Alguns países africanos suspenderam o plano de vacinação contra a Covid-19 com a AstraZeneca devido a alegados efeitos colaterais. Imunizante está a ser distribuído pela iniciativa de vacinação global Covax.
A maioria dos países de África baseou o plano de imunização em massa com a vacina da parceria entre a empresa AstraZeneca e a Universidade de Oxford (AstraZeneca). O imunizante está a ser distribuída ao abrigo da iniciativa de vacinação global Covax, mas o receio sobre os efeitos da vacina está instalado em vários países.
O ceticismo sobre a AstraZeneca espalha-se em nível global. Na Europa, vários países, incluindo a Alemanha, anunciaram a suspensão temporária da administração da vacina na sequência de relatos de efeitos colaterais - como formação de coágulos no sangue e mortes.
Apesar das dúvidas, a Agência Europeia de Medicamentos garante que os benefícios da vacina superam os riscos. O Gabinete da Organização Mundial da Saúde para África segue a posição europeia de que não há evidências que comprovem a ineficácia da vacina da AstraZeneca.
Para a secção africana da OMS, "a vacina pode continuar a ser administrada enquanto a investigação sobre a formação de coágulos sanguíneos continua".
De acordo com os números da OMS, mais de catorze milhões de doses de vacinas já foram entregues em África. Cerca de 736 mil foram já administradas.
Reação dos governos africanos
A República Democrática do Congo, que ainda não iniciou a sua campanha de vacinação, mas foi o primeiro país a conter o uso da AstraZeneca/Oxford.
"Estamos à espera da conclusão da investigação que está a ser feita pelos europeus e pelo nosso comité científico para tomarmos a decisão final, talvez dentro de duas ou três semanas", disse o ministro da Saúde, Eteni Longondo.
Cabo Verde seguiu o mesmo caminho. O Ministério da Saúde fez saber que a vacinação arrancará no dia planeado, esta sexta-feira (19.03). "Por precaução", entretanto, apenas com vacinas da parceria entre as empresas Pfizer e BioNTech, enquanto são aguardados esclarecimentos sobre a segurança das da AstraZeneca.
Nos Camarões, onde ainda não chegou o primeiro lote de vacinas, a decisão é a mesma. "O conselho científico sugere que não utilizemos esta vacina até que as investigações preliminares estejam concluídas. Receberemos as doses planeadas, mas mantê-las-emos até que as diretrizes sejam claras", esclareceu o ministro da Sáude camaronês, Manaouda Malachie.
Por seu lado, a Etiópia fez saber que - a menos que sejam encontradas provas concretas de riscos para a saúde - vai continuar a distribuir a vacina. O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, também apelou ontem ao povo aderir à vacinação "sem hesitação".
Combate ao ceticismo
O anúncio da suspensão da AstraZeneca em cada vez mais países surge numa altura em que países africanos - como Costa do Marfim, Togo, e mais recentemente, a Somália - já iniciaram as suas campanhas de vacinação.
Para combater o ceticismo da população nesses países, por exemplo, membros do Governo foram os primeiros a serem vacinados. Sika Gnagniko, coordenadora da Togocheck, uma plataforma togolesa de verificação de notícias, avalia que as suspensões da AstraZeneca reforça os rumores sobre a eficácia da vacina.
"Mesmo em relação aos membros do Governo que foram vacinados, circulavam mensagens que diziam que era um evento encenado, que queriam enganar a população togolesa", lamenta Gnagniko.
Deutsche Welle | Reliou Koubakin, rl, com agências
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