domingo, 12 de setembro de 2021

Do caos remanescente para além do império do caos

DO CAOS REMANESCENTE, PARA ALÉM DA PRESENÇA DO IMPÉRIO DO CAOS!

Martinho Júnior, Luanda

Sair do Afeganistão depois de 20 anos de sulfurosa injecção de caos, não é a mesma coisa como o sair do Vietname heroico, vencidos por um povo ávido de liberdade, de socialismo, de igualdade, de justiça social e de vida!

O “hegemon” unipolar ausenta-se do Afeganistão deixando uma cultura armadilhada de caos, de terrorismo e de desagregação, a fim de i9nviabilizar qualquer esforço progressista, que aliás foi o primeiro alvo a abater conforme à época da administração de Ronald Reragan!

01- Algo ainda me diz que a injecção de 20 anos que o império do caos aplicou no Afeganistão, vai continuar a provocar por inércia e durante alguns anos mais, ou talvez décadas, a remanescência refractária de caos!

Para a doutrina Rumsfeld/Cebrowski inaugurada desde os primeiros anos do século XXI. o Afeganistão, dada a natureza da sua eclética ainda que meio feudal e meio fundamentalista sociedade, foi um laboratório escolhido entre outros laboratórios, por que os fins maquiavélicos em vista são os de manter o Sul Global refém enquanto produtor de matérias-primas e de mão-de-obra barata e semiescrava face aos parâmetros anglo-saxónicos do neoliberalismo da hegemonia unipolar, fruto do domínio da aristocracia financeira mundial sobre todos os outros, inclusive e em primeira linha do próprio povo estado-unidense!

Depois há algo escondido e é preciso avivar: os estados Unidos foram também em força para o Afeganistão por um lado para inviabilizar alguma veleidade de retorno progressista ao poder em Cabul, por outro, a fim de impulsionar o caos, armadilhar de tal maneira o Afeganistão que torne improfícuas as tentativas progressistas de arrancar o país do pântano sulfuroso que foi deliberadamente implantado!

O Afeganistão possui uma cascata de sensibilidades culturais com motivações étnicas e a religiosidade islâmica é feita de múltiplas tendências, algumas das quais das mais fundamentalistas e servidoras instrumentalizadas do que ao caos e ao terrorismo diz respeito!

As sucessivas administrações de turno dos Estados Unidos e as dos seus vassalos e coligações sabem-no bem, também por experiência própria e de forma exacerbada pelo que com isso o Afeganistão é uma armadilha latente para a emergência, como se uma poderosa âncora obrigasse à emergência a também ali fazer ancorar o navio de suas iniciativas em busca de paz e de desenvolvimento!

Prova disso são os apressados transportes de jihadistas (incluindo os terroristas do Estado Islâmico) de outras paragens para o Afeganistão, mobilizando os helicópteros dos Estados Unidos e da Turquia por todo o Médio Oriente Alargado e desembarcando-os em lugares julgados previamente como geoestratégicos do Afeganistão!

Sabem-no também bem e por demais as vocações do sionismo tão implicadas no próprio “hegemon” no que à aristocracia financeira mundial diz respeito, mas o Afeganistão não sendo Israel, está num outro contexto que escapa e muito ao espectro do sionismo e à intensidade de sua filtragem por todo o Médio Oriente Alargado!

Sob o rótulo dos talibãs tendências de toda a espécie estão meio escondidas, inclusive de antigos sectores com experiência progressista no Afeganistão, pelo que os talibãs se albergam neste momento tendências com contradições secundárias, mais à frente não garantem que algumas dessas tendências não se tornem antagónicas entre si!

Atracção e repulsão estão nessa imensa encruzilhada no âmbito da já longa, de mais de 75 anos, IIIª Guerra Mundial não declarada do “hegemon” contra o Sul Global!...

… E no Afeganistão além do mais continua a travar-se a reedição duma moderna guerra do ópio que um dia a China também de algum modo colonialmente experimentou!...

Mundo sofrerá em caso de confronto entre os EUA e a China

Presidente da China adverte que mundo sofrerá em caso de confronto com EUA

O Presidente chinês, Xi Jinping, disse ao hoje ao homólogo norte-americano, Joe Biden, numa conversa telefónica, que os dois países e o mundo "sofrerão" em caso de confronto entre a China e os Estados Unidos.

