terça-feira, 11 de janeiro de 2022

DIREÇÃO DA UNITA E GUERRA TOTAL

Artur Queiroz*, Luanda

O meu amigo Marcolino Moco deu uma entrevista ao Novo Jornal onde opina sobre temas de actualidade que eu não vou contestar nem sequer comentar. Mas tenho que lhe recordar alguns factos que acabam por tornar inútil o seu discurso. Caro Marcolino, não é um mestiço que está na direcção da UNITA e tu sabes isso melhor do que ninguém. O partido foi sempre dirigido de fora para dentro, desde Jonas Malheiro, que escolheu ser Savimbi que, como sabes, tem conotações com morte. Esta parte foste tu que me ensinaste.

A direcção da UNITA em 1977 era o coronel Passos Ramos, chefe da inteligência militar portuguesa na Zona Militar Leste. 

Este por sua vez recebia ordens do general Bettencourt Rodrigues, comandante supremo das tropas. Um oficial superior também dirigia a UNITA a partir do quartel-general da Região Militar de Angola (RMA) em Luanda. Chefiava uma repartição que tinha um serviço chamado CHERET (não sei o que é) e recebia ordens directas do general Luz Cunha, comandante em chefe das forças armadas portuguesas em Angola.

Militantes do MPLA arriscaram a liberdade e a vida para desviar da tal repartição do quartel general da RMA cartas de Savimbi aos generais Luz Cunha e Bettencourt Rodrigues, ordens de operações conjuntas e transferência de militares da UNITA para os Flechas da PIDE em Cangamba e Gago Coutinho (Lumbala Nguimbo). 

Por razões que desconheço só as cartas foram publicadas. Mas existia uma ordem secreta para que uma companhia de artilharia, a pretexto de proteger os madeireiros entre Cangumbe e Munhango, apoiasse Jonas Savimbi até todas as suas tropas serem integradas no Exército Português.

A companhia do exército português que protegia Savimbi em Cangumbe era comandada pelo capitão Benjamim de Almeida que anos mais tarde escreveu um livro intitulado “O Conflito na Frente Leste”. 

Em Outubro de 1973, o grande guerrilheiro e presidente da UNITA enviou-lhe uma carta com este pedido: 

“Não gostaria de ser incómodo, mas é a necessidade que me obriga a solicitar a sua boa vontade, caso possa fazê-lo, para me arranjar: Uma boa capa de chuva, um par de botas altas militares número 42, cinco frascos de aero-om e algumas bisnagas de bálsamo de mentol, pomada tópica. Caso lhe seja possível adquiri-los, gostaria que me indicasse quanto é”. (Páginas 199 e 200 do livro Angola- O Conflito na Frente Leste).

Meu caro Marcolino Moco, no fim deste texto podes ler no ANIEXO I a carta completa e mais outra que Savimbi escreveu ao capitão Almeida. 

Depois da leitura, mesmo desatenta, vais ficar com a certeza de que a UNITA era dirigida pelo alto comando das tropas portuguesas em Angola. 

O tenente Sabino fazia de correio entre Savimbi e o capitão Almeida. 

Em 1974, acabou o embuste porque o Movimento das Forças Armadas derrubou o regime colonialista e fascista. 

Savimbi arranjou logo outra direcção para a UNITA em Lisboa, Kinshasa e Pretória. 

Em 1978, tudo mudou de figura. 

A 10 de Abril foi criado o “Grupo de Contacto” constituído pelas potências ocidentais que tinham fortes interesses na África do Sul (EUA, Canadá, França, Inglaterra e Alemanha). 

Logo a seguir esses países apresentaram a “Proposta de Acordo sobre a situação da Namíbia” ao secretário-geral da ONU. 

O compromisso era criar condições para o fim do regime de apartheid e a libertação da Namíbia. 

No dia 29 de Agosto de 1978, o secretário-geral Boutros-Ghali  submeteu ao Conselho de Segurança da ONU um plano para a aplicação das medidas preconizadas.

Meu caro Marcolino Moco, tu sabes que a direcção da UNITA passou para o “Grupo de Contacto” com o apoio de Pretória no terreno. E todo o mundo sabe que esse cartel de potências ocidentais o que queria era instalar um regime de apartheid entre o Maiombe e a Cidade do Cabo. Savimbi era apenas dava a cor. 

