Os números das baixas no Exército moçambicano são um exclusivo do Governo. O povo que o elegeu não tem estado a merecer uma satisfação, o que desencadeia contestações, mais ainda quando números de mortes chegam de fora.
A 23 de dezembro, os moçambicanos
ficaram a saber, através de um comunicado da Missão Militar da SADC (SAMIM),
que dois compatriotas de farda morreram no guerra contra os insurgentes
André Thomashausen, especialista
alemão em direito internacional, chama o Governo à
responsabilidade: "Penso que num Estado moderno que gostaria de ser
respeitado como um Estado de direito existe um legítimo e muito importante
interesse da opinião pública e dos cidadãos em saber exatamente qual é a o
sacrifício que Moçambique está a sofrer
"Para as ONG é muito difícil entender o secretismo que o Governo da FRELIMO está a seguir, recusando a fornecer números sobre as baixas, recusando a identiifcar as pessoas que ficaram feridas e que possivemente perderam a vida", acrescenta Thimashausen.
Não entregar o ouro ao bandido?
Determinados setores acreditam que o silêncio do Governo não passe de uma estratégia de guerra, não deixar que o inimigo conheça as suas fragilidades. Porém, nessa essa justificação esmorece o descontentamento em relação à postura do Executivo. Manuel de Araújo, edil de Quelimane e membro do maior partido da oposição, a RENAMO, também protesta.
"Qualquer Governo que se preze deve informar com insenção o seu povo. Omitir verdades não é algo que se preze e eu não recomendaria governo algum que escondesse as suas baixas. Aliás, os governos democráticos no mundo anunciam as suas baixas", diz.
E num gesto de humanismo e esperado, as forças da SAMIM endereçaram, em comunicado, condolências às famílias das vítimas, uma solidariedade e conforto que não se assiste publicamente dos governantes moçambicanos.
As críticas a falta de
comunicação sobre a situação
Heranças do tempo de partido único
Neste contexto, Thomashausen defende que "é legitimo o apelo da sociedade civil para que o Ministério da Defesa divulgue a identidade das vítimas, dos jovens que perderam a vida e feridos, porque muitos país estão sem notícias dos seus filhos, não sabem por onde andam, se ainda estão vivos. E isso é natural numa guerra que está a acontecer".
Há ainda o entendimento de que o Governo da FRELIMO, que conduz os destinos do país desde a independência em 1975, insiste em aplicar velhas práticas do tempo da guerra civil dos 16 anos, entretanto desajustadas. O especialista alemão fala em !radição antiga no tempo do partído único em que o segredo do Estado era a lei superior a todas as outras".
Nádia Issufo | Deutsche Welle
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