“Quando a China e os Estados Unidos trabalham juntos, os países e o mundo beneficiam, mas ambos os países e o mundo sofrerão se os dois países se confrontarem", sublinhou Xi, de acordo com um comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

"A política dos EUA em relação à China tem causado sérias dificuldades ao relacionamento" entre as duas potências, acrescentou o secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

Foi a segunda conversa por telefone entre os líderes das duas maiores economias do mundo, desde que Joe Biden assumiu a presidência dos Estados Unidos, no início do ano.

Timor-Leste: Profundo pesar pelo falecimento de Jorge Sampaio

Governo e partidos timorenses manifestaram dor pela morte de Jorge Sampaio

O Governo de Timor-Leste transmitiu o “seu profundo pesar pelo falecimento do antigo Presidente de Portugal, Jorge Sampaio, que durante os seus mandatos em Belém sempre se bateu pelo exercício livre e democrático do direito à autodeterminação de Timor-Leste”.

Para além do Executivo da República Democrática de Timor-Leste (RDTL), chefiado por Taur Matan Ruak, o antigo Presidente Ramos Horta e o Partido Socialista de Timor (PST) também expressaram dor e pesar pelo falecimento do ex-Presidente Português Jorge Sampaio.

RDTL expressou oficialmente voto de pesar

A página oficial do governo de Timor-Leste datada de 10 de Setembro de 2021 tem como título “Voto de pesar pela morte de Jorge Sampaio”.

É de recordar que Jorge Sampaio, em 2016, já tinha sido homenageado com o «Grande Colar da Ordem de Timor-Leste», “em reconhecimento pela solidariedade e apoio activo na luta pela independência” de Timor-Leste.

Na altura, Taur Matan Ruak, manifestou:

“o profundo reconhecimento pelo humanismo, as inúmeras expressões de solidariedade e o apoio activo com que, ao longo dos anos, alimentaram a luta pela liberdade, autodeterminação e independência de Timor-Leste”.

Em 2006, o Parlamento Nacional de Timor-Leste também já havia atribuído a Jorge Sampaio o título de «Cidadão Honorário da República Democrática de Timor-Leste».

J.T. Matebian, em Timor-Leste | Jornal Tornado

Ler em Página Global:

Partido Socialista de Timor lamenta morte de Jorge Sampaio

Sonangol regista prejuízos de 2,5 mil milhões de euros em 2020

Petrolífera angolana Sonangol terminou 2020 com um resultado líquido negativo de 2,5 mil milhões de euros. Entre as causas, a redução drástica das receitas do petróleo e o impacto da Covid-19.

Segundo o relatório de contas disponibilizado no site da Sonangol, o resultado líquido da empresa foi consequência da "redução drástica das receitas provenientes das vendas de petróleo bruto e do elevado grau de imparidades registados, devido à redução verificada no preço do barril de petróleo. Isso implica, também, uma redução das reservas provadas da empresa [estimativas relativas a reservas com elevado grau de confiança na produção], tendo em conta o ano anormal vivido, por causa da pandemia da Covid-19".

Os resultados a nível operacional fixaram-se em 2,2 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros), permitindo manter os capitais próprios positivos em 9 mil milhões de dólares (7,6 mil milhões de euros) e capacidade financeira para continuidade das operações.

TV espanhola desculpa-se por comentário racista

TV espanhola desculpa-se por comentário racista contra jogador nascido em Angola

# Publicado em português do Brasil

Durante apresentação de Eduardo Camavinga na última quarta-feira (08.09), jornalista foi ouvida fora das câmaras a manifestar comentários racistas. RTVE condenou o fato.

A televisão estatal espanhola RTVE condenou um comentário racista feito por uma comentadora desportiva convidada durante a apresentação do jogador do Real Madrid, Eduardo Camavinga.

Durante a apresentação de Camavinga de quarta-feira (08.09), a jornalista Lorena Gonzalez foi ouvida fora das câmaras a dizer "este tipo é mais negro que seu traje".

