domingo, 22 de maio de 2022

VIOLADORES DA DEMOCRACIA CONTAM ESPINGARDAS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Mark Milley chefão militar dos EUA, aconselhou os jovens do seu país a estarem prontos para a guerra. Naquelas bandas a bebedeira belicista está no máximo. Mykhailo Podolyak “conselheiro” do Zelensky, disse numa entrevista que “cessar-fogo na Ucrânia nunca, temos de derrotar militarmente a Rússia”. É muita droga no papo. O actor servo do povo ucraniano já não diz coisa com coisa. Um dia defende uma solução diplomática para o conflito e no dia seguinte bolsa paleio de nazi. Disse a António Costa: “Não tenham medo da Rússia, estejam unidos contra eles. Nós somos o punho que os golpeia até à derrota”. Quando a ganza é leve quer diplomacia. Quando injecta ou snifa, é porrada até os russos irem ao tapete.

Ainda se lembram dos Acordos de Minsk? Pois, pois, já não se lembram. É proibido falar deles. Por isso eu falo. Foram assinados em 2014 e 2015 pelo governo ucraniano e os separatistas do Leste da Ucrânia. Kiev nunca os cumpriu, jamais respeitou o acordado. Mas, segundo o presidente francês Emanuel Macron, “Os acordos de Minsk são o único caminho que permite construir a paz e encontrar uma solução política sustentável.” Já se esqueceu desta opinião.

Após o golpe militar de 2014 na Ucrânia contra o presidente eleito, que levou ao poder forças assumidamente nazis (Revolução Maidan), surgiu imediatamente um movimento separatista no Leste da Ucrânia. Kiev tentou afogar em sangue os revoltosos de Donetsk e Lugansk que proclamaram, unilateralmente, repúblicas populares. As tropas ucranianas tiveram pesadas derrotas. Foi assinado o Acordo de Minsk, parte um, que restabeleceu a paz. As autoridades de Kiev não respeitaram o acordado e a guerra regressou em força. As tropas das repúblicas populares cercaram unidades ucranianas em Debeltseve e o presidente golpista, Poroshenko, salvou as vidas de centenas de militares, assinando a segunda versão do Acordo de Minsk.

Entre 12 e 15 de fevereiro de 2015, representantes da Ucrânia, Rússia, Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e os líderes das regiões separatistas sentaram-se à mesa e negociaram. Participaram também o presidente Vladimir Putin, o presidente François Hollande e a chanceler alemã, Ângela Merkel. O acordo foi assinado e tem 13 pontos.

A segunda versão do Acordo de Minsk previa a adopção de uma nova Constituição ucraniana, na qual se reconhecia a autonomia das regiões de Donetsk e Lugansk. A Lei Constitucional garantia às repúblicas populares  a autodeterminação linguística, a nomeação de procuradores e juízes com a intervenção das autoridades locais, cooperação transnacional entre as repúblicas populares e as regiões da Rússia, com o apoio das autoridades centrais.

Dois pontos essenciais. As repúblicas populares tinham o direito constitucional de eleger parlamentos e criar forças armadas próprias. A Ucrânia retomava o controlo das fronteiras imediatamente e organizava eleições nas duas regiões, sob os padrões da OSCE. Nada foi cumprido. Pelo contrário, Zelensky alterou a Constituição da República mas no sentido de aderir à OTAN (ou NATO) e à União Europeia. Depois despachou os nazis do Sector Direita, Bandera e Batalhão de Azov para o Leste onde, segundo o alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos, cometeram um verdadeiro genocídio. Leiam os relatórios.

Ao longo de oito anos, ninguém se preocupou com o espezinhar dos Acordos de Minsk, por Kiev. Ninguém foi ver aldeias, vilas e cidades esventradas, das repúblicas populares. Ninguém quis saber de crimes de guerra. Ninguém chorou os mortos do Leste. Hollande passou a pasta a Macron e ele nunca se preocupou com  a mortandade no Leste da Ucrânia. Quando a operação militar especial da Federação Russa começou, então lembrou-se que “os acordos de Minsk são o único caminho que permite construir a paz e encontrar uma solução política sustentável.”

A chanceler Ângela Merkel passou a pasta a Olaf Scholz e este fingiu que nunca tinha ouvido falar nos Acordos de Minsk. Só se lembrou quando percebeu que pode ficar sem gás e petróleo. António Guterres nunca foi às repúblicas populares dar uma palavrinha aos que estavam a ser vítimas de um genocídio perpetrado por nazis. O Tribunal Penal Internacional nunca mandou “advogados” recolher provas do genocídio, para levar os genocidas a julgamento. O senhor António Costa chegou a primeiro-ministro de Portugal em 2015, precisamente quando foi assinada aa segunda versão do Acordo de Minsk. Nunca quis ir ver as destruições no Leste da Ucrânia. Mas no dia 25 de Fevereiro de 2022, todos descobriram que a Ucrânia estava em guerra.

