segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

“PRODUTOS” TÓXICOS NAS CAPELAS DA ONU

CRÓNICA DESDE OS ANOS 90 – PRIMEIRO ACABARAM COM OS SOVIÉTICOS…

… Primeiro acabaram com os soviéticos,

Mas, como qualquer devotado cristão,

O pessoal da NATO

Fez tudo e de tudo

Por esse eclipsar!...

Acabaram com esses comunistas

Mas não conseguiram

Apesar de tudo, ganhar todo o bolo

Então lembraram-se

Que com a Rússia,

“Há velhas contas a ajustar”!...

Martinho Júnior, Luanda

A “implosão” provocada desde dentro da União Soviética, não teve apenas Gorbatchev e Ieltsin como actores venais, ou figurantes liberais, de maior responsabilidade…

Na plataforma da Ucrânia Soviética a cultura integracionista nacionalista foi cultivada desde as entranhas fascistas e nazis, pelo que as sementes da discórdia foram rebuscadas desde as profundidades da crise da IIª Guerra Mundial, para-o-que-desse-e-viesse, à inteira disponibilidade, engenho e arte dos “vencedores” anglo-saxónicos, de sua arrogância, do seu exclusivismo e de sua impunidade!

A Rússia nem se pode valer dos artigos 106 e 107 da Carta da ONU!

Fizeram um trabalho de sapa como quem faz arqueologia, inteligente e perverso trabalho próprio da preservação da barbárie, por via de todas as redes “stay behind” cultivadas e, em alguns casos, com um “produto” tóxico como o do actual regime de Marcelos em Portugal, onde conseguiram conservar a frio o fascismo capaz até do cinismo catedrático das “conversas em família” e do “ressuscitar” dum tão “democrático” Chega, a cheirar a retornados que tresanda! 

É desse cadinho aliás que foi formada a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a NATO e sua inspiração não pode enganar ninguém, porque na sua fundação até houve membros fundadores que eram fascistas entre “democratas”, basta olhar para o “excepcionalismo” de Portugal, além do mais ultra cristão e ultra colonial!

Assim Ronald Reagan e Margareth Thatcher tiveram a sua quota-parte de responsabilidade, que aliás foi transmitida, via CIA e MI6, a todas as administrações que se lhes seguiram desde então, ainda que houvesse “nuances” de sucessivas doutrinas, cada uma delas a procurar esmerar nas práticas de conspiração que atestam a sua própria essência bárbara e feudal!

Dos escombros da IIª Guerra Mundial e do império colonial britânico, a cultura de laboratório banderista foi pouco a pouco projectada para um dia ressurgir, crescer, empolar e começar a dar os seus frutos tóxicos, começando logo por se mexer em Agosto de 1991 nos subterrâneos do poder instalado em Kiev, quando a Ucrânia proclamou a sua independência!

Algo similar se passou em muitos estados de orientação marxista-leninista vocacionados para o socialismo, mesmo que fossem Não-Alinhados!

Os casos dos alvos da barbárie foram desfilando, desde a implosão da Jugoslávia, aos contenciosos críticos da Moldávia, ao caos do Cáucaso, à “revolução rosa” da Geórgia…

Esses podem ser citados como exemplos, exemplos que viriam a ser engrossados com as agressões ao Afeganistão, ao Iraque, à Síria, à Líbia, pois o Médio Oriente Alargado, com um terreno tão fértil de contradições manipuladas pelos interesses e conveniências de domínio, (que aliás são aliás aproveitadas ao milímetro pelo sionismo), transbordavam de petróleo, do gás e dos minérios do Sul Global, que faltam às metrópoles misto de instrumentos coloniais e neocoloniais!

Os Antigos Combatentes angolanos que contribuíram para projectar a proclamação da República Popular, passaram também pelas brasas dessa experiência ingerencista e manipuladora de controvérsias, grande parte delas transversais, outras subterrâneas, mas todas elas passando pelo colonial-fascismo português a coberto da NATO, uma controvérsia prenhe de traições e de traidores cheirando ao enxofre dum “excremento do diabo” tomado de assalto pelos traficantes de diamantes capazes do choque da “guerra dos diamantes de sangue”, como os outros afinal capazes da terapia neoliberal que se lhe tornou subjacente sob a formalidade do Acordo de Bicesse de 31 de Maio de 1991!

Disseminar o caos, o terrorismo e a desagregação desde então, desde o início da década de 90 do século XX, passou para uma primeira linha com a doutrina Rumsfeld/Dobrowski (parideira do Africom), pois quanto mais fragilizados passassem a ser os estados, as nações e os povos do Sul Global, mais facilmente o hegemon e seus vassalos poderiam realizar o saque privatizado das riquezas em época de cada vez mais escassez (a terapia neoliberal tem seus segredos de polichinelo nos negócios correntes)… e a Federação Russa enquanto alvo maior não podia ser excepção!

Toda a responsabilidade cabe aos que esgotam em meio ano o que a Mãe Terra só consegue refazer em um ano e numa altura em que a humanidade atingiu mais de 7.000 seres humanos vivos!


O “APARTHEID” NÃO FOI EXTINTO

Equivocam-se portanto aqueles que julgam que o “apartheid” foi uma coisa malparada, já extinta, que existia um dia na África Austral, pois quem vai buscar inspiração aos fascistas ou aos nazis não se torna igual a eles, torna-se pior que eles, porque os instrumentaliza tirando vantagem do seu poder hegemónico, unipolar e de tal maneira dominante que se transforma em poder imperial (como comprova a doutrina do autómato-teleguiado Biden que quer impor a África a sua opção de “russofobia”, de “apartheid”)!