Camavinga, de 18 anos, é um jogador francês nascido em Angola.

Centenas protestam contra a junta militar no Chade

# Publicado em português do Brasil

Centenas manifestaram-se em meio a um pesado destacamento policial este sábado (11.09), em N'Djamena, capital do Chade, contra a junta que dirige o país desde a morte de Idriss Déby Itno.

No Chade, diversas organizações da sociedade civil apelaram ao protesto contra o estatuto do Conselho Militar de Transição (CMT), liderado pelo filho de Idriss Déby, Mahamat Idriss Déby Itno.

As marchas, organizadas regularmente desde a morte do antigo Presidente, em abril, denunciam também a atitude da França, uma antiga potência colonial, que parte da oposição acusa de apoiar o novo Governo.

"O Chade não é um reino", "não ao apoio da França ao sistema Déby de pai e filho", lia-se nalgumas das bandeiras dos manifestantes.

Bases militares dos EUA África e o futuro da unidade africana

Socialist Movement of Ghana Research Group

Como se visualiza a pegada do Império?

As imagens deste dossiê mapeiam algumas das bases militares do Africom no continente africano – tanto “duradouras” como “não duradouras’” como são oficialmente chamadas. As fotos de satélite foram coletadas pelo artista de dados Josh Begley, que liderou um projeto de mapeamento para responder à pergunta: “como se mede uma pegada militar?”

Para este dossiê, o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social projetou fisicamente as imagens e as coordenadas desses lugares ocultos em um mapa da África, reconstruindo visualmente o aparato atual de militarização. Os pinos e fios conectando esses lugares nos lembram das “salas de guerra” da dominação colonial. Juntos, o conjunto de imagens é um testemunho visual da contínua “fragmentação e subordinação dos povos e governos do continente”, assim como este dossiê descreve.

Recusamos a simples sobrevivência. Queremos aliviar as pressões, libertar nosso campo da estagnação ou regressão medieval. Queremos democratizar nossa sociedade, abrir nossas mentes para um universo de responsabilidade coletiva, para que tenhamos a ousadia de inventar o futuro. Queremos mudar a administração e reconstruí-la com um tipo diferente de funcionário público. Queremos envolver nosso exército com o povo no trabalho produtivo e lembrá-lo constantemente que, sem formação patriótica, um soldado é apenas um criminoso com poder. Esse é o nosso programa político.
   Thomas Sankara (Presidente, Burkina Faso) nas Nações Unidas, 4 de outubro de 1984.

Em 30 de maio de 2016, o Conselho de Paz e Segurança da União Africana (CPS) realizou sua 601ª reunião. Embora a agenda fosse ampla, os membros do CPS foram à reunião preocupados com uma série de conflitos: o colapso do Estado líbio e o impacto disso em todo o Sahel; as lutas em curso na região do Lago Chade com a persistência do Boko Haram; e as guerras que marcaram a região dos Grandes Lagos (com a perda da soberania da República Democrática do Congo em seu flanco oriental). A “responsabilidade principal por garantir uma prevenção eficaz de conflitos”, observou o CPS, “cabe aos Estados-membros”, nomeadamente os 55 países do continente africano, da Argélia ao Zimbabwe.

EUA retira mísseis apesar de operações da resistência iemenita

EUA retira sistema de mísseis na Arábia Saudita apesar de operações da resistência iemenita

# Publicado em português do Brasil

Islam Times - Os Estados Unidos removeram seu mais avançado sistema de defesa antimísseis e baterias Patriot da Arábia Saudita nas últimas semanas, mesmo enquanto o reino enfrentava operações aéreas contínuas do movimento de resistência Ansarullah do Iêmen. A redistribuição das defesas da Base Aérea Prince Sultan fora de Riade ocorreu enquanto os países árabes do Golfo observavam nervosamente a retirada caótica das tropas americanas do Afeganistão, incluindo suas evacuações de última hora do aeroporto internacional sitiado de Cabul.

Enquanto dezenas de milhares de forças americanas permanecem na Península Arábica como um contrapeso ao Irã, as nações do Golfo Árabe se preocupam com os planos futuros dos EUA, já que seus militares percebem uma ameaça crescente na Ásia que requer essas defesas antimísseis.

