quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Angola | Moody's reconhece “governação corajosa”

A agência de notação financeira Moody's reconhece uma "governação corajosa" e "não eleitoralista" ao manter a perspectiva estável da nota de risco do país, significando maior capacidade de atracção de investimento e de endividamento externo, atribuindo a classificação anual de Caa1 para B3.

Esta é a opinião do economista e docente universitário Rui de Sousa Malaquias, segundo quem, num contexto económico nacional e internacional difícil, o Governo está a tomar medidas impopulares, para que mais tarde a economia entre nos eixos.

De acordo com o economista, que comentava, ontem, o parecer da agência, isso é de reconhecer, porque a Moody's sabe que se avizinham eleições em 2022 e as reformas são duras quando estão a ser implementadas e levam tempo até produzir efeitos.

"Esta melhoria da classificação do Rating de Angola por parte da Moody's vem de facto sustentar o que se tem dito de que o Governo angolano está a ser corajoso e a mostrar não ser eleitoralista nem populista. O que mostra é que se está a ser um Governo fora do normal e esse reconhecimento da Moody's e de outros vem atestar o reconhecimento aos esforços em curso. É de louvar esta situação e esperamos que Angola não se fique pelos elogios, mas continue a fazer as reformas para que daqui há mais uns meses os efeitos possam ser visíveis e sentidos nos bolsos das pessoas”, indicou o economista.

Avaliação regular

Na nota que emitiu a propósito, o Ministério das Finanças fez saber que, no âmbito da regular Avaliação Anual do Risco Soberano de Angola, o país acolheu as Missões de Revisão Económica realizadas pelas Agências de Rating Standard and Poor’s, Fitch Ratings e Moody’s.

Na sequência, o Ministério das Finanças divulgou os resultados das respectivas avaliações, afirmando que o Standard & Poor's manteve a notação do risco Soberano de Angola em CCC+ com uma perspectiva estável; Fitch Rating manteve a notação do risco Soberano de Angola em CCC com uma perspectiva estável. As duas agências emitiram as respectivas avalia-ções em Fevereiro. Agora, em Setembro, a Moody´s fez uma avaliação positiva da notação do risco Soberano de Angola, melhorando a classificação de Caa1 para B3, mantendo a perspectiva estável.

No geral, diz as Finanças, as Agências de Rating Standard and Poor’s, Fitch Ratings e Moody´s enfatizam a melhoria do perfil do crédito soberano do Governo de Angola e o reforço da governança em termos de qualidade das instituições do país.

"As referidas agências de rating perspectivam igualmente que a continuidade dos esforços para a manutenção da estabilidade cambial e da posição externa do país (Reservas Internacionais), bem como a continuidade do engajamento do Executivo de Angola em prosseguir com a consolidação fiscal, melhoria estrutural da gestão da dívida e das finanças públicas continuarão a exercer um impacto positivo de melhoria da notação do risco soberano”, afirma.

Nesta senda, prossegue o Ministério das Finanças na sua declaração oficial, o Executivo da República de Angola reafirma o compromisso com a estabilidade macroeconómica e com as reformas estruturais em curso visando a retoma do crescimento da economia angolana numa base mais ampla e inclusiva, a criação de emprego e o bem-estar da população em geral.

Isaque Lourenço* | Jornal de Angola

*Jornalista

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