domingo, 23 de maio de 2021

A PROPAGANDA AVASSALADA DO 27 DE MAIO DE 1977 CONTRA ANGOLA

Martinho Júnior, Luanda

ALGUMAS ANALOGIAS E BALANÇOS COMPARATIVOS NECESSÁRIOS

UMAS POUCAS LIÇÕES A TIRAR

O balanço do conhecimento por analogia, do tratamento dado pelo espectro criador de audiências em Portugal em relação a dois fenómenos que afectaram em Angola o MPLA e a Unita, é sintomático e revelador dos interesses e conveniências da democracia burguesa à portuguesa, segundo as filtragens de relacionamento bilateral feitas pelo “arco de governação”:

. Por um lado é manifesto o vigor e a continuidade da “transversal” propaganda veladamente consentida em Portugal, em nome da “liberdade da imprensa”, em relação ao golpe do 27 de Maio de 1977 contra o poder de estado da República Popular de Angola, cerca de ano e meio anos depois da sua proclamação (que perdura até nossos dias);

. Por outro lado é evidente a relativa indiferença ou inibição da comunicação pública em relação ao episódio da “queima das bruxas” na Jamba por iniciativa directa de Savimbi, mesmo quando a jornalista e membro da Unita de nome Bela Malaquias expôs os terríveis acontecimentos em livro, sob o título “Heroínas da dignidade” (acontecimento que jamais foi tratado enquanto propaganda continuada e intensa).

A radiografia que esse balanço implica, denota em jeito de apreciações e conclusões que, mesmo depois do 31 de Maio de 1991 em Bicesse, (que impôs o fim da República Popular de Angola, o fim do Partido do Trabalho, o fim das FAPLA e a justificação para as profundas alterações na Segurança do Estado registadas em preparação 5 anos antes de Bicesse), a República de Angola (por tabela o Movimento de Libertação em África) continuava a ser um alvo a abater (e para isso era oportuno manter ou até intensificar a campanha de propaganda fraccionista dirigida contra o estado angolano, “os do interior contra os que vieram do exterior e das matas”, conforme Juca Valentim o ideólogo do fraccionismo tão esquecido pelos próprios, qualquer que fosse o seu carácter e tendo em conta as vitórias eleitorais do MPLA) e a Unita era um “parceiro a salvar”, numa base de saudosismo colonial próprio dum marcelista ao dispôr e “bom branco”, de fluidez etno-nacionalista e numa profunda identidade de interesses, conveniências e até funcionalidades.

Quer dizer, em termos de actividades de inteligência:

. Se o MPLA continuava a ser uma instituição sociopolítica onde era muito mais difícil fazer recrutamento na profundidade da superestrutura ideológica e por isso urge abater, ou tentar formatar de acordo com as conveniências (lá diz o ditado – “água mole em pedra dura, tanto dá, até que fura”);

. A Unita era receptiva historicamente a esse tipo de recrutamentos, sob a capa aviltada de “emparceiramentos” e “jogos africanos”, sobretudo nos propósitos devotados da superestrutura ideológica redundantes do Exercício Alcora, onde a Unita tinha sua inscrição desde logo por via da Operação Madeira (reaproveitando-o); os Brinde (serviços de segurança da Unita) no exterior, até podiam ser agentes dos serviços da informação militar à portuguesa.

- Até que ponto isso é sentido nas clivagens expostas em todas as intervenções no Parlamento angolano e até que ponto está com eles e à volta deles criado o pântano da “democracia representativa” em Angola depois de Bicesse e quando o neoliberalismo teve a sua oportunidade por via do choque entre 1992 e 2002 e por via da terapia desde então?

- Até que ponto se fazem sentir as ingerências e as manipulações através dos mais diversos “canais portugueses”, os abertos e os secretos, com o tipo de apêndices que década a década têm sido assim cultivados, quando passou a haver um incremento nesse sentido em função do próprio Acordo de Bicesse?

- Até que ponto tudo isso justificou a marginalização, desde Março de 1986, dos que estiveram nos caboucos da independência, da RPA, do Partido do Trabalho e da formação da própria Segurança do Estado?