A operação foi desmascarada quando as tropas invasoras sul-africanas retiraram do Cuando Cubango em Março de 1988 (dez anos depois do embuste chamado Grupo de Contacto) e deixaram para trás os tanques Oliphant, última maravilha da indústria bélica da República Federal da Alemanha. 

A Força Aérea de Pretória era constituída por aviões franceses e britânicos sendo estes construídos na própria África do Sul, como os Impala. 

Na fase decisiva da guerra, o Presidente Reagan ofereceu mísseis  FIM-92 Stinger ao regime racista de Pretória, via UNITA que só servia de biombo para contornar as sanções da ONU ao regime de apartheid. 

O Canadá despejou armas na África do Sul a granel. 

Esse foi o papel do Grupo de Contacto, armar o regime de apartheid e dirigir a UNITA. Savimbi fazia de chefe guerrilheiro e político sagaz!

Na fase mais aguda da Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial entrou em cena a “Estratégia da Guerra Total” concebida pela “Afrikaner Broederbond” (Irmandade Africâner), uma rede secreta dos “boers”. 

Eram os ultras do regime racista. 

Tinham imenso poder económico e influência política em Pretória, Washington Londres, Paris e Bona (RFA). 

A direcção da UNITA passou a ser exercida também por esta sinistra organização. E tu sabes, meu caro Marcolino Moco, que assim aconteceu. Foste primeiro-ministro e tiveste acesso a informação privilegiada. 

A Irmandade Africâner encarou a possibilidade de bombardear com armas nucleares algumas cidades angolanas. 

Conhecido por “Pelindaba-South African Nuclear Corporation”, o projecto  de armas nucleares estava localizado em Pelindaba, lugar onde nos anos 70 foram desenvolvidas as bombas atómicas sul-africanas. Só não tinham como transportá-las nem dispositivos para fazê-las explodir. 

Eu estive lá quando um antigo agente da inteligência militar sul-africana me levou também ao campo de concentração secreto onde os karkamanos esconderam antigos combatentes do Batalhão Búfalo e seus familiares, todos angolanos. 

Lá estavam abandonados, com dois Prémio Nobel da Paz na presidência da República em Pretória. Pela primeira vez na minha vida me fui abaixo. 

As mulheres e seus filhos a chorar, os maridos a chorar e eu a chorar. A reportagem, que publiquei na revista “Sábado” em 1992,antes das eleições, serviu para que todos fossem libertados e regressassem a Angola. Tu e Lopo Nascimento tiveram uma intervenção decisiva neste desfecho.

Meu caro Marcolino Moco, quando a UNITA perdeu as eleições, a sua direcção em Lisboa e Pretória ordenou a Savimbi que regressasse à guerra. 

Sabes bem que ele era um pau mandado e nada mais que isso. 

Depois de 2002, a Irmandade Africâner cobrou de Isaías Samakuva fidelidade aos acordos. Mas ele tentou cortar as amarras. Quando perdeu as eleições de 2012, a direcção da UNITA em Lisboa e Pretória decidiu mesmo afastá-lo. 

Atiraram para a frente com Abílio Camalata Numa. Ele foi muito desajeitado e a manobra falhou rotundamente. Tu sabes, meu caro Marcolino Moco, que a Irmandade Africâner queria a guerra total e não mais eleições. 

No dia 4 de Julho de 2013, sob a alegada violação dos Estatutos pela Comissão Política e pelo Presidente do Partido, Isaías Samakuva, Abílio Kamalata Numa, apresentou à direcção interna um documento que qualificou de “Recurso de clarificação da violação dos Estatutos”. Esperava por uma vaga de fundo dos militantes que afastasse o líder que perdeu a confiança da direcção externa. 

Abílio Kamalata Numa sempre foi o favorito da Irmandade Africâner. Reforçou esse favoritismo porque recompensou a direcção da UNITA na África do Sul. Sigam o rasto da kamanga de Valentim Amões. Numa fez o mesmo quando o chefe morreu no Lucusse. A Irmandade Afrikander recebe, vende e paga todos os lotes de diamantes, onde for preciso e na moeda mais conveniente. Mas Numa é politicamente muito desajeitado e foi derrotado.

