segunda-feira, 27 de setembro de 2021

CUIDADO COM OS PRECIPÍCIOS

Dia seguinte de eleições. Autárquicas em Portugal… Resultados que não foram surpresa, afinal tudo na mesma como a lesma. Andamos devagar, devagarinho e parados. Os mesmos de sempre continuam com aval dos eleitores para continuarem na mesma ‘desbunda’, com base nas promessas que não cumprem. Os portugueses parecem continuar a ser masoquistas, vai daí optam pelo mesmo de sempre: mudam as moscas (as que mudam) mas os fedores e as trampas continuam a ser os mesmos. Disso nos dá conta Martim Silva no Curto que se segue. Vá ler, apesar de a prosa não parecer que tenha a mesma opinião acima inscrita. Essa é a diferença entre nós e eles. Ainda bem. É que ter os olhos bem abertos e pensar nada custa… Olhar para trás e olhar ao longe faz doer o pescoço? Pois. Mas é assim que devemos de ver… bem.

Na Alemanha senhora Merkel sai de cena. Nem por isso a fossa naquele país e na UE vai perder os odores costumeiros. Se há os que julgam que algo vai mudar substancialmente, que a miséria escondida existente nos países da UE (Portugal incluído) vai desaparecer ou ao menos diminuir desenganem-se. Adeus UE, cada vez pior. A subserviência ao neocolonialismo, ao neoliberalismo com vista ao neofascismo “democrático” prossegue. Saliente-se que tem gente que não quer ver, nem ouvir, nem ler ou pensar e prefere recorrer ao optimismo com que a política e as ações vigentes se mascaram e garantem a continuidade do mar que quando bate nas rochas lixa sobremaneira o mexilhão… Deixem-se andar e aprendam a nadar.

De outras matérias trata o Curto de hoje. Inteirem-se, se acaso tiverem interesse. Ler é sempre bom, útil. Aprender, aprender, sempre!

Boa semana… Se conseguirem. Saúde e força nos pedais da BTT, que é a vida de esforço de todos os povos. Cuidado com precipícios.

SC | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Moedas não são trocos (e Rio e Costa a reclamar vitória)

Martim Silva | Expresso

Bom dia,
Este é o seu Expresso Curto desta manhã de 27 de setembro, o day after de umas eleições autárquicas em que provavelmente a grande surpresa foi na capital (com Moedas) e que a nível nacional a grande surpresa... foi não ter havido uma grande surpresa (PS ganhou mas desceu... Rio perdeu mas subiu). Este é também o dia seguinte das eleições legislativas na Alemanha. E o dia em que começa a campanha de vacinação nacional contra a gripe.

Venha daí comigo,

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS
(aqui pode consultar os resultados no país e ver o que aconteceu onde mora)

Faltavam poucos minutos para as duas da manhã da última madrugada quando se deu o momento decisivo da noite: Rui Rio falava aos jornalistas, destacando o "excelente resultado" que o seu partido obtivera, recuperando câmaras, votos e mandatos, dado que partira de uma base má (perdeu largamente as autárquicas de 2013 e 2017). Nas imagens das televisões, via-se ao mesmo tempo o carro de António Costa a chegar ao Pátio da Galé, onde o líder socialista ia ter com Fernando Medina. Nesse momento caiu a notícia e estava desfeita a grande dúvida da noite eleitoral: Carlos Moedas, de forma surpreendente (não houve uma sondagem que o tivesse antecipado) acabava de ganhar a capital, que pertencia aos socialistas desde 2007 (quando Costa a ganhou).

A vitória de Moedas é surpreendente - ganhar a capital do país não são seguramente trocos - e tem muitos efeitos: dá seguramente ainda mais ânimo ao PSD, torna Moedas uma personalidade política muito importante à direita, e é um golpe duro para o PS (que ainda perdeu capitais de distrito como Coimbra, Portalegre e Funchal).

Antes de Rio ter falado ao país, foi António Costa a fazê-lo, dizendo e repisando que o PS ganhou as eleições, foi o partido mais votado, o que conseguiu mais presidências de câmara e de junta - vitória com um sabor amargo evidente, como se perceberia momentos depois, com a derrota de Medina.

Repare-se: o PS vence a nível nacional de forma clara mas muito se falou nas últimas horas de uma 'derrota' para os socialistas e para António Costa, e de desgaste crescente do governo, que teve efeitos eleitorais. Porquê? Em boa medida porque Rui Rio ficou atrás do PS, perdeu as eleições, mas superou as expetativas, melhorou os resultados de 2017, recuperou câmaras importantes, e os seus críticos, já de facas afiadas, nem se ouviram na noite eleitoral. O líder do PSD passou mesmo de possível morto político para renascido em poucas horas.

