Milhares de crianças ficaram sem
casa e sem família nos ataques terroristas
Os raptos de crianças por terroristas na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, estão a preocupar analistas de vários quadrantes, sobretudo numa altura em que o número de deslocados continua a aumentar na região.
No Dia Mundial da Criança, que se assinala esta terça-feira, 1 de junho, o tema das crianças-soldado ecoou num webinário sobre "Insegurança militar e futuro do gás", em Maputo.
"Vejo com muita preocupação o rapto e o endoutrinamento na leitura e na interpretação do Alcorão e, por outro lado, a instrumentalização militar dessas crianças. Nós sabemos de guerras em Moçambique e vimos na Serra Leoa e na Libéria o quão terrível foi a utilização de crianças-soldado, a instrumentalização na brutalidade que é a guerra", alerta o jornalista Fernando Lima.
Para este profissional da
comunicação, é preciso ir além da luta militar contra os terroristas e
pedir apoio às confissões religiosas para alcançar a paz
"Pode ser muito importante
na compreensão do fenómeno da violência
Impacto no crescimento económico
Por causa do aumento da insurgência armada naquela província nortenha, a petrolífera francesa Total interrompeu por tempo indeterminado os seus trabalhos na região.
Inocência Mapisse, investigadora do Centro de Integridade Pública (CIP), não tem dúvidas de que a violência também afetará o braço empresarial do Estado moçambicano, sendo que Empresa de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH) será uma das mais prejudicadas.
"No âmbito da angariação de financiamento para garantir a sua participação, não apenas no projeto da Área 1, que já estava a acontecer, mas nos outros projetos, tendo em conta os outros modelos estabelecidos de participação do Estado", indica.
A economista diz que, por causa
da violência
"Estes projetos todos,
embora tenham esse potencial de contribuir para as receitas fiscais, neste
momento estão a experimentar este choque que advém não apenas da pandemia de
Covid-19, que é uma situação global, mas também da situação dos ataques armados
Para o jornalista Fernando Lima, a sociedade moçambicana está confusa, pois não sabe "quem quer o quê" neste conflito.
"Estas questões não estão claras e, por baixo da mesa, muitas vezes se argumenta que este é um problema que faz com que a frente militar, numa agenda estritamente moçambicana, tenha os seus próprios obstáculos", adverte.
Romeu da Silva (Maputo)
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