Nas eleições de 2017, Samakuva averbou nova derrota. 

Lisboa e Pretória não gostaram. E decidiram radicalizar a UNITA. 

Colocaram Adalberto da Costa Júnior à frente do biombo, sabendo que é o mais desqualificado e desprestigiado membro da direcção interna. A missão dele é criar condições para a guerra total versão “manual do militante da UNITA”. Partir tudo, pôr em causa os órgãos de soberania, atirar com o caos e a violência para cima da democracia. 

A Irmandade Afrikander é isto que quer. As forças de extrema-direita portuguesas que congregam os restos do colonialismo, mais os “civilizados herdeiros” de Mário Soares exigem o fim do poder do MPLA. Tu sabes, meu caro Marcolino Moco, que a partir de agora já não há lugar para disfarces. 

Em Lisboa fizeram uma mensagem de Ano Novo a Adalberto da Costa Júnior tipo “programa eleitoral”. Para ele tirar o que lhe interessasse e divulgar. Sabes o que fez este grande político? Atirou com 3.532 palavras à cara dos jornalistas e dos dirigentes internos da UNITA (disfarces) que tiveram a paciência de ouvi-lo. São 22 000 caracteres e 41 parágrafos! Achas isto normal numa mensagem de Ano Novo? Impressa no Jornal de Angola dava quatro páginas compactas, sem fotos nem entretítulos!

O homem quer é despachar as ordens da direcção da UNITA. No fim ele não se esquece da fórmula de Washington, que Deus abençoe Angola. Mas o que verdadeiramente contou foi este parágrafo: “O cidadão é quem decide o seu futuro. Não é o Partido que governa. O poder de decidir é seu. É do povo e hoje o povo cresceu e por isso a manipulação também crescente da comunicação social pública! Vamos todos dizer basta! Se necessário vamos sair à rua e defender os nossos interesses.

Sabes o que deu este parágrafo, meu caro Marcolino Moco? 

Um autocarro incendiado, instalações do MPLA vandalizadas, cidadãos ameaçados e agredidos por não aderirem à barbárie. 

Sabes quando viste algo assim? 

No dia 27 de Maio de 1977. 

Nessa altura também a direcção externa dos fraccionistas deu ordens para matar.

A Irmandade Africâner e os restos do colonialismo, fortíssimos economicamente, agrupados na extrema-direita reinante e disfarçada de centrista e socialista querem a “guerra total” em Angola. 

Hoje começou o primeiro assalto. 

E isto, meu caro Marcolino Moco não é uma brincadeira de crianças. 

Já percebeste por que razão o Presidente João Lourenço ficou feliz pelo regresso de Isaías Samakuva ao Conselho de Estado. Tu também devias ficar. Porque ele é a garantia da recusa da guerra total em Angola.

Sabes onde começou esta segunda-feira? 

Na Rádio Despertar, programa IN final da semana passada. Um locutor histérico chamava barata tonta ao Presidente da República e instigava os militantes da UNITA a fazerem o que fizeram hoje. 

No final do festival de insultos, ameaças e ataques ao regime democrático, apareceu o presidente de uma associação de taxistas a dizendo que “segunda-feira lá estamos”. 

Tu tens crítica fácil aos Media públicos. 

E a Rádio Despertar que foi o motor dos acontecimentos de hoje, dia 10 de Janeiro, não te merece nem uma palavrinha de condenação? 

Estamos conversados.

Deixo-te com as cartas de Savimbi ao capitão da tropa portuguesa que o protegia em Cangumbe e como prova de que a Direcção da UNITA nunca esteve em Angola (ANEXO UM).

Também te deixo com um comunicado da UNITA de 2013, que comprova o golpe palaciano fracassado, de Abílio Camalata Numa por ordem da Irmandade Africâner (ANEXO DOIS).

                                                    ANEXO UM

Jonas Savimbi, em Outubro de 1973, enviou esta carta ao capitão Benjamim Almeida, que comandava uma companhia de artilharia da tropa portuguesa, aquartelada em Cangumbe e o protegia de possíveis ataques da guerrilha do MPLA:

Senhor capitão Almeida:

“Fiquei contente em receber a sua carta de 5.10.73. Que tenha feito uma boa viagem e pela sua carta depreendo que tudo tenha corrido o melhor possível, é o que mais me alegra, pois associo aos seus sucessos pessoais a possibilidade de se falar no assunto. (Integração da tropa da UNITA nas Forças Armadas Portuguesas). 