- Até que ponto os serviços de inteligência militares portugueses, que não baniram a PIDE/DGS em África (antes integraram muitos dos seus quadros, métodos e “modus operandi”), detêm linhas de penetração, em estreita vassalagem aos propósitos do “hegemon”, da NATO e por tabela do Africom, sensibilidades sociopolíticas angolanas adentro?

- Até que ponto, em nome da “democracia representativa multipartidária”, estão sentadas nas bancadas do próprio Parlamento angolano, entidades que foram autoras materiais ou cúmplices da “queima das bruxas” ordenada pelo psicopata Savimbi nas suas próprias fileiras?

Depois de tantos episódios que espelham o contínuo espaço de manobra consentido a partir do exterior para dentro de Angola, aos mais diversos etno-nacionalismos, sabendo que eles são de tal modo intensos que o “hegemon” até dispensa os “bons ofícios” da aplicação das teorias que alimentam as “revoluções coloridas”, ou as “primaveras árabes” de outras paragens, é um providencial ditado basco que nos socorre: “não creio em bruxas, mas que as há, sem dúvida que há”!

O jornalista-veterano Artur Queiroz produziu matéria jornalística sobre a “queima das bruxas na Jamba”, que se junta, lembrando para os de perversa memória que jamais houve em Portugal uma propaganda continuada e intensa sobre esse “fenómeno” premeditado, proactivo e não reactivo, como a que tem havido até hoje em relação às contramedidas reactivas que neutralizaram o golpe de estado sangrento do 27 de Maio de 1977 contra o poder da então RPA, (propaganda que se distende até hoje), inclusive em meios de comunicação pública como o Esquerda Net, duma leitura “CIAtica” ao jeito dos “bons profissionais” duma qualquer praça Maidan

Martinho Júnior -- Luanda, 20 de Maio de 2021

Imagens:

. "Ainda hoje tenho pesadelos com este horror" – Dalila Cabrita Mateus –  No dia 27 de maio de 1977, começou um dos períodos mais macabros de Angola. Neste dia houve manifestações em Luanda a favor de Nito Alves. A seguir, milhares de angolanos foram torturados e assassinados. Primeira parte da entrevista da Deutsche Welle a Dalila Mateus. – https://www.esquerda.net/dossier/ainda-hoje-tenho-pesadelos-com-este-horror/48625;

. “Sobrevivente do 27 de Maio lança livro” – Lançamento de “Angola – o 27 de Maio – Memórias de um Sobrevivente”, de José Reis, será no sábado, dia 27, na casa de Goa, às 17 horas. –  https://www.esquerda.net/dossier/sobrevivente-do-27-de-maio-lanca-livro/48805;

. “Protagonistas do 27 de maio” – “Os vencedores e os vencidos” – Veja aqui quem foram os principais protagonistas do golpe de 27 de maio, do lado dos vencedores e dos vencidos. – https://www.esquerda.net/dossier/protagonistas-do-27-de-maio/48793;

(3 imagens recolhidas do “dossier 270, o 27 de Maio em Angola” – https://www.esquerda.net/topics/dossier-270-o-27-de-maio-de-1977-em-angola);

. Angola Fala Só - Bela Malaquias: "Na Jamba ninguém defendia ninguém" – VOA – "Eu decidi escrever um livro no momento em que assisti à queima das bruxas", disse Malaquias, que descreveu esse evento de 7 de Setembro na Jamba com detalhes e nomes: "A Jamba era o quartel-general. Nesse dia chamaram as pessoas para a parada e antes dessa chamada Savimbi e a sua direcção, os seus colegas, tiveram uma reunião prévia, para definirem ou para ele anunciar o que se havia na parada..." Bela Malaquias, falou pausadamente, num exercício de regresso a um passado doloroso. – https://www.voaportugues.com/a/angola-fala-s%C3%B3---bela-malaquias-na-jamba-ningu%C3%A9m-defendia-ningu%C3%A9m-/5240274.html;

