terça-feira, 1 de março de 2022

LIBERTAR NÃO É FAZER GUERRA!

Martinho Júnior, Luanda

A grande lição da mudança de paradigma que se está a presenciar na Ucrânia passa pela definição de conceitos que colocam face a face os que são pelo ter, por que se inscrevem na mentalidade do domínio hegemónico e unipolar, em relação aos que são pelo ser, que sabem muito bem que o que há para fazer é garantir vida, preservar vida e assumir a cultura da lógica com sentido de vida com responsabilidade individual e colectiva, a vida num ambiente de respeito multilateral!

Então nos órgãos de comunicação que se debruçam sobre a evolução da situação na Ucrânia, há que levar isso em conta em toda a profundidade do seu significado!

Os meios de comunicação ligados ao hegemon unipolar e ao seu zombi-mor na Europa o ser híbrido UE-NATO, que corresponde ao sentido da ocupação e expansão, estão vocacionados para o ter a todo o custo e isso é a barbaridade feudal em pleno século XXI!

Os meios de comunicação que estão ligados ao multilateralismo, estão sobretudo vocacionados para o ser, para a responsabilidade dos que procuram garantir a vida e com isso buscar também segurança vital repartindo em comum essa segurança, que está inerente à paz (prevista nos Acordos de Minsk) que em 8 anos não foi substantivamente alcançada na Ucrânia por que os que são desesperadamente pelo ter não quiseram aplicar o princípio justo do diálogo e da busca incessante de consensos (por isso a “democracia representativa” que apregoam é mesmo uma fraude!...

… Aproximam-se esses órgãos de comunicação, da identidade não-alinhada dos povos, dum não alinhamento que em tudo deve ser valorizado pelo seu carácter antropológico (cultural) e não por ser uma vaga ideia de “equidistância”!|

A Praça Maidan é, face a esta leitura profundamente dialética, o exemplo evidente duma contra revolução colorida e a prova está no exercício feito em sua sequência na Ucrânia, até se chegar à irresponsabilidade neonazi posta em prática pelos ukronazis, armada pelos que são pela expansão do zombi-híbrido que é a UE-NATO, armados até aos dentes (por isso são agora unidades especiais e bombardeiam indiscriminadamente civis, ou tornam-nos em seus próprios escudos humanos)!

A contra revolução da Praça Maidan é também responsável por ter sido um mecanismo que arrancou na direcção da russofobia e com essa russofobia, do “apartheid” em pleno século XXI, completamente inibidor de diálogo e da busca de consensos, essenciais ao multilateralismo!

Há ainda outros meios de comunicação que estão num limbo cinzento: reportam notícias da guerra, dum lado e da libertação de outro, pelo que se esse trabalho for acompanhado de sínteses-analíticas adequadas, até podem ser pedagogicamente muito úteis para todos nós, na justa busca de sermos simplesmente mulheres e homens dignos, antes de mais mentalmente saudáveis, mentalmente descolonizados!

Essa situação não é um mero jogo das palavras guerra e libertação, por que os conceitos devem ser medidos de forma a balancear a sua substância não só reflexiva, mas sobretudo a destrinça que advém de sua aplicação por uns e por outros, de suas práticas, umas legítimas e outras completamente ilegítimas por que são bárbaras!

Libertar urge por que o que há a fazer é libertar o povo russo, o povo ucraniamo, o povo europeu, do colonialismo mental que procura a todo o transe que cada um e todos nós sejamos transformados em zombies com mentalidade de colonizador ou de colonizado, com a mentalidade do ter e ter cada vez mais, sabendo que o colectivo vai ficar imensamente penalizado se assim o for e se esquecer que há que respeitar o ser e acima de tudo respeitar a vida, respeitar a Mãe Terra!

Se a Federação Russa partisse para a guerra, então as cidades ucranianas já teriam sido varridas do mapa logo no primeiro dia, com milhões e milhões de mortos e é evidente, pelo que se assiste, que “Kiev não será como Bagdad”!

O novo paradigma é pela descolonização mental, é por um exercício emergente multilateral simultaneamente garante de segurança vital, é por um Não Alinhamento activo, conforme à expressão maior da identidade própria de todo o Sul Global!

Saibamos separar lúcida, clarividente e substantivamente, o que significa a palavra guerra e o que significa a palavra libertação, por que isso passa pelo sinal televisivo para o qual, em nossas próprias casas, estamos quotidianamente a olhar!

Martinho Júnior, 28 de Fevereiro de 2022

* Imagem duma bárbara zombie-mor, assumindo o papel mental de mentora de colonialismo ávido de ocupação e expansão, ávido de ter e ter cada vez mais, nem que isso signifique ausência de diálogo, tensão, conflito, ou guerra! – União Europeia banirá mídia estatal russa Medida foi anunciada pela presidente da Comissão Europeia; RT e Sputnik serão banidos dos países do bloco...

Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/uniao-europeia-banira-midia-estatal-russa/)
© 2022 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas. – https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/uniao-europeia-banira-midia-estatal-russa/  

Sem comentários:

Mais lidas da semana