Quanto à minha saúde vou muito melhor do que dantes, o que me cria condições de pensar e analisar para penetrar os labirintos complexos da política Angolana que está sendo fortemente influenciada pela opinião mundial. É este factor que tem também de pesar nas nossas decisões pois embora Portugal sempre resolveu os seus problemas com a capacidade de uma nação independente, nem sempre os outros quiseram deixar os outros em Paz. A correlação e a interdependência das políticas internas com as políticas exteriores têm hoje a sua maior expressão no desenvolvimento dos meios de comunicação, na unidade económica que só projectam com maior facilidade as ambições dos países mais fortes e as tendências ao imperialismo. Angola fica precisamente situada nessa encruzilhada. Só os homens de uma vasta visão política, podem evitar para Angola o que a História dolorosamente escreveu na alma e nos corpos de outros países que muitas vezes foram projectados para o desconhecido com as nefastas consequências que se conhecem por aí fora.

A minha experiência permite-me pensar que não há soluções mágicas para os problemas políticos nem um homem chave para decifrar tais equações. 

Se de um lado a capacidade dos dirigentes pesa decididamente na correcta solução dos problemas e Portugal tem homens à altura, principalmente na distintíssima pessoa de Sua Excelência o Presidente do Conselho (Marcelo Caetano), há que se ter em conta as circunstâncias que rodeiam as situações que vivemos e a evolução do Mundo. É neste capítulo que eu tenho de lamentar os processos utilizados pelas Autoridades estaduais em resolver os problemas de Angola, na hora em que o MPLA sofre a sua maior crise de sempre. O optimismo em demasia é também reflexo do desconhecimento dos problemas desta África em constante mutação, Hoje já não há aliados definitivos e incondicionais.

Propus às Autoridades do Luso o dia 20.10.73 para um encontro com o senhor Capitão Benjamim o que espero poderá materializar-se e assim terei mais um prazer de falar consigo”. (Páginas 174 e 175 do livro Angola - O Conflito na Frente Leste).

O encontro com o capitão aconteceu. Savimbi, no dia 22 de Outubro, enviou-lhe a seguinte carta, entregue em mão pelo tenente Sabino, da UNITA:

“Senhor Capitão Almeida:

Esta tem por fim desejar-lhe boa saúde e que tenha tido um regresso agradável depois do nosso encontro. O meu amigo PUNA e eu mesmo, ficámos com uma excelente impressão da sua pessoa e cremos que haverá um campo largo de cooperação entre as forças que comanda e as nossas, desde que uma oportunidade para isso se apresente. E será com prazer que daremos esse passo mais à frente na direcção da consolidação do que já conseguimos no decurso dos dois anos transactos. Não há dúvida de que a nossa conversa do dia 20 (Outubro de 1973) passado veio desanuviar grandemente a atmosfera das nossas relações com o Luso (Comando da Zona Militar Leste das Forças Armadas Portuguesas) que estavam a tornar-se já de um equilíbrio difícil. Oxalá que os factos que discutimos abertamente tenham no futuro uma interpretação consentânea com os maiores interesses das populações do Leste e da Paz para Angola que continua Portugal em África, na sua forma mais actualizada. Estou bastante optimista que há um campo muito vasto em que a política de Portugal em África pode ser consolidada, apesar dos vendavais movidos pelos ambiciosos que só têm o olho em casa de outrem.

Haveria, é certo, uma maneira mais curta para se resolverem os problemas da participação da UNITA na vida Nacional na sua fase mais avançada da integração. Há, porém, factos que nos levam a andar mais devagar para que consigamos resultados mais duradouros. Embora a nossa vontade seria de resolver os nossos problemas entre nós, isto é, em casa, temos e teremos por muito tempo que contar com a influência do estrangeiro, pois nem as alianças de Portugal com o resto do mundo são isentas de traições que só a cobiça explica e muito menos as fronteiras de Angola com o resto de África podem ser hermeticamente fechadas. É a situação com a qual temos de nos medir, nós e os vindouros, hoje e amanhã, para que a política de multirracialidade encontre enfim os ecos que o mundo de hoje bem precisa para salvaguarda da Humanidade. O seu contributo será enorme pois que a proximidade de Cangumbe connosco faz com que seja o elemento mais indicado para a troca de impressões, quando isso for superiormente autorizado.

