Artur Queiroz*, Luanda
Angola tem um grande povo que ao longo de séculos lutou pela liberdade e nesse percurso aprendeu a fazer das fraquezas forças, das derrotas o ponto de partida para novas vitórias, do sofrimento a procura permanente da felicidade, das injustiças a disposição para novos combates pela dignidade.
Este povo escreveu a sua História com sangue e sacrifícios sem nome. Ao longo dos anos tem conseguido tudo o que se propõe conquistar. Para este percurso não ser interrompido, as novas gerações têm de ir mais além do que foram as anteriores gerações de mártires, heróis anónimos e grandes dirigentes. Nos nossos dias temos de ser protagonistas das mais saborosas vitórias e conquistas.
Os angolanos deram exemplos ao mundo de coragem e abnegação. Derrotaram o colonialismo. Destroçaram o “apartheid”. Ajudaram a subir bem alto as bandeiras do Zimbabwe, da Namíbia e da África do Sul. Sabem o que são povos irmãos e conhecem como ninguém os valores da solidariedade e da fraternidade.
Os angolanos têm mostrado que apesar das insuficiências naturais de quem foi colonizado durante cinco séculos, jamais aceitaram a submissão. Grandes potências mundiais coligaram-se para nos submeter. Confiaram demasiado nas suas máquinas de guerra, nas suas armas sofisticadas, na sabotagem económica, na subversão interna, pagando a peso de ouro traições que eram apresentadas sob a bandeira da democracia. Até 2017 falharam estrondosamente. Porquê?
Os angolanos descobriram que contra milhões ninguém combate e se combate, perde.
Este povo grandioso e com uma História exemplar, que demonstrou ao longo dos séculos um amor acrisolado à liberdade e independência está entre os primeiros na galeria dos construtores da democracia.
Por isso não merece que no seu seio cresçam seres híbridos, inqualificáveis, aos quais não assenta um só adjectivo, mesmo negativo. Falo dos que hipotecam os angolanos à causa da traição e da insídia. Dos que foram capazes de vender a terra que os viu nascer, os ventres que lhes deram o ser, os seios que os amamentaram.
Este povo heróico não merecia que
tantos erguessem as suas armas de aluguer contra a Independência Nacional,
propalando a mentira de que lutavam pela liberdade. Angola não merece que
alguns dos seus filhos se juntem ao banditismo internacional e conspirem contra
a democracia angolana em sinédrios de deserdados da honra e seres humanos sem
coluna vertebral. Quando se juntam em seitas perigosas como a UNITA, mordem até
a pátria se esvair
Angola chegou à Independência Nacional e os seus dirigentes escolheram uma via de desenvolvimento, adoptaram o projecto político que pensaram ser o que mais se adequava à felicidade dos angolanos, enfim, livres e independentes, depois de comerem ao longo dos séculos quase todo o pão que o diabo amassou para com ele envenenar o quotidiano dos seres humanos.
As potências ocidentais, com os EUA à cabeça, fizeram-nos uma guerra sem quartel, alimentando matilhas e mais matilhas recrutadas entre os que nunca conseguiram ver Angola para além dos horizontes estreitos do seu espírito pérfido e retardado. Usaram contra a Pátria Angolana todas as armas de destruição maciça: Tribalismos, regionalismos, traições, ambições desmedidas, ignorâncias amestradas.
A inteligência e o amor ao Povo Angolano triunfaram sobre a sedição. Agostinho Neto e seus companheiros da direcção do MPLA ensinaram-nos a lutar, lutar sempre porque a vitória é mais do que certa. Assim chegámos à paz, esmagando o regime racista de Pretória e seus sequazes internos mais os mentores em Washington, Paris, Londres, Lisboa e outras capitais do ocidente.
A chamada comunidade internacional disse que o preço que devíamos pagar pela paz era aderirmos ao sistema capitalista e à democracia que o sustenta. Por amor ao Povo Angolano, José Eduardo dos Santos e os seus companheiros da direcção do MPLA aceitaram o desafio, mesmo sabendo que estavam a entrar num jogo onde quem ditava as regras eram os inimigos de Angola.
Mas mesmo nesse campo o Povo Angolano triunfou. As eleições que coroaram o nascimento da democracia multipartidária e a economia de mercado ditaram uma vitória estrondosa dos obreiros da independência, os soldados da liberdade, que se bateram em todas as trincheiras onde foi preciso combater os racistas e seus aliados da UNITA.
