Paula Ferreira | Jornal de Notícias | opinião
Os professores saem à rua, só nos resta expressar a nossa solidariedade. Uma das profissões mais determinantes para o futuro do país, ano após ano, tem sido desvalorizada. De quem é a culpa? Não haverá, como é natural, um único culpado, um único fator. Múltiplas razões conduziram à situação a que chegamos. A consequência é dramática. A profissão deixou de interessar aos que atualmente estudam e se preparam para entrar no mercado de trabalho. Não é novidade, vários trabalhos foram feitos: os jovens não se mostram atraídos pelo ensino. Imaginar como futuro de vida um transitório posto de trabalho a centenas de quilómetros de casa e da família, gastar parte do magro ordenado na despesa do alojamento, desconhecer o dia da efetivação numa escola (e poder, enfim, ter estabilidade), não se afigura, como é fácil de compreender, um projeto de vida aliciante. O problema apresenta-se demasiado grave, por essa razão, deve ser tratado com seriedade. Dados divulgados pelo Conselho Nacional da Educação dizem-nos: "uma percentagem ligeiramente superior a 15 por cento dos docentes, da educação pré-escolar e dos ensinos Básico e Secundário, tinha 60 e mais anos de idade" em 2020. Não se manterão ativos, como é evidente, durante muito mais tempo. Mas se recuarmos um pouco, o cenário surge ainda menos animador. Ainda de acordo com dados da CNE, temos "uma percentagem superior a 50 por cento de docentes com 50 e mais anos de idade. Professores com menos de 30 anos não ultrapassam os 1,6 por cento".
Os docentes exigem soluções. E quando olhamos para a multidão que, no sábado, desfilou em Lisboa, devemos pensar que a luta deles deve ser a nossa - mesmo se discordamos dos métodos, muito discutíveis, usados para pressionar o Governo. O problema não é novo, arrasta-se há décadas. É tempo, por isso, de dar conteúdo aos discursos e olhar seriamente, com medidas concretas, estruturais e não paliativas, para a Educação.
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