Estamos esperando pela nota do Luso, para que se tomem as necessárias providências para que a nossa delegação possa continuar as discussões a nível mais alto.

Não gostaria de ser incómodo, mas é a necessidade que me obriga a solicitar a sua boa vontade, caso possa fazê-lo, para me arranjar: Uma boa capa de chuva, um par de botas altas militares número 42, cinco frascos de aero-om e algumas bisnagas de bálsamo de mentol, pomada tópica. Caso lhe seja possível adquiri-los, gostaria que me indicasse quanto é.

É tudo que se me oferece para hoje. Com respeito e amizade, Jonas Malheiro Savimbi” (Páginas 199 e 200 do livro Angola- O Conflito na Frente Leste). 

Savimbi dizia às tropas portuguesas que o MPLA estava numa situação difícil e, por isso, era altura de atacar em operações conjuntas, para que Angola continuasse a ser Portugal em África.  

Numa outra carta do chefe do Galo Negro ao capitão Almeida, ele refere a necessidade de se encontrar “em conjunto e fraternalmente uma maneira mais curta para se resolverem os problemas da participação da UNITA na vida Nacional na sua fase mais avançada da integração” (Angola O Conflito da Frente Leste, página 199. Autor capitão Benjamim Almeida. Âncora Editora). 

ANEXO DOIS

REPÚBLICA DE ANGOLA

U N I T A

COMITÉ PERMANENTE DA COMISSÃO POLÍTICA 

V REUNIÃO ORDINÁRIA 

DELIBERAÇÃO/2013

A V Reunião do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, tomou conhecimento da Deliberação do Conselho Nacional de Jurisdição datada de 4 de Julho de 2013 sobre a alegada violação dos Estatutos pela Comissão Política e pelo Presidente do Partido, suscitada pelo membro Abílio Kamalata Numa, no documento que qualificou de “Recurso de clarificação da violação dos Estatutos”.

O Comité Permanente tomou boa nota da Deliberação do órgão jurisdicional do Partido, segundo a qual:

Os Estatutos da UNITA não consagram o recurso como meio de impugnação das decisões da Comissão Política.

A Comissão Política é o órgão deliberativo do Partido no intervalo dos Congressos e as suas decisões são irrecorríveis.

O alegado conflito interpretativo é inexistente.

Não houve em momento algum violação dos Estatutos do Partido pela Comissão Política por ter continuado a velar pela aplicação da linha de orientação política do Partido, sua estratégia e programa, conforme definidos pelo X e XI Congressos, bem como traçar as orientações a seguir para a sua materialização

A Comissão Política exerceu tais competências, nos termos do artigo 25º, nº1 dos Estatutos, que dispõe:

“Velar pela aplicação da linha de orientação política do Partido, sua estratégia e programa, bem como traçar as orientações a seguir para a sua materialização”.

De facto, o Comité Permanente constatou que não houve em momento algum violação dos Estatutos do Partido pelo seu Presidente por não ter exercido a faculdade de convocar um Congresso extraordinário, conforme proposta apresentada pelo membro Abílio Kamalata Numa e rejeitada pela maioria esmagadora dos membros da Comissão Política presentes. 

O Comité Permanente constatou ainda que, assistia ao membro Abílio Kamalata Numa, na qualidade de minoria vencida, o direito de pedir a convocação de uma outra reunião do mesmo órgão que deliberou sobre a questão, no caso a Comissão Política, para reexaminar o assunto, nos termos do artigo 13º, alínea d) dos Estatutos.

E porque o membro Kamalata Numa não exerceu tal direito em sede própria e na forma apropriada, o Comité Permanente da Comissão Política da UNITA delibera:

Considerar justa e acertada a deliberação do Conselho Nacional de Jurisdição que considerou improcedente e, por via disso, indeferiu a pretensão do membro do Comité Permanente da Comissão Política, Abílio Kamalata Numa.   

Luanda, 26 de Julho de 2013

O Comité Permanente da Comissão Política da UNITA 

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