terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Angola | CRIADOR DAS FORÇAS DA UNITA ARRASA SAVIMBI E GENERAIS

LEITURAS DE FÉRIAS 

Artur Queiroz*, Luanda

As férias permitem tirar a poeira aos livros. É tempo de leituras. Estou a ler “The Buffalo soldiers-The Story of South Africa’s 32 Battalion 1975-1993”, do coronel Ian Breytenbach, o militar sul-africano que formou na Faixa de Caprivi os militares da UNITA, depois da Independência Nacional. Mais tarde fundou o famoso Batalhão Búfalo que fez inúmeras operações secretas em Angola. Nas operações Moduler e Hooper, em 1987, comandava as suas tropas no Cuito Cuanavale. 

Quando acabou a guerra escreveu as suas memórias. Nas páginas do livro “The Buffalo soldiers-The Story of South Africa’s 32 Battalion 1975-1993” faz revelações que são autênticas bombas atómicas sobre os mitos criados à volta da UNITA. Os sul-africanos conquistavam posições no Cuando Cubango e logo atrás vinham grupos da UNITA que posavam para a fotografia da vitória. 

Vou fazer para as minhas amigas e meus amigos a leitura desta obra que foi lida, seguramente, por jornalistas, comunicólogos, comentadores, colunistas, políticos de todos os partidos políticos angolanos, esposas, amantes, padres e outros comerciantes. Apesar de todos terem lido a obra, ainda dizem que a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial foi uma guerra civil! Um aviso: Não procurem o livro fora da África do Sul porque ninguém o publicou além do país da Irmandade Africâner.

A imprensa internacional, sobretudo a portuguesa, durante a guerra contra os invasores sul-africanos, dava grande destaque às vitórias da UNITA e Savimbi era apresentado como um tremendo chefe militar. A realidade é caricata: o chefe do Galo Negro desertava das frentes de batalha, quando pressentia que as tropas sul-africanas podiam não aguentar o ímpeto das FAPLA.

Um ano antes da Operação Moduler, o alto comando sul-africano já conhecia a realidade no terreno. O coronel Jan Breytenbach, no seu livro, página 254, faz esta análise: 

“Desde o início estava claro para os experientes soldados sul-africanos, que a UNITA era incapaz de parar as FAPLA. Savimbi desperdiçou o dinheiro e os recursos sul-africanos em treino e desdobramento de batalhões regulares, enquanto negligenciava aumentar a capacidade e a intensidade da sua guerra de guerrilha. Este foi o motivo pelo qual a derrota estava estampada nos rostos dos seus militares. Era totalmente impossível, nessa fase da guerra de guerrilha, a UNITA organizar forças que pudessem contrapor as investidas das FAPLA. Savimbi desperdiçou o apoio da África do Sul em material de guerra, formação especializada e apoio de combate, que devia ser usado para expandir e melhorar os seus destacamentos de guerrilha.”

Mas este é apenas o prefácio da demolição dos mitos. Mais à frente, afirma o coronel comandante do Batalhão Búfalo: 

“Infelizmente, os oficiais de Operações Especiais dos Serviços de Inteligência (CSI), que estavam a aconselhar e ligados a Savimbi, não tinham noção da guerra de guerrilha, especialmente nos níveis mais elevados. A maioria dos instrutores que ministrava o treino, sabia que eles estavam a abordar o problema de forma errada e desabafaram, mas os oficiais de ligação e de formação dos Serviços de Inteligência não lhes deram ouvidos.”

Os mitos começaram a ser enforcados pelo oficial das forças de Pretória que fez mais operações em Angola, depois atribuídas às tropas da UNITA. Jan Breytenbach escreve: 

“O oficial de inteligência da UNITA, Caxito, forneceu estimativas incorrectas da situação geral. Ele baseou-se na opinião exagerada que Jonas Savimbi tinha de si mesmo, segundo a qual ele era o mestre da guerra de guerrilha no Continente Africano. Se qualquer um dos seus generais ousasse apontar os pontos fracos da estratégia de guerra de Savimbi, isso era considerado um insulto imperdoável. Essa audácia era geralmente recompensada com uma bala na nuca.”

