quinta-feira, 31 de março de 2022

OS MELHORES DO MUNDO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Portugal tem um problema insolúvel com os seus heróis. No tempo da guerra colonial guindava aos píncaros da fama e cobria com o manto do heroísmo os que assassinavam populações indefesas. Anda por aí muito assassino com as mais altas condecorações portuguesas. Alguns até se opuseram ao 25 de Abril de 1974 e tentaram salvar o império combatendo em Angola ao lado das tropas do regime de “apartheid” da África do Sul ou integrando esquadrões especiais armados pelo ditador Mobutu.

Hoje os heróis dos portugueses são o lixo humano que segue os caminhos da insídia e da traição em Angola. Qualquer pobre diabo que soletre umas palavras contra o Executivo Angolano ganha em Lisboa o estatuto de activista dos direitos humanos e tem todo o espaço nos órgãos de comunicação social. Angolano que em Lisboa insulte os titulares dos órgãos de soberania de Angola é um herói para os portugueses. 

Todos os investidores estrangeiros são bons para Portugal, menos os angolanos. Esta posição não é nova. Vem desde a noite de 10 de Novembro de 1975, quando um ministro do governo português de então, Mário Soares, impediu o Conselho da Revolução de reconhecer a independência de Angola, dando aos “Capitães de Abril” informações falsas. Desde então a falsidade, a mentira despudorada, a intriga desavergonhada, a chocante falta de respeito por um Estado soberano têm feito o seu caminho em Lisboa. 

A democracia portuguesa já tem mais dias do que teve a longa ditadura fascista. Isso só foi possível porque os angolanos se bateram de armas na mão contra o colonialismo. Apesar disso os sucessivos governos constitucionais, salvo raras excepções, têm relações ambíguas com Angola, para não dizer inamistosas. Foi assim que Savimbi e seus sicários tiveram e têm em Lisboa estatuto de heróis. Os “revus” eram heróis do mar. Agora que foram ao ar, ainda são os maiores. Agualusa, Rafael Marques e outros artistas menores na arte da extorsão, têm em Lisboa palco e cumplicidades.

Portugal tem a melhor cortiça do mundo.

Portugal tem o melhor oligarca russo do mundo, Roman Abramovich um português legítimo oriundo das perseguidas famílias sefarditas.

Portugal tem as melhores latas de sardinhas do mundo.

Portugal tem a melhor televisão do mundo. José Eduardo Moniz regressou às lides e rifou a Manuela. Judite de Sousa engole cada vez mais os “erres” e tem orgasmos em directo quando ouve falar o presidente Zelensky. Juca Magalhães está mais dopinha de mada (sopinha de massa) do que o Tio Célito. José Alberto Carvalho dá mais grunhidos entre cada palavra. É um festival de grandeza, talento e qualidade. É o Jornalismo assassinado em directo. Aprendam.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Teixeira Cândido, está feliz com o naufrágio do Jornalismo Angolano e para não estar calado (se não tem nada a dizer, não é obrigado a falar...) quer mais poderes para a ERCA. Porquê? Nem exerce os poderes que tem! Ainda mais poderes só atrapalham. Isto do poder tem que se lhe diga. Muito que se lhe diga.

Carlos Ferreira (Cassé) publicou hoje uma crónica no Novo Jornal de homenagem ao general Paulo Lara. É isso mesmo, Lúcio Lara e Ruth Lara foram exemplos vivos de honradez e dignidade. Tiveram artes de passar essas qualidades a quem com eles conviveu de perto e seguiu os seus exemplos. Paulo Lara foi seguramente um dos seguidores. 

Os vivos hão-de honrar os mortos e fazer de Angola um grande país em África. Só já temos um trimestre completo para criar a maior maioria parlamentar de sempre que leve ao fim do banditismo político e mediático. Oxalá.

* Jornalista

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