Dia seguinte de eleições. Autárquicas em Portugal… Resultados que não foram surpresa, afinal tudo na mesma como a lesma. Andamos devagar, devagarinho e parados. Os mesmos de sempre continuam com aval dos eleitores para continuarem na mesma ‘desbunda’, com base nas promessas que não cumprem. Os portugueses parecem continuar a ser masoquistas, vai daí optam pelo mesmo de sempre: mudam as moscas (as que mudam) mas os fedores e as trampas continuam a ser os mesmos. Disso nos dá conta Martim Silva no Curto que se segue. Vá ler, apesar de a prosa não parecer que tenha a mesma opinião acima inscrita. Essa é a diferença entre nós e eles. Ainda bem. É que ter os olhos bem abertos e pensar nada custa… Olhar para trás e olhar ao longe faz doer o pescoço? Pois. Mas é assim que devemos de ver… bem.
Na Alemanha senhora Merkel sai de cena. Nem por isso a fossa naquele país e na UE vai perder os odores costumeiros. Se há os que julgam que algo vai mudar substancialmente, que a miséria escondida existente nos países da UE (Portugal incluído) vai desaparecer ou ao menos diminuir desenganem-se. Adeus UE, cada vez pior. A subserviência ao neocolonialismo, ao neoliberalismo com vista ao neofascismo “democrático” prossegue. Saliente-se que tem gente que não quer ver, nem ouvir, nem ler ou pensar e prefere recorrer ao optimismo com que a política e as ações vigentes se mascaram e garantem a continuidade do mar que quando bate nas rochas lixa sobremaneira o mexilhão… Deixem-se andar e aprendam a nadar.
De outras matérias trata o Curto de hoje. Inteirem-se, se acaso tiverem interesse. Ler é sempre bom, útil. Aprender, aprender, sempre!
Boa semana… Se conseguirem. Saúde e força nos pedais da BTT, que é a vida de esforço de todos os povos. Cuidado com precipícios.
SC | PG
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Moedas não são trocos (e Rio e Costa a reclamar vitória)
Martim Silva | Expresso
Bom dia,
Este é o seu Expresso Curto desta manhã de 27 de setembro, o day after de umas
eleições autárquicas em que provavelmente a grande surpresa foi na capital (com Moedas)
e que a nível nacional a grande surpresa... foi não ter havido uma grande
surpresa (PS ganhou mas desceu... Rio perdeu mas subiu). Este é também o dia
seguinte das eleições legislativas na Alemanha. E o dia em que começa a
campanha de vacinação nacional contra a gripe.
Venha daí comigo,
ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS
(aqui pode
consultar os resultados no país e ver o que aconteceu onde mora)
Faltavam poucos minutos para as duas da manhã da última madrugada quando se deu
o momento decisivo da noite: Rui Rio falava aos jornalistas, destacando o
"excelente resultado" que o seu partido obtivera, recuperando
câmaras, votos e mandatos, dado que partira de uma base má (perdeu largamente
as autárquicas de 2013 e 2017). Nas imagens das televisões, via-se ao mesmo
tempo o carro de António Costa a chegar ao Pátio da Galé, onde o líder
socialista ia ter com Fernando Medina. Nesse momento caiu a notícia e estava
desfeita a grande dúvida da noite eleitoral: Carlos Moedas, de forma
surpreendente (não houve uma sondagem que o tivesse antecipado) acabava de
ganhar a capital, que pertencia aos socialistas desde 2007 (quando Costa a
ganhou).
A vitória de Moedas é surpreendente - ganhar a capital do país não são
seguramente trocos - e tem muitos efeitos: dá seguramente ainda mais ânimo
ao PSD, torna Moedas uma personalidade política muito importante à direita, e é
um golpe duro para o PS (que ainda perdeu capitais de distrito como
Coimbra, Portalegre e Funchal).
Antes de Rio ter falado ao país, foi António Costa a fazê-lo, dizendo
e repisando que o PS ganhou as eleições, foi o partido mais votado, o que
conseguiu mais presidências de câmara e de junta - vitória com um sabor amargo
evidente, como se perceberia momentos depois, com a derrota de Medina.
Repare-se: o PS vence a nível nacional de forma clara mas muito se falou nas
últimas horas de uma 'derrota' para os socialistas e para António Costa, e de
desgaste crescente do governo, que teve efeitos eleitorais. Porquê? Em boa
medida porque Rui Rio ficou atrás do PS, perdeu as eleições, mas superou
as expetativas, melhorou os resultados de 2017, recuperou câmaras importantes,
e os seus críticos, já de facas afiadas, nem se ouviram na noite eleitoral. O
líder do PSD passou mesmo de possível morto político para renascido em poucas
horas.