. Heroínas da Dignidade: Memórias de guerra, um invulgar testemunho de um feminicídio e da desmistificação da figura idolatrada de Jonas Savimbi (Portuguese Edition) (Portuguese) – O presente livro narra uma dura realidade diária, sob várias vertentes, apresenta um discurso limpo, simples, faz a descrição de factos e actos, numa linguagem directa, sem metafísica e acrescentos de dor. Retrata de forma clarividente, desnuda, em boa parte, a complexa personalidade de Jonas Savimbi, bem como as várias situações-limite que se multiplicaram num quotidiano de anos a fio, em círculos viciosos que se sucedem em série, muitos sem saída e, sobretudo, desumanos. A autora tem o cuidado de prestar uma “Homenagem de Dignidade” através do registo escrito dos nomes das muitas vítimas, maioritariamente femininas, que viveram num “Tempo inumano, tempo esse onde nada se constrói” e muito se destrói. Esta próxima leitura deste livro, pressupõe algumas pausas para reflexão e deciframento pessoal. Resta saber qual será a sua reacção enquanto leitor. Será que manteremos a “indiferença pós-moderna”, em que a nossa memória perde força de acção, perante este quadro de horror de feminícidio? ......Uma ditadura é a formação de um estado em que todos têm medo de um, e cada um tem medo de todos. Claramente, é o despotismo que perpetua a ignorância, e essa mesma ignorância perpetua o despotismo. Um bom retrato está num trecho do livro, “O último voo do flamingo” de Mia Couto, e diz o seguinte: “Uns sabem e não acreditam. Esses não chegam nunca a ver. Outros não sabem e acreditam. Esses não vêem mais do que um cego”...... Sem estas memórias do passado, sejam regionais, ou locais, ou do mundo, e sem as responsabilidades de concretizar o futuro (não é sonhar...), o momento do presente pode ser concretizado num vazio de inacção. Como referiu, Nelson Mandela, num discurso em 2005 no seu país: “Por vezes cabe a uma geração ser grande. Podeis ser essa grande geração. Deixai a vossa grandeza florescer”...In “Prefácio” – https://www.amazon.com/Hero%C3%ADnas-Dignidade-testemunho-feminic%C3%ADdio-desmistifica%C3%A7%C3%A3o/dp/9899947180.

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Memória de Elites Femininas Queimadas Vivas

Artur Queiroz, Luanda

No início dos anos 70 Angola era uma colónia e o ensino de todos os graus estava formatado por essa circunstância. O ensino superior existia há alguns anos. No Huambo tinham sido licenciados os primeiros veterinários e engenheiros agrónomos/silvicultores. Floresciam o Instituto de Investigação Agronómica e o de Veterinária. O engenheiro Marcelino, cientista que deu alma à ciência no Planalto Central, foi assassinado à porta de casa, a mando de Jonas Savimbi.

O ensino médio no Huambo evoluiu desde 1961 e o liceu mais a escola comercial e industrial formavam dezenas de jovens, anualmente. As escolas técnicas em cinco anos preparavam profissionais (comércio, mecânica, serralharia, laboratórios, electricidade, desenho industrial, pintura decorativa) aptos a entrar no mercado de trabalho. O curso geral do liceu também durava cinco anos. Quem fazia o “quinto ano” tinha um diploma e um passaporte para o curso complementar (sexto e sétimo ano) que dava acesso directo ao ensino superior.

Em 1974, uns dias depois do 25 de Abril, a UNITA apareceu em força no Planalto Central e particularmente na cidade do Huambo, então Nova Lisboa. Os serviços secretos militares portugueses apresentavam a organização como o “movimento dos brancos” e Jonas Savimbi o “muata da paz”, porque encenou a assinatura de um “cessar-fogo”, com o coronel Passos Ramos, chefe das informações militares na então Zona Militar Leste.