“As percepções importam se estão ou não enraizadas em uma realidade fria. E a percepção é muito clara de que os EUA não estão tão comprometidos com o Golfo como costumavam ser na opinião de muitas pessoas que tomam decisões na região ”, disse Kristian Ulrichsen, pesquisador do James A Baker III Instituto de Políticas Públicas da Rice University.

“Do ponto de vista saudita, eles agora veem Obama, Trump e Biden - três presidentes sucessivos - tomando decisões que significam, em certa medida, um abandono”.

Afeganistão: Pompeo mente

#Publicado em português do Brasil

Will Saletan* | SinPermisso

Mike Pompeo, ex-secretário de Estado de Donald Trump, culpa o presidente Joe Biden pelo caos no Afeganistão. " Estamos deixando o Taleban ficar à vontade " , queixou-se Pompeo há alguns dias na Fox News. Pompeo, que se prepara para a campanha presidencial de 2024, argumentou que os insurgentes estavam tomando conta do país "porque temos um governo que se recusou a adotar um modelo de dissuasão, aquele que o presidente Trump e eu tínhamos". Ele afirmou que ele e Trump mantiveram o Afeganistão "estável", que "nunca confiaram no Taleban" e que, graças à sua decisão rígida, "o Taleban não avançou nas capitais" das províncias afegãs.

Nada disso é verdade. Como muitos outros republicanos que agora confessam estar assombrados pela vitória do Taleban, Pompeo apoiou a retirada dos Estados Unidos. Mas ele não apenas apoiou a retirada, ele a liderou. Ele chegou a um acordo com o Taleban para retirar todas as tropas dos EUA e libertar os combatentes talibãs das prisões afegãs. Ele apoiou as garantias do Taleban, mesmo enquanto os insurgentes organizavam centenas de ataques mortais. E ele defendeu a retirada das tropas em curso, enfraquecendo o governo afegão em suas próprias negociações com o Taleban, à medida que militantes sitiaram as capitais provinciais.

Dois anos atrás, Pompeo começou a pressionar por um acordo com o Taleban. Os falcões o instaram a estipular no acordo que o Taleban deveria entregar aos agentes da Al Qaeda . Eles também pediram que ele rejeitasse qualquer pedido de "libertação prematura de prisioneiros do Taleban". Ele não fez nenhum dos dois. De acordo com o acordo, assinado em 29 de fevereiro de 2020, o governo dos EUA prometeu “retirar do Afeganistão todas as forças militares dos Estados Unidos, seus aliados e parceiros da Coalizão ... no prazo de quatorze (14) meses. ”. O acordo também especificava que o governo afegão libertaria 5.000 prisioneiros, cinco vezes mais do que o Taleban teve de libertar. A rendição dos agentes da Al Qaeda não era exigida.

Pompeo prometeu que o Talibã pararia a carnificina. “Chegamos a um acordo com o Taleban para uma redução significativa da violência”, declarou ele . Um dia após a cerimônia de assinatura, ele afirmou que " o Taleban já se separou " da Al Qaeda. No programa de televisão da CBS, Face the Nation , Margaret Brennan perguntou-lhe se o Talibã era "terrorista". Pompeo se recusou a usar essa palavra, alegando que "o cavalheiro [Talibã] com quem me encontrei concordou que ele romperia aquele relacionamento e que trabalharia conosco para destruir" a Al Qaeda. Na Fox News, Pompeo falou sobre uma conexão pessoal com o Taleban: “ Eu olhei nos olhos deles. E eles revalidaram esse compromisso”. O entrevistador, Bret Baier, observou que imediatamente após a assinatura do acordo, o Taleban anunciou a retomada dos ataques contra o governo afegão. Pompeo ignorou o anúncio. “Se os níveis de violência baixarem”, disse ele a Baier, “então e somente então” os Estados Unidos retirariam suas tropas.

