CABINDA
Um grupo de ex-guerrilheiros ocupou a sede do Fórum Cabindês para o Diálogo. A intenção, segundo o líder do grupo, Aniceto Filipe Zau, é chamar a atenção para as deficiências internas da organização.
O grupo de ex-guerrilheiros da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), que ocupou esta quinta-feira (07.10) as instalações do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), promete tratar-se de uma ação de duração limitada, motivada pela crescente insatisfação com a prestação do fórum. O que os preocupa, sobretudo, disse à imprensa o seu líder, tenente-general na reforma Aniceto Filipe Zau, é o que afirmam ser a a divisão e desordem dentro da instituição.
"Não é para invadir", disse Zau, acrescentando: "Fizemos isto para fazer despertar e fazer reconhecer aos Cabinda que esta organização não é só do Bissafi, nem do falecido Maurício Zulu, nem tão pouco do Bento Bembe, mas de todos nós".
FCD paralisado
Após abandono e consequente exclusão da organização do antigo presidente, Bento Bembe, deputado do partido governamental MPLA no Parlamento angolano, foi eleito para o posto Maurício Amado Nyulu em 11 de Janeiro de 2020. Nyulu veio a falecer em 29 de Junho de 2021, tendo sido sucedido interinamente pelo seu vice, José Bissafi. Todo este processo teve um impacto negativo no trabalho político fo FCD, consideram os ex-guerrilheiros.
Para o general Zau, "o problema é estarem sempre agarrados ao poder, eles só querem ser presidente e está a atrasar o nosso trabalho". Zau lembrou que o objetivo do Fórum, fundado em 2006, é negociar exatamente um estatuto para Cabinda com o Governo central.
"O povo sofre"
Aniceto Zau afirma que também o sofrimento do povo motivou o grupo a tomar esta ação: "O povo está a gemer, o povo de Cabinda está a morrer, meus irmãos", disse. E deixou o aviso: "Estávamos num ponto de reconciliação, mas eles querem acabar com a reconciliação e continuar com a confusão. É por isso que nós não podemos parar".
Alguns membros que se encontravam a trabalhar na sede do FCD e que têm uma ligação estreita com o presidente interino José Bissafi, que vive na República do Congo Brazaville, foram retirados da sede.
Simão Lelo | Deutsche Welle
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