Os sul-africanos detectaram que Savimbi caiu numa “armadilha” das FAPLA e enviou as suas melhores tropas para Cazombo onde se enredaram em combates infindáveis com as FAPLA, acumulando desaires. No Cuando Cubango as forças angolanas avançavam sobre Mavinga sem oposição. O chefe da UNITA tinha colocado os seus homens a centenas de quilómetros do sítio onde deviam estar. Face à situação, Breytenbach conta no seu livro, página 255: 

“Eddie Viljoen voou para a Jamba para se encontrar com Savimbi e discutir a contribuição que o 32º Batalhão podia dar. Acima de tudo, Savimbi claramente embaraçado, queria artilharia e aviões de ataque. A dado momento, a UNITA alegou que tinha sitiado a força adversária e estava prestes a aniquilá-la, uma ameaça que foi produto da imaginação de Caxito. A verdade é que as brigadas das FAPLA juntaram-se sem problemas”.

Mais à frente o coronel Jan Breytenbach dá de Savimbi a imagem de um charlatão que nada sabia de guerra de guerrilha e muito menos de guerra convencional. Se os sul-africanos não invadissem Angola, com todas as suas forças, Mavinga e a Jamba em breve caíam nas mãos das FAPLA. Mas o chefe da UNITA vendia à imprensa internacional a sua condição de guerreiro invencível.

Breytenbach escreve na página 265: 

“Savimbi permitia que os seus bajuladores dissessem que ele era a UNITA. Mas tornou-se um pária em África e pouco mais do que um líder bandido e assassino, um criminoso de delito comum que foge ao longo braço da lei. Acabou morto a tiro na província do Moxico”.

As forças angolanas ganhavam cada vez mais posições. Mas a responsabilidade não era apenas de Savimbi e os seus militares. Na página 265 do livro, o coronel Breytenbach aponta o dedo acusador aos oficiais sul-africanos: 

“A UNITA recebia maus conselhos de incompetentes oficiais sul-africanos das Operações Especiais dos Serviços de Inteligência. Savimbi tinha três semi-batalhões regulares compostos por 230 homens cada um, a operarem a partir do Norte contra as linhas de abastecimento das FAPLA. Nada particularmente eficaz foi feito tanto pela UNITA como pelos sul-africanos para travar a organização das FAPLA. Os sul-africanos tiveram, obviamente, de ser discretos quando desdobravam forças em apoio à UNITA em Angola, particularmente quando fosse em grande escala”.

Os sul-africanos atacavam as posições das FAPLA no Cuando Cubango por terra e pelo ar. A artilharia de longo alcance (G5) fazia grandes estragos. Savimbi embandeirava em arco sempre que os seus homens posavam para a fotografia nas posições conquistadas pelos racistas de Pretória. Um dia exigiu aos generais do apartheid, ser ele a comandar uma operação de grande envergadura. Foi o fim do mito. Escreve Breytenbach na página 266: 

“Savimbi começou a pressionar as SADF para o apoiarem com elementos de combate. Ele começou, obliquamente, com um ataque sobre Masseca, aproximadamente 80 quilómetros a Noroeste do Cuito Cuanavale. Eu estava envolvido com a UNITA e fui infeliz ao fornecer assistência especializada a esta operação fracassada. Depois de atravessar muitas estradas em mau estado de conservação e percorrer pelo menos 500 quilómetros de mata para atingir Masseca a partir do norte, soube que Savimbi tinha, sumariamente, movimentado os MRL e enviou-os para Mavinga. Deixou a sua principal força de assalto de 230 homens realizar o ataque surpresa nocturno contra Masseca sem o apoio de fogo credível. E Masseca defendeu-se com um batalhão completo das FAPLA. Eu recusei-me a envolver as minhas duas equipas de conselheiros no ataque, depois de termos sido excluídos da parte mais importante do nosso poder de combate, incluindo um formidável esquadrão de cinco aviões de reconhecimento do tipo Sabre”.

