Artur Queiroz*, Luanda
Dia 1 de Agosto de 1974.
Comandantes da guerrilha do MPLA proclamaram as Forças Armadas Populares de
Libertação Angola (FAPLA). Apenas os guerrilheiros. A direcção política do
movimento não participou. O objectivo era dotar o país de um exército autónomo
ainda no período de transição, aberto com o 25 de Abril de 1974 e poucos dias
após o Governo Português ter reconhecido o direito das suas colónias à
Independência Nacional (Lei 7 de 27 de Julho de 1974).
Os combatentes do MPLA mais uma
vez se colocaram na vanguarda. Nesse momento empurrados pelos ventos da
História. Em 1972, agentes do ditador Mobutu fuzilaram na base de Kinkuzu pelo
menos duas dezenas de comandantes do Exército de Libertação Nacional de Angola
(ELNA) braço armado da FNLA. A guerrilha do movimento estava praticamente
paralisada e desde essa data parou mesmo. No terreno da luta armada só ficou o
MPLA.
A UNITA de Jonas Savimbi foi
fundada em 13 de Março de 1966. Em 1968, dois comandantes fundadores do
movimento foram reforçar os Flechas da PIDE em Lumbala Nguimbo
(Gago Coutinho). São eles os majores (posto máximo na organização) Pedro e
Sachilombo. O movimento tornou-se uma unidade militar ao serviço dos
colonialistas portugueses, pouco depois de ser fundado. Combatia contra a
Independência Nacional. Em 25 de Abril de 1974 só a guerrilha do MPLA
continuava activa mas muito debilitada.
Daniel Chipenda, membro da
direcção do MPLA, a mando dos serviços secretos da África do Sul e da CIA,
criou a chamada Revolta do Leste. Quando naquela frente os guerrilheiros
tentavam levar a guerrilha ao Planalto Central e ao Planalto de Malange. Uma
catástrofe.
Imediatamente Jonas Savimbi
propôs integrar as forças da UNITA nas tropas portuguesas. O líder do Galo
Negro tinha frequentes encontros com o capitão Benjamim Almeida, comandante de
uma companhia de artilharia (CART 6651), instalada na região de Cangumbe. Para
proteger o “chefe guerrilheiro” que o ditador Marcelo Caetano considerou, no
livro “O Meu Depoimento, “um bom rapaz muito nosso amigo”.
O bom rapaz defendia a “machadada
final” nas forças do MPLA, na Frente Leste. O chefe da UNITA propôs operações
conjuntas contra as bases do MPLA, mesmo na Zâmbia, pedindo em troca segurança
para os seus homens no “Corredor do Luanginga” criado pelas forças armadas portuguesas
no âmbito da “Operação Madeira”. Numa carta do chefe do Galo Negro ao capitão
Almeida, ele refere a necessidade de se encontrar “uma maneira mais curta para
se resolverem os problemas da participação da UNITA na vida Nacional na sua
fase mais avançada da integração” (Angola O Conflito da Frente Leste, página
199. Autor capitão Benjamim Almeida).