Os consumidores acusam os comerciantes de especulação de preços. Mas os comerciantes dizem que os aumentos se devem aos impostos e aos preços dos produtos importados.
Desde finais de março que os preços de vários produtos de primeira necessidade não param de subir. O arroz - a base alimentar dos guineenses – não foi afetado. Mas um saco de 50kg de açúcar, que custava 19 mil francos CFA (menos de 30 euros), é vendido agora por 34 euros. Uma "garrafinha" de maionese que antes custava 500 francos CFA (76 cêntimos de euro) é vendida agora a 600 francos CFA (quase um euro).
"Há muitas dificuldades de compra, porque precisamos de ingredientes e isso passou a ser mais caro no mercado", lamenta uma cidadã ouvida pela DW África em Bissau. "No momento, economicamente, não estamos bem no país, então essa subida de preço dos produtos no mercado não nos vai ajudar", afirma outra cidadã.
"O preço dos produtos sobe e nunca mais desce", diz um cidadão num dos mercados da capital. "Quero que o Governo se preocupe com essa situação, porque não é de agora."
Os consumidores culpam os comerciantes pelos preços "exagerados". Falam inclusive em "especulação". Mas o presidente da Associação dos Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau, Aliu Seide, afirma que as subidas dos preços não são culpa dos comerciantes.
"Nós dependemos dos
importadores que nos fornecem mercadorias", comenta Seide. "Temos
problemas com o preço do ovo e do óleo, porque subiu o preço do óleo importado
de Portugal e do Dubai. O óleo de
A Guiné-Bissau depende fortemente do estrangeiro para ter acesso a produtos básicos. Sem operadores de transformação dos produtos locais, os bens de primeira necessidade são importados de Portugal, do Dubai ou dos vizinhos Senegal, Gâmbia e Guiné-Conacri.
Especulação de preços
À DW África, o inspetor-geral do Comércio, Lucas Na Sanhá, diz que não encontra "razões fortes" para o aumento dos preços dos produtos nos mercados: "Houve acréscimos de alguns impostos e taxas no Orçamento Geral do Estado de 2021, mas isto é muito insignificante, porque nem todos os produtos foram acrescidos em termos de taxas e impostos", esclarece.
Lucas Na Sanhá afirma que há um plano em execução para garantir que não haja especulação de preços.
"Diariamente, colocamos inspetores em diferentes mercados de Bissau e nas regiões, através das orientações que nós temos aqui, tendo aquilo que chamamos de Plano de Operação do Mercado. É um plano que nós fizemos para poder desmantelar essa rede de especulação de preços sem justificativo", conclui.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle
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