sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

PROFESSORES ANGOLANOS TERMINAM GREVE SEM ACORDO DO GOVERNO

Os professores vão regressar às aulas na segunda-feira, mas não está afastada uma nova paralisação em janeiro.

Os professores angolanos levantaram a greve, mas continua a haver divergências entre os grevistas e o Ministério da Educação sobre questões estruturantes como o salário e o subsídio de isolamento.

Numa conferência de imprensa realizada esta manhã, em Luanda, o presidente do Sindicato dos Nacional dos Professores (SINPROF), Guilherme Silva, avançou que, em breve, os profissionais vão debater a realização de uma terceira fase do protesto, de 3 a 31 de janeiro.

"Vai depender se os professores vão dizer sim ou não", acrescentou.

Diálogo só com propostas

O Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) foi incumbido de mediar o diálogo entre os professores e o Ministério da Educação.

Mas o SINPROF diz que só aceitará o diálogo se a entidade patronal apresentar uma proposta de subsídios para os professores. Segundo Guilherme Silva, os professores querem que essa proposta "se aproxime aos 60% no sentido de, por exemplo, o prémio de exame ser atribuído à parte, já que é pago uma vez por ano".

"Temos de encontrar uma modalidade para que este subsídio seja repartido nos três trimestres, já que nestes trimestres realizam-se provas", disse o líder sindical.

Retomada das aulas

As aulas retomam o seu curso normal na próxima segunda-feira (19.12), garantiu Guilherme Silva.

O sindicato exige, no entanto, a anulação das provas feitas durante esta semana de greve, sem a presença dos professores. Os exames foram monitorizados por seguranças e auxiliares de limpeza.

O presidente do SINPROF considerou "vergonhoso" o que ocorreu nas escolas de Luanda nos últimos dias e disse que "é preciso voltar a calendarizar as provas".

"Se alguém assumir a correção destas provas feitas por esta encenação, a responsabilidade no final será daquele professor que aceitar entrar neste carnaval", advertiu.

"Métodos de intimidação"

Os professores denunciam por outro lado, que alguns municípios fizeram descontos no salário, por os profissionais terem participado na greve.

"Usaram métodos de intimidação e de desgaste para os professores recuarem e ceder da adesão à greve. É um método de desgaste que adotaram. Em algumas escolas descontaram, noutras províncias não. Mesmo nas províncias que descontaram, há municípios que descontaram e outros municípios não. Portanto, houve descontos aleatórios pelo país", referiu Guilherme Silva.

Ainda assim, o SINPROF diz manter-se firme no propósito de exigir melhores condições de trabalho e qualidade de ensino em Angola.

Borralho Ndomba (Luanda) Correspondente da DW África | Deutsche Welle

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