Os nazis alemães voltaram o seu ódio contra judeus e comunistas. O antissemitismo e o anticomunismo foram as suas bandeiras. Os nazis ucranianos concentram o seu ódio nos russos. E contaminaram todos os países da OTAN (ou NATO) e da União Europeia. Desde o golpe de estado de 2014 que os russos na Ucrânia são perseguidos. Todos sabem mas fingem que não. Os russos ucranianos não podem votar! Não podem falar a sua língua! São perseguidos, presos, torturados e mortos. É a russofobia em grande. 

António Costa disse, com sinceridade e franqueza, que Zelensky é uma inspiração para todos os políticos do mundo. Sim, são todos mentores e seguidores da russofobia. Mas, felizmente, está enganado. Nem todos se deixaram inspirar. Os países que votaram contra a suspensão da Federação Russa do Conselho de Direitos Humanos da ONU são a salvação contra o nazismo galopante. Os que se abstiveram, são uma esperança de que a Humanidade não vai sucumbir aos nazis engravatados, ou feios porcos e maus.

A guerra da OTAN (ou NATO) contra a Federação Russa por procuração passada na Ucrânia está a revelar-se devastadora. Os ucranianos que não têm dinheiro para pagar às Máfias de Leste, vivem num sofrimento atroz. Morrem por contra do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) perdem tudo e mais alguma coisa. Os políticos da União Europeia e da OTAN (ou NATO) revelaram as suas entranhas, desde 24 de Fevereiro de 2022. Estão podres e malcheirosos. São uma mancha horrenda na honra da Humanidade. À mínima oportunidade, mostraram logo as garras esclavagistas e colonialistas. Revelam exuberantemente que são vírus perigosos da democracia.

Esta gentalha apodrecida já não disfarça o seu ódio à liberdade dos povos e à dignidade dos cidadãos. São todos Zelensky. Têm um nazi Azov na cabeça. De um dia para o outro, o governo da Polónia passou de violador do estado de direito e inimigo do regime democrático, a paladino da democracia. São o modelo da União Europeia. O que mudou? São russófobos.

E a Ucrânia? Vou repetir. O senhor Antony Blinken, secretário do Departamento de Estado, e a senhora Wendy Sherman, subsecretária, no relatório anual, que assinaram, sobre os direitos humanos no mundo, dizem sobre o paraíso de Zelensky:

 “Na Ucrânia há execuções extrajudiciais e tortura (...) tratamento cruel de detidos por agentes da ordem, condições prisionais duras e ameaçadoras, detenções arbitrárias e problemas graves com a independência do Poder Judicial (...) Existe violência com base no género ou orientação sexual, antissemitismo, e contra pessoas com deficiência ou de grupos étnicos minoritários, bem como as piores formas de trabalho infantil (...) O Governo não tomou medidas adequadas para perseguir ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, resultando num clima de impunidade”.

António Costa é péssimo actor. Ficou chocado quando viu prédios esventrados nos arredores de Kiev. Não sabia que houve ali confrontos militares terríveis! Grande farsante. Ele sabe que as tropas ucranianas guardaram e guardam material de guerra em prédios de habitação, instituições públicas, como escolas, hospitais e centros de saúde, centros comerciais ou fábricas. Ele está careca e pançudo de saber. O Costinha ficou impressionado quando viu um automóvel cheio de perfurações de balas. Ele está careca e pançudo de saber que os militares, dos dois lados, se escondem arrás seja do que for, para se protegerem. 

Ao Costinha, sem respeito nem consideração, mando estes factos comprovados.  Em Kharkiv, as Forças Armadas da Ucrânia instalaram obuses D-30 e MLRS numa fábrica de cimento e coque. Em Kramatorsk implantaram equipamentos militares em escolas primárias e uma escola profissional. Na vila de Novoselovka montaram postos de tiro na escola. Em Liman fizeram num armazém de mercadorias, paiol de munições. Numerosos militares ucranianos despiram as fardas, esconderam as armas e viajavam num autocarro com o letreiro “Crianças. Evacuação”. Foram apanhados. Em Odessa usaram um centro comercial como base militar. Já tinham feito o mesmo em Kiev usando os parques de estacionamento subterrâneos como garagens de veículos militares.

O primeiro-ministro António Costa foi arrotar e peidar milhões para a Polónia e Ucrânia. Mas recusa um aumento de migalhas aos funcionários públicos portugueses. Disse que Portugal vai recuperar as escopas e jardins-de-infância da Ucrânia. Mas em Portugal há crianças a tremer de frio em escolas sem aquecimento. Escolas onde chove como na rua. Edifícios de todos os graus de ensino a cair de podres. Professores mal pagos e desconsiderados. Milhares de crianças vivendo abaixo do limiar de pobreza. Milhões de trabalhadores labutam todos os dias para serem indigentes. E o líder do governo peida e arrota milhões em Varsóvia e Kiev.

*Jornalista

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