(na política es expetativas e a gestão de expetativas são de facto muito
importantes)
Não deixa de ser irónico que nesta noite eleitoral em que tantos reclamaram
vitória, o primeiro partido a fazer o balanço foi o PCP. E ao contrário do
habitual tom comunista, que costuma ser de vitória aconteça o que acontecer,
agora Jerónimo de Sousa admitiu de forma clara o resultado “aquém” conseguido
pelas candidaturas da CDU. Esta foi uma noite embrulhada e em que os resultados
demoraram a aparecer.
Aqui deixo o melhor que os nossos repórteres e fotojornalistas no terreno
prepararam para si:
PS.
Uma vitória nacional amarga com cheiro triste a Lisboa, por Liliana
Valente
Rui
Rio já só pensa em 2023. Lisboa e fenómeno alentejano insuflam líder do
PSD, por Rita Dinis
CDS. Líder anuncia “novo
ciclo político” e quer entrar no próximo Governo, por Vítor Matos
Jerónimo
perde de pé. Não fica “choroso e triste” e promete continuar, por Rosa
Pedroso Lima
A
"vitória não total" de Ventura: "Enfrentarem-nos é enfrentar
um enorme bloco de cimento", por Liliana Coelho
Bloco não esperou por resultados e tem
uma derrota por explicar, por João Diogo Correia
Moedas
e o "novo ciclo que não vai acabar em Lisboa", por Ângela Silva
Crónica de uma derrota não anunciada: como foi a noite
tensa (e triste) de Fernando Medina, por Tiago Soares
Sem maioria absoluta à vista, Rui
Moreira não afasta nenhum cenário de governação na cidade
A noite em que Coimbra
foi lição com megacoligação, por Joana Ascensão
Neste
longo direto que só terminou às 5 da manhã, e que se concluiu com o tweet
de Paulo Rangel, pode conferir todo o andamento de uma noite atribulada.
Aqui, neste artigo essencial, pode perceber tudo o que mudou de mãos na última
noite: 66
câmaras trocaram de partido nestas eleições. Quem conquistou o quê a quem,
por Raquel Albuquerque e Sofia Miguel Rosa
E neste
vídeo conta com os comentários dos elementos da Direcção do jornal
João Vieira Pereira, David Dinis e Martim Silva
Resumindo, em presidências de câmara o cenário é este:
PS 149
PSD 114
CDU 19
Independentes 20
CDS 6
Quanto às lideranças de partidos, depois desta noite, parece-me que,
PSD: Rio ganha fôlego para 2023 e arrumou os adversários internos para as
diretas de janeiro do partido
PS: Costa ganhou e o PS é o maior partido, só que perdeu gás e as autárquicas
mostraram que a mudança de ciclo não é impossível (e Pedro Nuno deve ter visto
arrumadas de vez as hipóteses de Medina lhe fazer frente na sucessão do PS).
CDS: tal como Rio no PSD, Chicão no CDS deve ter arrumado com as pretensões
próximas dos seus opositores.
Chega: conseguiu 14 vereadores em todo o país. Cresceu bastante e não é mesmo
um epifenómeno.
PCP: um mau resultado. Mais um para o partido de Jerónimo, depois de já em 2017
as autárquicas terem corrido mal aos comunistas
BE: não foi uma noite péssima mas foi uma noite má (o partido continua muito
poucochinho em autárquicas).
FRASES MARCANTES
- Carlos Moedas: "Acredito que este novo ciclo começa em Lisboa mas
não vai acabar em Lisboa"
-Fernando Medina: "Carlos Moedas ganhou em Lisboa e merece felicitações
indiscutíveis. A derrota de hoje é pessoal e intransmissível"
- António Costa: "Quem ganhou a nível nacional foi o PS"
- Rui Rio: “Estamos hoje em melhores condições de ganhar as legislativas
de 2023"
- Jerónimo de Sousa: “Reconheço naturalmente que existem perdas, não foi o
resultado que desejávamos”
- Santana Lopes: “Estas eleições provaram para muita gente a razão pela
qual tomei essa opção de sair da força política em que militei durante décadas”
- Marques Mendes: “O Partido Socialista e o Governo estão mais
fragilizados a partir de hoje”
- Francisco Rodrigues dos Santos: “O CDS superou todos os objetivos a que
se propôs nestas eleições autárquicas. O anúncio da minha morte foi
manifestamente exagerado”
Uma nota ainda para a abstenção, particularmente elevada numas eleições em
que tradicionalmente os portugueses votam mais - foi
a segunda mais elevada de sempre. Convém insistir na tecla: é urgente
encontrar formas e medidas para levar mais portugueses às urnas. Seja pela
facilitação do voto, como os métodos eletrónicos, seja por outras medidas.
Ficar assim é que não.
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro
ENSINO SUPERIOR. Este fim de semana foram divulgadas as colocações de alunos no
ensino superior. Nunca
houve tantos alunos candidatos a uma vaga… e mais de 49 mil já conseguiram
garantir o seu lugar para o próximo ano lectivo.
