecer a ordem e a tranquilidade naquela região, sob o risco de tornarem os projetos um pouco mais instáveis, e não trazerem os resultados que estamos todos à espera", concluiu.
Os ataques armados
Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle
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