OS DOIS 11 DE SETEMBRO

# Publicado em português do Brasil

Luis Hernández Navarro - Correspondente da Carta Maior na Cidade do México | em Carta Maior

No dia 11 de setembro de 1973 um golpe militar derrubou no Chile o governo do socialista Salvador Allende. A partir desse momento, com o apoio dos falcões de Washington, caiu sobre a maioria dos países da América Latina a noite sombria das ditaduras militares, a repressão e o desmantelamento das conquistas sociais. O Chile se converteu no grande laboratório neoliberal de onde seriam exportadas suas políticas para todo o mundo. Sacrificando Allende se quis frear as lutas de libertação no continente.

O 11 de setembro de 2001, o ataque às Torres Gêmeas em Nova York serviu como pretexto para que o governo de George W. Bush fizesse da guerra contra o terrorismo o instrumento principal para instaurar um novo poder constituinte. No calor da tragédia, os EUA fixaram uma nova doutrina de segurança nacional na qual advertiram que não tolerariam desafios ao seu poder, defendem a ação militar solitária em defesa da unidade nacional, sustentam o direito de efetuar ataques preventivos em qualquer parte do mundo e advertem que a dissuasão contra inimigos que “odeiam os EUA e tudo o que representam” é inútil.

Os dois 11 de setembro são datas que marcam o início de ofensivas do Império para reforçar seus interesses e abrir no continente americano e no Oriente Médio um novo ciclo de dominação e de acumulação de capital. No primeiro caso, o golpe de Estado serviu para frear o avanço da esquerda e das forças nacional-populares no Cone Sul, aprofundar a penetração do capital estadunidense e ampliar a presença militar. No segundo, permitiu à Casa Branca, com o pretexto do combate ao fundamentalismo religioso, avançar no controle dos recursos petroleiros no Oriente Médio e fazer da guerra parte do ciclo de expansão e consolidação da globalização neoliberal. Seu objetivo foi impor uma nova ordem internacional unilateral; estabelecer, pela lógica do fato consumado, um governo autoritário da globalização.

Os dois 11 de setembro reafirmaram o “excepcionalismo” estadunidense. Em 1787, James Madison, conhecido como o “pai da Constituição” dos Estados Unidos, assinalou que o objetivo principal do governo devia ser “proteger a minoria opulenta da maioria”. Em plena Convenção Constitucional, expressou que temia que o número cada vez maior de habitantes que sofriam as desigualdades da sociedade “suspirasse secretamente por uma distribuição mais equitativa dos bens”. A democracia, sentenciou, devia ser reduzida.

Nessa época, outro dos “pais fundadores” desse país, Thomas Jefferson, afirmou: “Estou persuadido que nunca houve nenhuma constituição tão bem calculada como a nossa para a expansão imperial e o autogoverno”.

Quase dois séculos depois, primeiro Richard Nixon e depois George W. Bush se empenharam em tornar realidade em escala planetária a missão que Madison atribuía ao governo e que Jefferson atribuía à Constituição de seu país.

A 38 anos do primeiro 11 de setembro e dez do segundo, na América Latina os povos resistem. Derrubaram as ditaduras militares da década dos setenta e meados dos oitenta e abriram a porta para que candidatos de centro-esquerda ganhassem as eleições. Antes do triunfo eleitoral, já tinha se produzido uma vitória cultural. O que o Império quis evitar com o Golpe de Estado no Chile renasceu por outras vias. As aventuras imperiais de Washington no Oriente Médio debilitaram o controle sobre a área que era considerada o quintal dos Estados Unidos.

Os governos progressistas na América Latina impulsionaram um processo de reconstrução da arquitetura do poder e da geopolítica na região. Há no continente uma redefinição profunda das relações e da inserção com os Estados Unidos, que se expressa tanto no rechaço das políticas da Casa Branca como no surgimento de um novo tecido institucional para favorecer a integração regional. A Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) foi torpedeada e, no Equador, não se renovou o contrato para que os EUA utilizassem a base militar de Manta. Também na contramão de Washington, a solidariedade com Cuba e as relações diplomáticas ativas com o Irã tem sido uma constante. O investimento chinês cresceu vertiginosamente. Com dificuldades, uma proposta pós-neoliberal abre caminho na região.

Ironias da história, dois 11 de setembro depois, o legado de Salvador Allende na região está mais vivo do que nunca.

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