No ensino superior, a UNITA teve pouco sucesso. Mas no ensino secundário, houve uma adesão importante dos estudantes. Também mobilizou jovens que cumpriam o serviço militar obrigatório, sobretudo os que frequentavam o curso de sargentos milicianos. Os oficiais milicianos foram quase na totalidade para o MPLA. Neste quadro, uma jovem que na colónia de Angola, em 1974, concluía o curso geral do liceu (quinto ano) ou tinha concluído um curso nas escolas técnicas (comerciais e industriais), era muito, mesmo muito, acima da média. E fazia parte de uma minoria selecta.

Abílio Kamalata Numa mandou uma mensagem aos jovens da UNITA onde os convida à “acção revigorante” e imitarem o seu percurso, quando se tornou cunhado de Jonas Savimbi: “Depois disso foi um disparar na subida como dirigente do partido e comandante das FALA. Cheguei a membro do bureau político no tempo do presidente fundador. Cheguei a Cabo de Guerra, Comandante Quadro (Clube restrito de apenas cinco generais da UNITA) e General de Exército pelas FALA”.

Claro que não inclui no seu currículo o papel de matador às ordens do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Dirigentes do Galo Negro e mulheres que ele tornou suas escravas sexuais foram mortos pelo cunhado às ordens. Que agora manda os jovens da UNITA para as matas!

Um tal Chipindo Bonga diz aos jovens do Galo Negro que “a UNITA tem uma inteligência que não lhe permite o capitulacionismo”. E afirma: “Os valores e os princípios fundamentais de uma comunidade social e política como é a UNITA, precisam de ser estudados, compreendidos e praticados pelos quadros e militantes (...) O debate contraditório estruturado proclamado pelo Dr. Savimbi oferece vários ângulos políticos, sociais, económicos, filosóficos de abordagem.” Por fim, citou o criminoso de guerra Jonas Savimbi: “Os quadros devem elevar-se constantemente acima da intriga, do desencorajamento e da vingança pessoal”.

Jonas Savimbi foi estudar para Portugal quando concluiu o quinto ano do liceu. Em Lisboa, no primeiro ano lectivo, fez apenas uma cadeira do sexto ano: Organização Política e Administrativa da Nação (OPAN). Nada mais consta. Ninguém sabe onde ele concluiu o ensino secundário e muito menos onde se licenciou. Portanto, oficial e documentalmente, tem o quinto ano. Leiam o que diz a Dra. Bela Malaquias sobre a situação das mulheres da UNITA que tinham as mesmas habilitações literárias do líder do Galo Negro: “Essas eram o alvo preferencial de Jonas Savimbi (escravas sexuais). A maior parte, ou mesmo todas as mulheres que foram queimadas vivas na Jamba, eram formadas. Os dirigentes da UNITA em geral, diziam à boca cheia que “agora é a nossa vez de usar as mulheres do quinto ano”.

E o que testemunhou ela, naquele dia fatídico, quando mulheres que faziam parte das elites angolanas, foram queimadas vivas? Resposta: “Antes de queimarem aquelas mulheres militantes, houve uma reunião prévia, no jango, entre os dirigentes do partido e Jonas Savimbi. Saíram da reunião para a parada e começaram a queimar as pessoas vivas”.

Bela Malaquias, diga, foi elaborada uma lista prévia das vítimas? A testemunha ocular desses crimes hediondos responde: “Não foi elaborada uma lista. Partia tudo da cabeça de Jonas Savimbi. Ele próprio é que determinava que fulano, sicrano e beltrano deviam morrer. Fez o mesmo com aquelas mulheres”.

Não quero tirar o sono a ninguém, mas a eliminação das elites femininas que aderiram à UNITA em 1974, teve a conivência de todos os dirigentes da organização. De todos os apoiantes internacionais. E de todos os angolanos que hoje se remetem ao silêncio. Uns porque acham que a maka é entre os da UNITA, outros porque entendem que as mulheres reduzidas à condição de escravas sexuais de Savimbi estavam mesmo a pedir a fogueira, outros ainda porque acham que aquelas mulheres não tinham nada que estudar e concluir um curso médio, numa colónia onde o analfabetismo era rei e não tinha cor.