A recompensa por essa vitória brilhante foi uma nova e mais cruel guerra. Mas a palavra dada foi honrada, contra tudo e contra todos. José Eduardo dos Santos não permitiu que a democracia multipartidária fosse assassinada quando dava os primeiros passos e o seu governo manteve-se fiel a todos os compromissos internos e internacionais.
Ao mesmo tempo foi preciso derrotar os senhores da guerra. Assinada a paz e posto em marcha o processo de reconstrução nacional com o apoio da República Popular da China, que fez do Plano Marshal um projecto menor, no momento próprio foram convocadas novas eleições. O povo angolano deu aos soldados da liberdade e da democracia uma vitória extraordinária.
Vamos dar um salto. Em 25 de Agosto passado, novas eleições e mais uma grande vitória. Os que tanto insistiram para que os angolanos seguissem uma democracia multipartidária e abraçassem a economia de mercado, manipulam os seus cães de palha, as suas marionetas. Sempre que perdem soltam o coro da fraude. Já se ouvem ao longe, muito antes dos eleitores irem às assembleias de voto. Desta vez criaram uma coligação para liderar a oposição. Mas os seus dirigentes eram farinha do mesmo saco e já em 1992 tinham mostrado o seu ódio à democracia e a eleições livres e justas. O resultado está à vista.
Desta vez, os derrotados levaram as mentiras a um ponto tal que é insuportável, mesmo por quem tem aguentado tudo e mais alguma coisa, em nome da paz e da reconciliação nacional. Até agora, os dirigentes da UNITA e seus idiotas úteis da “frente patriótica” não foram capazes de reconhecer a derrota clara como água. Por isso, não tiveram o gesto democrático de felicitar os vencedores.
Estes políticos insultam milhões de angolanos que votaram no MPLA. Insultam a Comissão Nacional Eleitoral, onde estão representados. Insultam o Tribunal Constitucional. Mostram sem qualquer pudor que não concorreram às eleições por causa dos votos, mas apenas para alimentar campanhas internacionais contra Angola e os angolanos. Por isso, estão a trair os que acreditaram neles e lhes confiaram os votos.
Pensávamos que pior era impossível! O qual não. Os libertadores da África Austral hoje foram enfeudados, atrelados ou vendidos ao estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). E os povos que ajudaram a libertar, olham para Angola como se fosse um pesadelo ou uma paródia do tempo em que era trincheira firme da Revolução em África.
Hoje o jornal de Madalenos e Sobrinhos informa que a África do Sul se afasta “do bloco ocidental” porque em Fevereiro vai participar em manobras navais (Operação Mosi) com unidades da Marinha de Guerra da Federação Russa e da República Popular da China. As mentiras são mais perigosas quando são publicadas com um fundo de verdade. Os propagandistas falam de raspão dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) quando deviam colocar este facto à cabeça da notícia.
Em condições normais, Angola
devia seguir os exemplos da Argentina ou da Arábia Saudita que manifestaram
vontade de fazer parte dos BRICS. E a Marinha de Guerra Angolana devia
participar na Operação Mosi
Uma nota à parte. Um helicóptero dos serviços de emergência da Ucrânia foi utilizado para transportar o ministro das polícias e sua comitiva. Uma aeronave que só pode ser usada para transportar doentes graves ou salvamentos em situação de catástrofe foi utilizada para a guerra. Caiu e morreram os ocupantes incluindo o ministro.
No tempo do Governo de Transição, o ministro da Saúde, Samuel Abrigada, importou armas e munições com o rótulo de medicamentos, destinadas à FNLA para tomar o poder pela força e rasgar o Acordo de Alvor. Armamento e militares zairenses eram transportados em ambulâncias para os assaltos da FNLA nas ruas de Luanda. Na Ucrânia é igual.
Um helicóptero dos serviços de emergência ucranianos caiu em cima de um jardim-de- infância, matando crianças e professores. Se o ministro das polícias não fosse a bordo, hoje os Media ocidentais diziam que os “russos” cometeram mais um crime de guerra, disparando contra uma escolinha. O Guterres dava uma de rato de sacristia e a União Europeia pedia mais sanções contra a Federação Russa. Isto vai acabar mal, acreditem!
*Jornalista
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