(na política es expetativas e a gestão de expetativas são de facto muito importantes)

Não deixa de ser irónico que nesta noite eleitoral em que tantos reclamaram vitória, o primeiro partido a fazer o balanço foi o PCP. E ao contrário do habitual tom comunista, que costuma ser de vitória aconteça o que acontecer, agora Jerónimo de Sousa admitiu de forma clara o resultado “aquém” conseguido pelas candidaturas da CDU. Esta foi uma noite embrulhada e em que os resultados demoraram a aparecer.

Aqui deixo o melhor que os nossos repórteres e fotojornalistas no terreno prepararam para si:

PS. Uma vitória nacional amarga com cheiro triste a Lisboa, por Liliana Valente

Rui Rio já só pensa em 2023. Lisboa e fenómeno alentejano insuflam líder do PSD, por Rita Dinis

CDS. Líder anuncia “novo ciclo político” e quer entrar no próximo Governo, por Vítor Matos

Jerónimo perde de pé. Não fica “choroso e triste” e promete continuar, por Rosa Pedroso Lima

A "vitória não total" de Ventura: "Enfrentarem-nos é enfrentar um enorme bloco de cimento", por Liliana Coelho

Bloco não esperou por resultados e tem uma derrota por explicar, por João Diogo Correia

Moedas e o "novo ciclo que não vai acabar em Lisboa", por Ângela Silva

Crónica de uma derrota não anunciada: como foi a noite tensa (e triste) de Fernando Medina, por Tiago Soares

Sem maioria absoluta à vista, Rui Moreira não afasta nenhum cenário de governação na cidade

A noite em que Coimbra foi lição com megacoligação, por Joana Ascensão

Neste longo direto que só terminou às 5 da manhã, e que se concluiu com o tweet de Paulo Rangel, pode conferir todo o andamento de uma noite atribulada.

Aqui, neste artigo essencial, pode perceber tudo o que mudou de mãos na última noite: 66 câmaras trocaram de partido nestas eleições. Quem conquistou o quê a quem, por Raquel Albuquerque e Sofia Miguel Rosa

neste vídeo conta com os comentários dos elementos da Direcção do jornal João Vieira Pereira, David Dinis e Martim Silva

Resumindo, em presidências de câmara o cenário é este:
PS 149
PSD 114
CDU 19
Independentes 20
CDS 6

Quanto às lideranças de partidos, depois desta noite, parece-me que,
PSD: Rio ganha fôlego para 2023 e arrumou os adversários internos para as diretas de janeiro do partido

PS: Costa ganhou e o PS é o maior partido, só que perdeu gás e as autárquicas mostraram que a mudança de ciclo não é impossível (e Pedro Nuno deve ter visto arrumadas de vez as hipóteses de Medina lhe fazer frente na sucessão do PS).

CDS: tal como Rio no PSD, Chicão no CDS deve ter arrumado com as pretensões próximas dos seus opositores.

Chega: conseguiu 14 vereadores em todo o país. Cresceu bastante e não é mesmo um epifenómeno.

PCP: um mau resultado. Mais um para o partido de Jerónimo, depois de já em 2017 as autárquicas terem corrido mal aos comunistas

BE: não foi uma noite péssima mas foi uma noite má (o partido continua muito poucochinho em autárquicas).

FRASES MARCANTES
- Carlos Moedas: "Acredito que este novo ciclo começa em Lisboa mas não vai acabar em Lisboa"

-Fernando Medina: "Carlos Moedas ganhou em Lisboa e merece felicitações indiscutíveis. A derrota de hoje é pessoal e intransmissível"

- António Costa: "Quem ganhou a nível nacional foi o PS"

- Rui Rio: “Estamos hoje em melhores condições de ganhar as legislativas de 2023"

- Jerónimo de Sousa: “Reconheço naturalmente que existem perdas, não foi o resultado que desejávamos”

- Santana Lopes: “Estas eleições provaram para muita gente a razão pela qual tomei essa opção de sair da força política em que militei durante décadas”

- Marques Mendes: “O Partido Socialista e o Governo estão mais fragilizados a partir de hoje”

- Francisco Rodrigues dos Santos: “O CDS superou todos os objetivos a que se propôs nestas eleições autárquicas. O anúncio da minha morte foi manifestamente exagerado”

Uma nota ainda para a abstenção, particularmente elevada numas eleições em que tradicionalmente os portugueses votam mais - foi a segunda mais elevada de sempre. Convém insistir na tecla: é urgente encontrar formas e medidas para levar mais portugueses às urnas. Seja pela facilitação do voto, como os métodos eletrónicos, seja por outras medidas. Ficar assim é que não.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

ENSINO SUPERIOR. Este fim de semana foram divulgadas as colocações de alunos no ensino superior. Nunca houve tantos alunos candidatos a uma vaga… e mais de 49 mil já conseguiram garantir o seu lugar para o próximo ano lectivo.