É hora de o Povo Angolano render uma homenagem nacional a essas vítimas dos agentes do colonialismo e do regime racista da África do Sul. Todas aquelas mulheres (elites angolanas) eram nossas mães, nossas irmãs, nossas companheiras. A Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, que também superou a discriminação e o analfabetismo reinante no colonialismo, tem uma palavra justa e solidária a dizer.

Bela Malaquias, por que razão ninguém na Jamba se opôs a esses crimes? Resposta: “As pessoas viviam debaixo do medo, tinham muito medo e sabiam que se mexessem uma palha seriam fuziladas. Como ninguém quis ser fuzilado em defesa da sua mãe, esposa, irmão ou filho consentiam e temiam. Há pessoas que andam por Luanda e que viram filhos de tenra idade serem fuzilados, mas o pai continua fanático da UNITA. Quer dizer que se trata de uma situação que, para aquelas pessoas que têm sensibilidade, não tem explicação. Mas para um psicopata não precisa de explicação.” É isso, também queimaram e fuzilaram crianças!

Por que fuzilaram Jorge Sangumba, um dos mais respeitados intelectuais da UNITA? “Ele estava nos EUA e foi convocado para a Jamba por qualquer razão que desconheço, mas terminou acusado de participar num golpe contra Savimbi. Sangumba foi morto, porque era benquisto, tinha proeminência, era um intelectual de fina fibra e essas qualidades faziam confusão a Savimbi. Se virmos bem, todas as pessoas fuziladas por Savimbi tinham estatuto social, intelectual ou militar de alto gabarito”.

Houve alguma tentativa de golpe contra Savimbi? Bela Malaquias responde: “Na Jamba, nunca houve nada. Aconteceu uma cena caricata envolvendo mulheres, entre elas Eunice Sapassa, fundadora da LIMA, e minha irmã Tita, na altura em que Savimbi a assediava. Foram para a parada escoltadas por militares. Jonas Savimbi apresentou-as como pessoas que estavam a fazer um golpe para o derrubar. Tudo isso para instigar a tropa contra as mulheres. Era impossível fazer um golpe, porque ninguém tinha tropas do seu lado.”

Bela Malaquias, fale de Eunice Sapassa, que foi líder da Liga Feminina da UNITA (LIMA)! Resposta: “Eunice Sapassa, foi presidente da LIMA, trabalhou e deu o seu melhor pela organização. A minha indignação radica no facto de ver hoje pessoas que falam de direitos humanos e da valorização das mulheres, sem que sejam capazes de abertamente dizer que na Jamba foi assassinada uma mulher da estirpe de Eunice Sapassa.”

O que era a BRINDE? Bela Malaquias responde: “Era a polícia secreta e tinha escalões. Uns instruíam outros, havia os que não eram propriamente membros da brigada como a URIAL (destacamento da JURA, no seio da BRINDE), uma coisa medonha, formada por elementos que chegavam a denunciar os pais. Todos vigiavam todos e depois havia aquela situação em que quem denunciasse mais, mais isento de perseguição estaria, mais nas graças de Savimbi ficava e mais privilégios podia ter”.

Quem era Samuel Epalanga, o chefe da BRINDE? Resposta de Bela Malaquias: “Era meu primo, já faleceu. Sendo pessoa próxima, é difícil caracterizá-lo, porque gosto de ser isenta. A BRINDE matava, fazia e desfazia e ele era o chefe daquela organização. Mas tudo quanto sei, enquanto chefe da BRINDE, Samuel Epalanga não tomava nenhuma medida sem a chancela de Savimbi.”

Este é o retrato, muito favorecido, do partido UNITA que lidera a Oposição em Angola. Adalberto da Costa Júnior, Abílio Camalata Numa e o desempregado da política Abel Chivukuvuku foram tirar cursos a Marrocos para se tornarem “oficiais” da BRINDE. E como eles se distinguiram na tortura, nos fuzilamentos e nas fogueiras da Jamba! Alternância democrática com assassinos e torturadores, só se for na Terra do Nunca. Em Angola, nunca mais!

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