quinta-feira, 4 de março de 2021

Portugal de Entre-os-Rios e da culpa que morreu solteira, mais uma vez...

No Expresso, por Tiago Soares, o relembrar da tragédia de Entre-os-Rios. Uma ponte que caiu e levou um avultado grupo daquela região nortenha para a morte. Não se apuraram responsabilidades, por conseguinte não foram apontados responsáveis. Prevaleceu a impunidade. Um ministro do pelouro das Obras Públicas falou em que a “culpa não morrerá solteira”, aplacando a indignação nacional, mas isso deu em nada. Como quase sempre, ou sempre. A dita “farinha do mesmo saco” sobresaiu. 

“Cão grande não morde a cão grande”, diz a plebe. Verdade que não. Sempre foi assim. Sempre assim será. E assim será enquanto as populações, o povo, os eleitores, os portugueses, forem “carneirinhos” que balem e aquiescem, também se esquecendo das suas responsabilidades, enquanto povo, de exigir justiça… Mas qual quê. O rebanho lá vai balindo de vez em quando e permite que na atualidade uns quantos “iluminados”, uns descarados, uns intrujões de canudo (talvez conseguidos imerecidamente por via de trapaças e amiguismos) prometam e não cumpram, gozando da maior impunidade que possamos imaginar. Assim foi na tragédia de Entre-os-Rios como noutras tragédias. Assim é com as negociatas obscuras e as corrupções aqui e ali. Assim é com os roubos de bancos e banqueiros, assim é por via da podridão de tantas das mentes que nos governam e dirigem nesta pseudo-democracia. Todos parecem esquecer-se que sem Justiça não existe democracia. É o que temos quotidianamente, subjugados aos poderosos, aos oportunistas e aos que abundam nas ilhargas desses. Afinal, o que parece é que temos aquilo que merecemos, como os carneiros que balem-balem mas não fazem nada em defesa do país democrático e de nós próprios. Devemos exigir a nós próprios que sejamos exigentes coletivamente, mas isso…

Do Expresso, leiam a seguir. Usem e meditem sobre o que se segue. Meditem no grande nada das responsabilidades que não foram apuradas e causaram a tragédia. Afinal irresponsabilidade coletiva. Meditem na impunidade das ditas elites políticas e económicas. Pelo menos essas.

Mário Motta | Redação PG

Como é que se mostra a morte e o sofrimento em direto? O que as câmaras (não) viram sobre a tragédia de Entre-os-Rios, 20 anos depois

Os familiares das vítimas garantem que os jornalistas não foram "abutres" ou "selvagens" nas semanas que se seguiram à queda da ponte, mas sim aliados na pressão ao poder político. Isso não invalida que tenham ficado demasiado tempo no local - e com isso perturbaram o luto de quem só queria "esquecer". A tristeza de Entre-os-Rios aconteceu quando a informação portuguesa estava a mudar: o conceito de direto em televisão era novo, ninguém estava preparado para algo daquela dimensão, foram tidos cuidados mas cometidos erros.

"Lembro-me do silêncio e do frio. Junto à água estava muito frio e um silêncio pesadíssimo, durante muitas horas.” Por volta das 3h da manhã do dia 5 de março de 2001, Paula Santos saiu da redação da SIC em Carnaxide, Lisboa, em direção ao local onde horas antes tinha caído a ponte de Entre-os-Rios. “Chegámos lá ao nascer do dia, pelas 7h da manhã. Inicialmente o sítio estava deserto, e depois a população começou a juntar-se. Vinham fazer perguntas mas não se aproximavam muito. No fundo estavam lá para acreditar. 

Leia mais, continue.

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