Tente agora adivinhar qual foi este ano o curso que exigiu a nota de acesso mais alta. Tem duas palavras, a primeira começa por E, a segunda por A. AQUI tem a resposta.

Por outro lado, entre os alunos que frequentaram o ensino profissional, apenas 19% seguem agora para o Superior.

AQUI contamos a história de superação de Mariana, que se tornou a primeira surda a conseguir ser médica.

GRIPE. Esta segunda-feira começa o processo nacional de vacinação contra a gripe. Este ano com a particularidade de ter que ser articulado com a vacinação contra a covid-19, nomeadamente se, como se espera, os mais idosos venham a ter acesso a uma terceira dose nos próximos meses. Agora ficámos a saber que a task force liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo vai continuar a trabalhar, precisamente para garantir a articulação dos dois processos.

Os negacionistas convocaram uma manifestação para este domingo, que pretendia ser uma espécie de ‘eleição alternativa’.

Este domingo, registaram-se dois óbitos devido à covid e meio milhar de novos infetados.

MADEIRA. Derrocada na Praia da Formosa mobiliza autoridades, mas não há indicação de feridos

Lá fora,
ALEMANHA. Quem vai ser chanceler? E qual é a coligação que governará a Alemanha nos próximos quatro anos?
Este domingo houve eleições no maior país da União Europeia mas por enquanto são mais as perguntas que as respostas. E as negociações podem demorar. Os sociais-democratas subiram e conseguiram o melhor resultado em duas décadas. Os democratas-cristão (de Angela Merkel, que deixa o poder), desceram muito. A curta distância entre os dois partidos mais votados prolonga a dúvida ao mesmo tempo que sublinha tudo depender de uma boa negociação com os potenciais futuros parceiros de coligação.

De qualquer forma, e para facilitar a vida ao leitor, sugiro que fixe estes dois nomes: Olaf Scholz, do SPD, e Armin Laschet, CDU. Um deles será a ‘nova Merkel’.

ESPANHA. As imagens da lava e da sua força e devastação continuam. Mais de centena e meia de desalojados regressam a casa em La Palma após estabilização do risco do vulcão Cumbre Vieja.

SUÍÇA. Os suíços foram chamados a votar e disseram sim ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

ISLÂNDIA. Inédito: mulheres são quem mais ordenam no Parlamento islandês

TUNÍSIA. Centenas de manifestantes contra alterações à Constituição, vistas como “um golpe de Estado”

Pois é, já vamos em 30 anos do lançamento de Nevermind, dos Nirvana. A Blitz assinalou a data.

TRIBUNA
Lewis Hamilton tornou-se o sr. 100, ao conseguir este fim de semana a sua centésima vitória em grandes prémios de Fórmula 1.

João Almeida confirma-se como uma figura de proa no ciclismo internacional, depois das duas vitórias importantes conseguidas nos últimos meses.

Um Inglaterra, depois de um começo auspicioso as coisas não estão a correr nada bem a Nuno Espírito Santo.

Hoje, Portugal defronta a Espanha nos quartos de final do Mundial de futsal. Uma partida que se antevê muito, muito difícil.

Há dois jogadores da NBA que não querem vacinar-se. Por causa disso, há jogos em que não vão poder participar.

O QUE ANDO A LER
Douglas Stuart venceu em 2020 o Prémio Booker com o seu romance de estreia, “Shuggie Bain” (editado pela Alfaguara), que conta a história de um dos três irmãos filhos de uma alcoólica de Glasgow, Escócia. O romance, em que já vou muito adiantado, é um verdadeiro murro no estômago no relato cru de uma família disfuncional dos subúrbios pobres da capital escocesa. Alcool, violência, drogas, pobreza, uma mistura explosiva. Um verdadeiro Trainspottting, versão 2021. A ler. A ler. A ler.

Finalmente, mas não menos importante, uma nota para este novo podcast do Expresso. Chama-se “Noite da Má Língua”. O nome seguramente que lhe diz algo. É verdade, Júlia Pinheiro, Rui Zink, Rita Blanco e Manuel Serrão estão de volta. AQUI. Não perca

E ainda

🔎 “Há pessoas que me falharam da maneira mais inacreditável e inesperada. E isso não foi azar” Na casa onde guarda todas as memórias, onde cresceu com a exigência de ser o melhor, onde perdeu os pais e criou os filhos, Francisco Pinto Balsemão deixa-se entrevistar por Daniel Oliveira. Ouça o Alta Definição

👀 Eleitoralismo, negacionismo e bunda Quem se lembra do tempo em que Angela Merkel ficou conhecida como “a gorda da canja”? Onde isso já vai. Quem se lembra de Fernando Nobre a pedir “Dêem-me um tiro na cabeça”? A veemência continua a mesma. Merkel e Nobre são, esta semana, protagonistas improváveis: ela porque se vai embora, ele porque voltou. Ouça o Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer

Por hoje é tudo, boa semana

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