As autoridades no poder no Sudão já concluíram a análise do acordo de construção de uma base naval russa no Mar Vermelho, tendo afirmado que do ponto de vista militar, tudo está aprovado. Em troca, Moscovo dará armas.
"Eles responderam a todas as nossas preocupações, o acordo está 'ok' do ponto de vista militar", disse um dos dois responsáveis militares que falaram à agência de informação financeira Bloomberg, sob anonimato.
De acordo com estes responsáveis, o acordo está finalizado e aguarda a formação de um governo civil e de um corpo legislativo para ser ratificado, antes de entrar em vigor.
Nos últimos dias, a Rússia respondeu positivamente a alguns dos aspetos que os sudaneses queriam ver contemplados no acordo que permite a construção e operação de uma base naval no Mar Vermelho, incluindo a disponibilização de mais armas e equipamento militar.
Os militares contactados pela Bloomberg não deram mais pormenores sobre o acordo, que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse na quinta-feira que faltava apenas a ratificação pelo Sudão.
Este país africano tem estado sem um parlamento desde que uma revolta popular depôs, com a liderança dos militares, o antigo ditador Omar al-Bashir, em abril de 2019, e tem estado mergulhado num caos político desde que um golpe militar, em outubro de 2021, interrompeu a transição para a democracia.
Rússia recupera presença naval
O acordo entre o Sudão e a Rússia foi conhecido em dezembro de 2021, e é parte dos esforços de Moscovo para recuperar uma presença naval regular em várias partes do mundo.
O acordo de construção e utilização de uma base naval no Mar Vermelho permitiria à Rússia ter até 300 tropas russas, e simultaneamente manter até quatro navios em simultâneo, incluindo de energia nuclear, no estratégico porto do Sudão, no Mar Vermelho.
Segundo o antigo chefe militar Viktor Bondarev, a base garantiria a presença militar russa no Mar Vermelho e no oceano Índico e faria com que não fosse necessário fazer longas viagens para chegar à região.
Em troca, a Rússia dará armas e equipamento militar nos próximos 25 anos, com prolongamentos automáticos por 10 anos se ambas as partes concordarem.
Em junho de 2021, o chefe militar do Sudão, o general Mohammed Othman al-Hussein, disse a uma televisão local que Cartum ia rever o acordo, e depois em fevereiro do ano passado houve reuniões entre as autoridades russas e o poderoso líder das forças paramilitares, Mohammed Hamdan Dagalo.
Regressado de uma semana na Rússia, o general disse que o país não tinha objeções a que a Rússia ou qualquer outro país tenha uma base naval no país, já que não coloca qualquer ameaça à segurança nacional do Sudão.
"Se qualquer país quer abrir uma base e é no nosso interesse e não ameaça a nossa segurança nacional, não temos nenhum problema com ninguém, russo ou seja de onde for", afirmou.
Deutsche Welle | Lusa
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