Savimbi começou em Masseca a partir os seus pés de barro. O mito já só existia em Lisboa ou nas delegações da UNITA nos EUA e na Europa. Os sul-africanos sabiam que estavam a apoiar um títere. Mas o coronel Ian Breytenbach faz uma excepção:

“Renato foi o Brigadeiro da UNITA cujas tropas tinham a missão de atacar e tomar as  posições defensivas das FAPLA na ponte. O Brigadeiro Renato, que eu assessorava, comandava a brigada que atravessou o rio para lançar o assalto principal. Ele foi um excelente soldado e um dos mais bem treinados e experientes oficiais generais que a UNITA já teve.” 

O brigadeiro Renato era um bom soldado mas tinha pouca companhia. Breytenbach escreve na página 268: 

“Os engenheiros da UNITA não tinham a mínima ideia de como atravessar um rio ou construir um pontão. Das mais de 40 embarcações de assalto que tínhamos agrupado, 11 perderam-se naquela noite, porque os engenheiros esqueceram-se de as amarrar correctamente. Foram à deriva pelo rio abaixo. Foi uma situação humilhante que colocou em causa a qualidade de treino que a UNITA tinha recebido dos efectivos das Operações Especiais do CSI.”

Os sul-africanos tinham investido na propaganda. A Jamba estava cheia de jornalistas e os “turistas” que garantiam o apoio político em Portugal. Era preciso tomar rapidamente o Cuito Cuanavale para as câmaras filmarem os soldados vitoriosos de Savimbi. Mas no terreno tudo corria mal. Breytenbach explica porquê, na página 269: 

“A tropa da UNITA era comandada pelo brigadeiro Numa, cunhado de Savimbi e o comandante de campo mais inexperiente da UNITA. O brigadeiro, que tinha estacionado a 20 quilómetros da parte traseira e afastada do campo de batalha, ordenou uma retirada imediata. O lugar estava em chamas, mas não fazia nenhuma diferença, porque o ataque da UNITA não se concretizou. Como o Brigadeiro Numa já tendo abandonado o seu ataque de diversão, a operação foi cancelada por 24 horas. Felizmente, levou tempo para que Renato reorganizasse as suas tropas. Enquanto o fazia, Savimbi foi até a Jamba para acalmar a imprensa que lá se tinha reunido em massa e preparava-se para viajar de helicóptero até ao Cuito Cuanavale, numa altura em que a cidade estava segura nas mãos das FAPLA. Savimbi era o comandante da operação mas partiu sem dizer nada e nem sequer deixou ninguém no seu lugar. Renato tentou contactar o Comando Táctico de Savimbi através do seu elo de ligação para pedir esclarecimentos e instruções, mas não houve resposta.” 

Abílio Numa afirma que a Batalha do Cuito Cuanavale, ou a soma de batalhas de Chambinga ao Triângulo do Tumpo, foi um mito. O coronel Ian Breytenbach revela factos no seu livro que justificam a afirmação do dirigente da UNITA. Está escrita na página 269, a apreciação do comandante do Batalhão Búfalo: 

“Eu tentei contactar Savimbi através do oficial de ligação sul-africano pelos meus próprios meios, mas foi em vão. Porém, depois de muito esforço, uma voz conhecida respondeu. Era o General Georg Meiring, que também estava a tentar localizar Savimbi. Ele caminhava no Comando Táctico vazio quando me ouviu a chamar, sem sucesso, por alguém e atendeu o telefone. Ele não podia esclarecer-me quanto ao paradeiro do Savimbi, ou sobre o que tinha acontecido ao oficial de ligação, que era suposto ser a ligação entre Savimbi e as minhas equipas de conselheiros.”

Savimbi desertou e as tropas sul-africanas fizeram um compasso de espera para lançarem um assalto com o apoio da artilharia. Escreve Breytenbach: 

“Esperaram inutilmente. O Brigadeiro Numa, em vez de regressar, decidiu que a discrição era a melhor parte da operação e retirou, apressadamente, a sua brigada para uma posição 20 quilómetros mais além da posição da noite anterior.” 

