quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Bolsonaro fala em "sentimento de injustiça" mas garante que cumprirá a "Constituição"

Bolsonaro foi derrotado por Lula da Silva e, nas primeiras declarações ao país após a derrota, não deu os parabéns ao novo Presidente.

Jair Bolsonaro faz a primeira declaração ao Brasil após a derrota nas eleições de domingo e não vai haver espaço para perguntas dos jornalistas. Começou por agradecer aos 58 milhões de brasileiros que votaram em si no último domingo e disse ver as manifestações como futro do "sentimento de injustiça" pela forma como decorreu o processo eleitoral.

"Os atuais movimentos populares são fruto da indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestação pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população como a invasão de propriedades e destruíção do património. A direita surgiu de verdade no nosso país. A nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade", defendeu Bolsonaro.

Para o ainda chefe de Estado brasileiro, os sonhos da direita continuam "mais vivos do que nunca".

"Mesmo enfrentando todo o sistema, superámos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei de controlar ou censurar media e as redes sociais", garantiu o Presidente.

Sem nunca referir ou dar os parabéns a Lula da Silva, Bolsonaro prometeu continuar a cumprir os valores da Constituição brasileira.

"É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade económica, a liberdade religiosa, de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira", rematou

Após o conhecimento dos resultados, Jair Bolsonaro terá pedido uma reunião com os juízes do Supremo Tribunal Federal para entregar um relatório com queixas sobre várias irregularidades durante a segunda volta das eleições, mas os responsáveis terão recusado o pedido antes do ainda líder brasileiro assumir a derrota, avança a CNN Brasil.

Discurso de Bolsonaro inflama manifestantes

Entretanto, dezenas de apoiantes de Jair Bolsonaro continuam reunidos em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, e as palavras do ainda Presidente inflamaram mais os protestos.

Entre orações de Pai Nosso e "a nossa bandeira jamais será vermelha", estes manifestantes já não pedem uma "intervenção militar", mas uma "intervenção federal".

Além disso, seguindo a tónica que circula nos grupos de Whatsapp e Telegram, estão a autocensurar-se e procuram não falar no nome do presidente para não o implicar. "Não estamos por Bolsonaro, estamos pelo Brasil", dizem.

Desde ontem a noite, com receio de implicações a Bolsonaro, os manifestantes estão a tentar evitar colar Bolsonaro aos protestos. Em frente as instalações militares em SP, um homem apelava aos presentes que na declaração que Bolsonaro vai fazer ao país vai reconhecer o resultado, "porque é o que ele tem de fazer", mas apela que esta é "hora de ser o povo a agir".

Cátia Carmo com Filipe Santa-Bárbara, enviado especial da TSF ao Brasil

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