quinta-feira, 19 de maio de 2022

OBSERVADORES DOS CRIMES DE GUERRA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O senhor presidente Biden anunciou solenemente que os EUA vão criar um “observatório “ para apurar os crimes de guerra da Federação Russa na Ucrânia. É, seguramente, o único país com credibilidade e autoridade para tal tarefa. O seu braço armado, OTAN (ou NATO), teve um desempenho muito competente na Jugoslávia, matando 140.000 civis e provocando quatro milhões de refugiados ou desalojados. É muita experiência na prática de crimes de guerra.

Nesta matéria sou um incompetente. Por isso não sei como qualificar os voos secretos da CIA que serviram para transferir ilegalmente milhares de cidadãos inocentes, torturá-los, escondê-los em prisões secretas e matá-los. O esquema era muito simples. As forças repressivas do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) prendiam cidadãos, de preferência árabes, metiam-nos em aviões não identificados e levavam-nos para cárceres secretos em países peritos em matar e torturar prisioneiros. 

Eis os nomes desses países com democracias acima de qualquer suspeita: Reino Unido, Alemanha, Polónia, Canadá, Jordânia, Iémen, Portugal e Finlândia. Lisboa e Helsínquia apenas reconheceram ter autorizado o uso do espaço aéreo e aeroportos para os voos secretos da CIA. A coroa de glória dos EUA é o Iraque. A coligação militar que liderou, causou mais de um milhão de mortos e três milhões deslocados ou refugiados. Mais a prisão de Abu Ghraib, uma pequena cidade prisional construída em 1960 pelos colonialistas britânicos. Naquela prisão aconteceram torturas e execuções sumárias. Em 2004, tinha mais de 7.000 prisioneiros suspeitos de terrorismo. Um relatório da Cruz Vermelha Internacional diz que “90 por cento das pessoas mantidas presas em Abu Ghraib não são culpadas de nada e muitas foram presas sem motivos, pelas patrulhas norte-americanas”.

Isto acabou mal. Janis Karpinski, a responsável por todas as instalações prisionais no Iraque ocupado, foi despromovida a coronel. Mas quase todos os soldados e oficiais envolvidos não foram sequer acusados. Em 2004, George W Bush Bush pediu desculpas públicas pelos crimes dos EUA na prisão de Abu Ghraib, garantindo que essas práticas são proibidas nos EUA.

Pior a emenda do que o soneto. Porque todos conhecemos os “Manuais KUBARK”, nome oficial dos chamados "Manuais de Tortura" usados pela CIA  e as forças militares norte-americanas no mundo. O cardápio até inclui experiências médicas em  seres humanos prisioneiros, como faziam os nazis no campos de extermínio.  

Os Manuais recomendam que as pessoas sejam detidas s de madrugada. Apanhadas desprevenidas, ficam em choque. Assim submetem-se facilmente aos torturadores.  No momento da detenção, as vítimas são imediatamente vendadas e despidas até ficarem, completamente nuas. Depois são colocadas em isolamento total e impedidas de dormir. Os manuais da CIA recomendam que as salas de interrogatório não tenham janelas, sejam à prova de som, muito escuras e sem instalações sanitárias. Os torturadores devem aplicar aos prisioneiros dor física (o mais possível), hipnose e uso de drogas alucinógenas.

O antigo vice presidente Dick Cheney  guardou para si cópias dos manuais de tortura, que foram preparados pela CIA e o Exército. Praticamente todos os países da América do Sul e Latina enviaram pessoal para formação na chamada Escola de Assassinos, dirigida pela CIA. O observatório de crimes de guerra da Federação Russa na Ucrânia está em boas mãos. O Poder Judicial, naquele país, como foi denunciado por Antony Blinken, recebe ordens do poder político que é de raiz nazi. Tudio se conjuga para o “observatório” ter êxito. 

O primeiro-ministro português, António Costa vai ao beija-mão de Zelensky. Só não se sabe quando. O presidente da Assembleia da República, Santos Silva, também vai. Hoje falou demoradamente com o seu homólogo ucraniano. Um dos temas tratados foi a adesão da Ucrânia à União Europeia. É já amanhã. Não posso afiançar nada mas devem ter falado de um episódio macabro, que aconteceu no passado dia 17 de Maio. Vyacheslav Shevchuk, um oficial do Serviço de Segurança da Ucrânia (a PIDE do Zelensky) abateu seis militantes do partido maioritário (Servo do Povo), sem julgamento nem investigação, apenas porque defenderam a necessidade de negociar a paz!

Hoje o jornalismo português subiu imensos furos na  sua credibilidade. Um repórter da CNN Portugal deu a notícia do século. Numa cidade ucraniana que esteve ocupada pelas forças russas, foi encontrada uma vala comum com três corpos. Disse o repórter prémio nobel do jornalismo: “os três cadáveres apresentavam sinais do que foram mortos a sangue frio pelos russos”. As tropas da Federação Russa retiraram há mais de um mês e os corpos ainda mostram sinais de que foram mortos a sangue frio. Uma pergunta ingénua: na TVI já não há jornalistas? E se há, admitem estas falsificações da profissão? Ou está todo o mundo à rasca para pagar o gás e o petróleo russo em rublos? 

Hoje vou dar notícias de fontes seguras e credíveis sobre as rendições em Mariupol. Primeira notícia. Ninguém do governo ucraniano tem a ver com o assunto. A Cruz Vermelha e a ONU nada têm a ver com o processo, é ´uma questão entre militares. Até à hora em que escrevo, renderam-se em Azovstal, desde 16 de Maio, “um  total de 969 soldados e oficiais, dos quais 80 feridos, sendo  55 graves”. Os principais comandantes nazis ainda não se renderam. Esta informação é do comandante da Brigada Vostok, Alexander Khodakovsky. Também revelou que já foram capturados 1.750 nazis. E nas catacumbas de Azovstal, segundo revelaram prisioneiros, ainda estão  2.500 membros do Batalhão de Azov.

A região de Donbass está cheia de cadáveres das Forças Armadas da Ucrânia. Militares ucranianos capturados andam a recolher os corpos dos colegas mortos. Serviço cívico e humanitário.

O presidente Milanovic da Croácia informou hoje que o seu país vai seguir “o exemplo da Turquia” e bloquear os pedidos de adesão à OTAN (ou NATO) da Suécia e da Finlândia. Confiem. A notícia é da Associated Press, braço noticioso da CIA.

*Jornalista

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