O “mito” estava a 40 quilómetros do polémico dirigente da UNITA. E ele em total segurança. Hoje é o presidente do Galo Negro, eleito pela Irmandade Africâner. Adalberto da Costa Júnior é um pobre coitado, atirado para a frente, como manobra de diversão. Mas voltemos à leitura do livro do coronel Breytenbach, que rematou desta forma o desempenho de Savimbi e Numa, na página 270 da sua obra: 

“Assim terminou a tentativa da UNITA de tomar o Cuito Cuanavale. Esse exercício fútil foi posteriormente denominado Operação Alpha Centauri. Quando Savimbi desertou da batalha para dirigir a sua conferência de imprensa na Jamba, que resultou num exercício vulgar de desinformação, ele abandonou os seus comandantes de brigada numa situação difícil. Também gastou mais de 20 milhões de rands dos contribuintes sul-africanos em munições de artilharia subaproveitadas. Mas ele foi assessorado e incitado por alguns oficiais operativos incompetentes da inteligência sul-africana, que nunca deviam ter deixado os seus gabinetes em Pretória, para discutirem as estratégias com este supervalorizado comandante da UNITA.” 

O livro do coronel Ian Breytenbach revela aspectos fundamentais para se compreenderem as derrotas das forças de Pretória no Triângulo do Tumpo. Mais do que qualquer outro documento sobre a Batalha do Cuito Cuanavale, esta obra revela os erros do inimigo e o papel da UNITA nessas batalhas. Breitenbach escreve na página 273:  

“O primeiro osso duro de roer era a tão forte entrincheirada e fortificada cabeça-de-ponte que o Brigadeiro Numa, da UNITA, não conseguiu derrubar em 1986, quando os defensores ainda eram poucos no terreno. O medo da UNITA pelos tanques fez com que, inevitavelmente, o esquadrão de carros blindados do 32º Batalhão desempenhasse o grande papel de travar o avanço das FAPLA.”

Na página seguinte, 274: 

“Em Agosto de 1987, o 32º Batalhão foi desdobrado no Rio Lomba, com ordens para travar o avanço das FAPLA. Criou-se um comando táctico, em Mavinga, para dirigir a Operação Modular. Jan Hougaard, agora comandante, viajou para ajudar o coronel Jock Harris, que era jovem para trabalhar com o altamente imprevisível Jonas Savimbi e as suas forças da UNITA. Sem surpresa, a UNITA não conseguiu travar o avanço das FAPLA em direcção ao Sul e muitos dos seus homens foram esmagados pelos trilhos dos tanques furiosos”.  

A Operação Moduler estava em marcha. Os aviões Mirage bombardeavam as posições das FAPLA e as populações civis. Os poderosos G5 bombardeavam de manhã à noite. As brigadas das forças angolanas respondiam sem vacilar. Em breve o alto comando sul-africano percebeu que tinha poucas possibilidades de romper as linhas de defesa das FAPLA. As tropas da UNITA só atrapalhavam. Leiam a página 277: 

“O serviço de inteligência da UNITA foi mais uma vez completamente impreciso. O Comando Táctico, ao que parece, não tinha aprendido que seria sensato tratar a inteligência da UNITA com prudência, algo que os veteranos no terreno tinham aprendido da experiência amarga.” 

As FAPLA no Triângulo do Tumpo aguentaram todas as investidas, todos os ataques de artilharia, todos os bombardeamentos aéreos. E o inimigo começou a tombar nos campos de batalha. Escreve Breytenbach na página 278: 

“O Capitão Mac Macallum, que serviu durante muitos anos no 32º Batalhão, foi morto com um tiro no pescoço. Quatro Soldados Buffalo, incluindo o Capitão Mac Macallum e o seu corajoso artilheiro, foram mortos. Dois dos homens em cima de um tanque foram mortos quando uma bomba atingiu a torre. O total de baixas do grupo Foxtrot era de três mortos e vários feridos desde que foram destacados para o Grupo de Combate Charlie. Começou a confusão com a 16ª Brigada”. 

