quarta-feira, 11 de maio de 2022

A FEBRE DO DINHEIRO E O ESPECTÁCULO DA GUERRA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A sociedade do espectáculo ganhou uma dimensão cósmica quando aviões de passageiros foram atirados contra as Torres Gémeas, em Nova Iorque. Foi uma espécie de triunfo dos porcos em todas as suas dimensões. Desde então as televisões tornaram-se uma religião e quem não aparece nos ecrãs, não existe. Deus é um Big Brother que decide quem existe. Escolhe as mãos que podem mexer nos botões e transmitir som e imagens. Determina que matérias fazem parte dos bombardeamentos informativos. Ordena quem deve expor a sua intimidade, até ao mais profundo dos seus jardins secretos.

Este mundo foi construído por políticos da dimensão de Ronald Reagan, um actor do nível de Zelensky, Marghareth Tatcher, José Maria Aznar, Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa e outros filhotes de fascistas sempre prontos a disparar contra o coração da democracia, tenham ou não tempo de antena. Portugal, como sempre, é o melhor do mundo neste concurso televisivo. O audiovisual exige uma dicção perfeita e boa colocação de voz. As grande estrelas televisivas portuguesas são ”dopinha de mada” (sopinha de massa), belfos, tartamudos. Falam como se tivessem uma batata quente na boca, comem sílabas inteiras. 

Cavaco Silva fala devorando a dentadura. Marcelo Rebelo de Sousa é incapaz de pronunciar uma palavra sem sibilar. Embrulha a língua nos dentes e cospe palavras salivadas. Na TVI teve dois parceiros ainda piores, Juca Magalhães e a impagável Judite de Sousa. A grande estrela da RTP era uma tal Sandra Felgueiras, devoradora de erres e sílabas inteiras. Enfim, há poucas excepções. Mas isso é o menos. Gravíssimo é o assassinato do jornalismo que os Media portugueses iniciaram em 24 de Fevereiro passado.

Um tal Nuno Rogeiro, “comentador” da SIC, entrevistou o ministro dos negócios estrangeiros da Ucrânia, por encomenda da CIA e do Pentágono. Entrevista exclusiva! Não pode. Só os jornalistas estão autorizados a produzir notícias, reportagens e entrevistas. Ninguém põe um talhante a fazer cirurgias no bloco operatório de um hospital. Ou põe um lunático a pilotar aviões. Mas em Portugal, mais falso jornalista menos falso jornalista, é igual ao hectolitro. 

A sociedade do espectáculo exige muita mão-de-obra descabeçada e obediente. Por isso, vai tudo à frente. Até agentes das secretas fazem de jornalistas. Os primeiros capítulos começaram na Guerra do Golfo, com jornalistas “embebidos” nas tropas invasoras. Os donos perceberam que era barato “cobrir” as guerras e nunca mais pararam. A operação da Federação Russa na Ucrânia tem sido um verdadeiro maná. Estão a facturar milhões! Mandam serventes para “a linha da frente” e aí vai disto. Propaganda abjecta, rastejante, insultuosa. 

Os prémios Pulitzer distinguiam o bom jornalismo. Este ano, foram premiados uns quantos agentes da PIDE do Zelensky, apelidados de jornalistas. Dezenas de estrelas! Que sirva de exemplo para as e os intrépidos repórteres portugueses. Ninguém recebeu uma esmolinha. Nem a Ana Sofia Cardoso que viu uma bomba a arder no capim e deu a notícia do século. Disse ela, com aquela voz de carrascão do Cartaxo: “O comandante Russo acordou morto”. E a pequena não teve direito a Pulitzer. Grandes sacanas, estes agentes da CIA e do Pentágono.

A Ucrânia atingiu o climax da sociedade do espectáculo. Só não mostram em directo os nazis do Batalhão de Azov encurralados na fábrica de Mariupol. Nem o laboratório de armas biológicas, instalado nas profundezas de Azovstal. O grande espectáculo da guerra passa de manhã à noite, nas CNN e todos os Media do Ocidente. Zelensky, sempre no palco! Levou o país para a destruição e causou milhões de refugiados. Mais os milhares de mortos. É o herói do estado terrorista mais perigoso do nundo (EUA) e da União Europeia.

As instituições que têm o dever de zelar pelo respeito escrupulosa das regras do jornalismo fecharam portas e foi todo o mundo para a Ucrânia, assistir ao espectáculo. A SIC de Pinto Balsemão levou a cena a um nível elevadíssimo. Uma apresentadora da casa adoeceu e foi-lhe diagnosticado um cancro no estômago. Uma jumenta cacarejante apresenta o programa Júlia. Apareceu triunfante dizendo que consegui uma entrevista em exclusivo com a colega. E a doente apresentou-se, sorridente, bem-disposta, orgulhosa do seu cancro. As duas ficaram ali numa amena cavaqueira, rindo, às vezes chorando (a enferma) e as audiências bateram recordes. Querem este mundo? Querem esta sociedade? Sirvam-se à vontade.

Guerra no Iraque. A coligação internacional roubou os fundos soberanos do país. Milhares de milhões. Guerra na Líbia. Os países da OTAN (ou NATO) roubaram os fundos soberanos do país. França, Reino Unido e Itália foram os grandes beneficiários. Fundos soberanos da Venezuela roubados pelos EUA e vários países da Europa. Milhares de milhões roubados. Em nome do “presidente Guaidó”. Portugal abarbatou uns milhares de milhões! Entretanto o Guaidó foi à vida. Um dia destes tem a companhia do Zelensky. Já faltou mais.

Ontem o senhor Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia fez uma proposta ousada: Os 300 mil milhões de euros dos fundos soberanos da Federação Russa nos bancos europeus devem ser confiscados e oferecidos à Ucrânia. Claro que os nazis levam uns trocos e o resto fica para os falidos dos EUA e da Europa. O presidente Biden deu o mote. A semana passada propôs que os milhares de milhões confiscados aos milionários russos, devem ser destinados “à reconstrução da Ucrânia”. Já se percebeu por que apostam tanto nas armas, armas, armas, guerra, guerra, guerra. Não lhes vai faltar. Pobres ucranianos e os que se seguem.

Reino Unido, EUA, Canadá e a União Europeia em peso garantem que a Ucrânia já ganhou a guerra. Têm razão. Está ganha. Entretanto a operação militar especial da Federação Russa para desarmar e desnazificar a Ucrânia continuam com todos os cuidados, porque a população ucraniana é em grande percentagem russa ou russófona. O meu consultor para os assuntos militares diz que já só faltam os acertos finais. Os nazis armados estão em vias de extinção. Já é bom. A Internacional Nazi, que tomou de assalto a cúpula da União Europeia tem de ser travada. E isso só é possível com uma nova ordem mundial. 

*Jornalista

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