Apossar-se da riqueza de tal maneira que esgotam a Mãe Terra só pode ser feito com um poder de carácter fascista, de carácter nazi, um poder catalisador que é mentor de tentáculos iguais, entre eles o poder injectado à força em Kiev!

Assim, com o deliberado concurso de instrumentos banderistas militantes instalados em Kiev a partir de dois golpes de estado (“revolução laranja” em 2004 e “revolução Maidan” em 2014), passaram a manipular tudo a nível internacional, impondo uma tóxica “russofobia” que não passa de mais um execrável “apartheid” apto a tornar-se global, (é para isso que existem os da Rand Corporation, os “straussianos” padrinhos de Maidan, a Lockeed, a Raytheon, o dólar, a Exxon-Mobil, o autómato-teleguiado Biden tão bem “testado” na administração de Barack Hussein Obama, Prémio Nobel da Paz e, entre tantos outros iguais, as tão servis quão omnipresentes “presstitutas”)!…

A caneta da censura da hegemonia unipolar bárbara e dominante tem uma tinta azul mil vezes mais intensa que um dia foi a da PIDE/DGS nas colónias portuguesas!

De vómito em vómito sulfuroso, feudal, bárbaro, todas as capelinhas da ONU vão ficando afectadas pelos odores ao enxofre anglo-saxónico do hegemon, pela tinta de sua censura e vai daí, até as “iniciativas da paz” banderista passaram a estar anualmente presentes, como acontece com o texto da Resolução A/RES/ES-11/6 filtrada pela propaganda “russofóbica” ocidental, aprovado pela Assembleia-Geral por 141 votos a favor, 32 abstenções e 7 contra!

O poder avassalador desse “apartheid” produtor da actual “russofobia” e da censura global é de tal ordem, que até aqueles que lutaram contra o “apartheid” dos “carcamanos” em África, temendo actuarem em função da percepção de causas históricas profundas sobre a evolução da IIIª Guerra Mundial nunca declarada mas vigente desde a detonação das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, se abstêm, caucionando tacitamente e meio amedrontados as instrumentalizadas “iniciativas de paz” banderista na ONU, num momento em que outras iniciativas de paz, como a de Lula, ou a de Xi Jiping, começam a estar sobre a mesa!

O “apartheid” institucional afinal não era apenas essência institucional na África do Sul, como não o é agora apenas um exclusivo do sionismo em terras da Palestina ocupadas… o “apartheid” institucional desfila sob nossos olhos nas capelinhas da ONU, imperturbável, exclusivista, impune, tóxica, ganhando votos com as suas próprias Resoluções e até aqueles que o deviam expor em síntese ou em detalhe, aqueles que por tabela também sabem o que era a censura colonial, metem a cabeça na areia, como a avestruz… e abstêm-se!

Honra aos votos contra da Federação Russa, da Bielorrússia, da República Democrática e Popular da Coreia, da africana Eritreia, do africano Mali, da Nicarágua Sandinista e da República Árabe Síria, os “7 magníficos” que sabem por sua experiência histórica que a legitimidade da libertação de toda a humanidade obriga a enfrentar o monstro dum “apartheid” mil vezes exposto pelo hegemon em pleno século XXI e mil vezes mais perigoso para toda a humanidade que o dos “carcamanos” ou dos “sionistas”!

Bendita Eritreia, bendito Mali, os Antigos Combatentes das Lutas de Libertação em África revêem-se nos vossos votos contra o “apartheid global” e contra a censura em curso, que sob nossos olhos tornou-se num vegetativo tóxico empestando as capelinhas da ONU!...

Que os votos da Eritreia e em especial do Mali, cujo território é matriz do rio Níger, inspirem as eleições na Nigéria, em cujo território desemboca esse mesmo rio no Atlântico do Golfo da Guiné!

Entre as muitas questões a abordar: que os nigerianos não esqueçam estudar a fundo as causas do terrorismo em África a fim de melhor optar, como corajosamente estão a conseguir fazer, em nome da liberdade, da autodeterminação, da independência, da soberania, da dignidade, da solidariedade e da paz, o Mali, o Burkina Faso e a Guiné!

O Diabo e suas toxidades, continua a passar mundo fora e pelas capelinhas da ONU!

Só há um modo para lhe responder: a inspiração daqueles que emanam desde a profundidade da Ásia e fazem com que pelas causas da cooperação e da solidariedade a Luta Continue, porque por via da lógica com sentido de vida, o “apartheid global” e a censura não podem passar e há toda a humanidade a resgatar, a libertar e a harmonizar na paz emergente e multilateral!

Círculo 4F, Martinho Júnior, 27 de Fevereiro de 2023

Imagens:

01- Bertold Brecht (1898-1956) – https://www.sinjur.org.br/reflexao-e-preciso-agir-por-bertold-brecht/;  

02- Novo Jornal - https://novojornal.co.ao/internacional/interior/crise-russiaucrania-um-ano-de-guerra-um-plano-de-paz-made-in-china-e-uma-votacao-na-onu-onde-angola-se-absteve---zelensky-promete-2023-como-o-ano-da-invencibilidade-112123.html.  

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