Na página 287 do livro, Breytenbach prossegue:

 “Os Tanques das FAPLA destruíram vários Ratel 20. Os francos atiradores das FAPLA, em cima das árvores, eliminaram mais sete fuzileiros. Para aumentar a ansiedade, com a utilização de dispositivos de escuta electrónicos foi possível saber que 30 tanques T54 e T55 estavam a concentrar-se em três grupos distintos e em torno do posto avançado. Este era três vezes o número de tanques que o Grupo de Combate Charlie possuía. Os nossos tanques assumiram a dianteira e apressaram-se. Mas foram parados rapidamente, quando um dos tanques caiu num campo minado insuspeito. Um Ratel também foi vítima de uma mina terrestre e foi eliminado por um T55.

As FAPLA batiam-se heroicamente contra os invasores de Pretória. As brigadas 16ª, 21ª e a 66ª assumiram a defensiva no Triângulo do Tumpo. O inimigo dava tudo por tudo. Breytenbach descreve como avançavam rapidamente: 

“As nossas forças tinham começado a alcançar o inimigo quando os nossos aliados da UNITA, frustrantemente, alegaram que eles estavam prestes a entrar num campo minado. Isto criou um atraso, de mais de uma hora enquanto os engenheiros verificavam o terreno adiante, mas nenhuma mina foi encontrada (...) Enquanto isso acontecia, as FAPLA continuavam a sua corrida e aproximavam-se do ponto de passagem de Chambinga. O Grupo de Combate Alfa retomou a sua ardente perseguição, mas a sua marcha foi cancelada devido a uma outra informação da UNITA de que as entradas para as passagens tinham também sido minadas. Isto também foi comprovado como sendo falso. Depois de outro atraso, o Grupo de Combate Alfa retomou a sua perseguição e finalmente alcançou a cauda da 21ª Brigada. Nesse momento a UNITA abortou a operação e anunciou que um ataque aéreo era iminente.

Novo alerta falso: 

“Quando as intenções do Grupo de Combate Alfa ficaram claras para a UNITA, eles anunciaram, imediatamente, que outro ataque aéreo inimigo seria iminente. Ninguém podia adivinhar quais eram os motivos que fizeram com que a UNITA fornecesse informação falsa, em quatro ocasiões, aos sul-africanos, naquele dia. Talvez a razão pudesse ser encontrada na mente obscura e complicada de Jonas Savimbi. Só se pode especular. Ele tinha um enorme ego e era extremamente protector da sua imerecida reputação, como um especialista e comandante guerrilheiro. A UNITA, na melhor das hipóteses, só foi capaz de desempenhar um papel de apoio menor.”

O coronel Ian Breytenbach dá a estocada final no mito do grande chefe guerrilheiro e seus ajudantes. Está escrito nas páginas 293-294: 

“ As SADF, por razões políticas, sempre retrataram as vitórias no campo de batalha e os grandes fracassos das FAPLA, nos meios de comunicação social mundial, como feitos brilhantes do general Savimbi e do seu exército, UNITA. Isto aumentou a vaidade de Savimbi e ele provavelmente chegou mesmo a acreditar. Apresentava-se, frequentemente, com o seu material de guerra convencional nas conferências de imprensa, na Jamba.”

A mistificação fica a nu, na página 284 do livro “The Buffalo soldiers-The Story of South Africa’s 32 Battalion 1975-1993”. Escreve o coronel: 

“Os encontros com a Imprensa eram devidamente caprichados, com fotografias do campo de batalha cuidadosamente analisadas, mostrando as tropas vitoriosas da UNITA a agitarem as armas e posando como heróis sobre os destroços incendiados dos tanques das FAPLA. A imagem de Savimbi como guerreiro, serviu como grande incentivo às vitórias dos sul-africanos. Eu tive a experiência pessoal da lealdade dividida de certos oficiais do CSI. No final, isto causou sérios danos à minha carreira militar. Eu escrevi um relatório secreto, pouco lisonjeiro, para as Operações Especiais, valorizado apenas por algumas figuras, após o fiasco do Cuito Cuanavale. Revelava, sem rodeios, as deficiências da liderança militar de Savimbi e da UNITA. Eu considerei que era minha responsabilidade, como o oficial no terreno, informar ao departamento de que os 400 milhões de Rands do dinheiro dos contribuintes, subtraídos de um orçamento de defesa apertado, estava a ser esbanjado nas tentativas amadoras de Savimbi fazer a guerra”.

* Jornalista

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