DO CAOS REMANESCENTE, PARA ALÉM DA PRESENÇA DO IMPÉRIO DO CAOS!
Martinho Júnior, Luanda
Sair do Afeganistão depois de 20 anos de sulfurosa injecção de caos, não é a mesma coisa como o sair do Vietname heroico, vencidos por um povo ávido de liberdade, de socialismo, de igualdade, de justiça social e de vida!
O “hegemon” unipolar ausenta-se do Afeganistão deixando uma cultura armadilhada de caos, de terrorismo e de desagregação, a fim de i9nviabilizar qualquer esforço progressista, que aliás foi o primeiro alvo a abater conforme à época da administração de Ronald Reragan!
01- Algo ainda me diz que a injecção de 20 anos que o império do caos aplicou no Afeganistão, vai continuar a provocar por inércia e durante alguns anos mais, ou talvez décadas, a remanescência refractária de caos!
Para a doutrina Rumsfeld/Cebrowski inaugurada desde os primeiros anos do século XXI. o Afeganistão, dada a natureza da sua eclética ainda que meio feudal e meio fundamentalista sociedade, foi um laboratório escolhido entre outros laboratórios, por que os fins maquiavélicos em vista são os de manter o Sul Global refém enquanto produtor de matérias-primas e de mão-de-obra barata e semiescrava face aos parâmetros anglo-saxónicos do neoliberalismo da hegemonia unipolar, fruto do domínio da aristocracia financeira mundial sobre todos os outros, inclusive e em primeira linha do próprio povo estado-unidense!
Depois há algo escondido e é preciso avivar: os estados Unidos foram também em força para o Afeganistão por um lado para inviabilizar alguma veleidade de retorno progressista ao poder em Cabul, por outro, a fim de impulsionar o caos, armadilhar de tal maneira o Afeganistão que torne improfícuas as tentativas progressistas de arrancar o país do pântano sulfuroso que foi deliberadamente implantado!
O Afeganistão possui uma cascata de sensibilidades culturais com motivações étnicas e a religiosidade islâmica é feita de múltiplas tendências, algumas das quais das mais fundamentalistas e servidoras instrumentalizadas do que ao caos e ao terrorismo diz respeito!
As sucessivas administrações de turno dos Estados Unidos e as dos seus vassalos e coligações sabem-no bem, também por experiência própria e de forma exacerbada pelo que com isso o Afeganistão é uma armadilha latente para a emergência, como se uma poderosa âncora obrigasse à emergência a também ali fazer ancorar o navio de suas iniciativas em busca de paz e de desenvolvimento!
Prova disso são os apressados transportes de jihadistas (incluindo os terroristas do Estado Islâmico) de outras paragens para o Afeganistão, mobilizando os helicópteros dos Estados Unidos e da Turquia por todo o Médio Oriente Alargado e desembarcando-os em lugares julgados previamente como geoestratégicos do Afeganistão!
Sabem-no também bem e por demais as vocações do sionismo tão implicadas no próprio “hegemon” no que à aristocracia financeira mundial diz respeito, mas o Afeganistão não sendo Israel, está num outro contexto que escapa e muito ao espectro do sionismo e à intensidade de sua filtragem por todo o Médio Oriente Alargado!
Sob o rótulo dos talibãs tendências de toda a espécie estão meio escondidas, inclusive de antigos sectores com experiência progressista no Afeganistão, pelo que os talibãs se albergam neste momento tendências com contradições secundárias, mais à frente não garantem que algumas dessas tendências não se tornem antagónicas entre si!
Atracção e repulsão estão nessa imensa encruzilhada no âmbito da já longa, de mais de 75 anos, IIIª Guerra Mundial não declarada do “hegemon” contra o Sul Global!...
… E no Afeganistão além do mais continua a travar-se a reedição duma moderna guerra do ópio que um dia a China também de algum modo colonialmente experimentou!...