Tente agora adivinhar qual foi este ano o curso que exigiu a nota de
acesso mais alta. Tem duas palavras, a primeira começa por E, a segunda por A. AQUI tem
a resposta.
Por outro lado, entre os alunos que frequentaram o ensino
profissional, apenas 19% seguem agora para o Superior.
AQUI contamos
a história de superação de Mariana, que se tornou a primeira surda a
conseguir ser médica.
GRIPE. Esta segunda-feira começa o processo nacional de vacinação contra a
gripe. Este ano com a particularidade de ter que ser articulado com a vacinação
contra a covid-19, nomeadamente se, como se espera, os mais idosos venham a ter
acesso a uma terceira dose nos próximos meses. Agora ficámos a saber que a task
force liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo vai continuar a
trabalhar, precisamente para garantir a articulação dos dois processos.
Os negacionistas convocaram
uma manifestação para este domingo, que pretendia ser uma espécie de ‘eleição
alternativa’.
Este domingo, registaram-se dois
óbitos devido à covid e meio milhar de novos infetados.
MADEIRA. Derrocada
na Praia da Formosa mobiliza autoridades, mas não há indicação de
feridos
Lá fora,
ALEMANHA. Quem
vai ser chanceler? E qual é a coligação que governará a Alemanha nos próximos
quatro anos?
Este domingo houve eleições no maior país da União Europeia mas por enquanto
são mais as perguntas que as respostas. E as negociações podem demorar. Os
sociais-democratas subiram e conseguiram o melhor resultado em duas décadas. Os
democratas-cristão (de Angela Merkel, que deixa o poder), desceram muito. A
curta distância entre os dois partidos mais votados prolonga a dúvida ao mesmo
tempo que sublinha tudo depender de uma boa negociação com os potenciais
futuros parceiros de coligação.
De qualquer forma, e para facilitar a vida ao leitor, sugiro que fixe estes
dois nomes: Olaf Scholz, do SPD, e Armin Laschet, CDU. Um deles será a
‘nova Merkel’.
ESPANHA. As imagens da lava e da sua força e devastação continuam. Mais de
centena e meia de desalojados regressam a casa em La
Palma após estabilização do risco do vulcão Cumbre Vieja.
SUÍÇA. Os suíços foram chamados a votar e disseram sim ao casamento
entre pessoas do mesmo sexo.
ISLÂNDIA. Inédito: mulheres são quem mais ordenam no Parlamento
islandês
TUNÍSIA. Centenas de manifestantes contra alterações
à Constituição, vistas como “um golpe de Estado”
Pois é, já vamos em 30 anos do lançamento de Nevermind, dos Nirvana. A Blitz assinalou
a data.
TRIBUNA
Lewis
Hamilton tornou-se o sr. 100, ao conseguir este fim de semana a sua
centésima vitória em grandes prémios de Fórmula 1.
João
Almeida confirma-se como uma figura de proa no ciclismo internacional,
depois das duas vitórias importantes conseguidas nos últimos meses.
Um Inglaterra, depois de um começo auspicioso as coisas não estão a correr nada
bem a Nuno
Espírito Santo.
Hoje, Portugal
defronta a Espanha nos quartos de final do Mundial de futsal. Uma
partida que se antevê muito, muito difícil.
Há dois jogadores da NBA que
não querem vacinar-se. Por causa disso, há jogos em que não vão poder
participar.
O QUE ANDO A LER
Douglas Stuart venceu em 2020 o Prémio Booker com o seu romance de
estreia, “Shuggie Bain” (editado pela Alfaguara), que conta a história
de um dos três irmãos filhos de uma alcoólica de Glasgow, Escócia. O romance,
em que já vou muito adiantado, é um verdadeiro murro no estômago no relato cru
de uma família disfuncional dos subúrbios pobres da capital escocesa. Alcool,
violência, drogas, pobreza, uma mistura explosiva. Um verdadeiro Trainspottting,
versão
Finalmente, mas não menos importante, uma nota para este novo podcast do Expresso. Chama-se “Noite da Má Língua”. O nome seguramente que lhe diz algo. É verdade, Júlia Pinheiro, Rui Zink, Rita Blanco e Manuel Serrão estão de volta. AQUI. Não perca
E ainda
🔎 “Há pessoas que me falharam da maneira mais inacreditável e inesperada. E isso não foi azar” Na casa onde guarda todas as memórias, onde cresceu com a exigência de ser o melhor, onde perdeu os pais e criou os filhos, Francisco Pinto Balsemão deixa-se entrevistar por Daniel Oliveira. Ouça o Alta Definição
👀 Eleitoralismo,
negacionismo e bunda Quem se lembra do tempo
Por hoje é tudo, boa semana
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