Artur Queiroz*, Luanda
A Rota da Energia dos EUA foi desenhada e imediatamente implantada no terreno com cuidados e artimanhas, porque coincidia com a rota francesa, traçada décadas antes por uma potência colonial que domina a África Ocidental e Equatorial. Franc’afrique e Africom correm cada um por si mas acabaram por se aliar nos pontos mais problemáticos do trajecto. Se uma quadrilha armada rouba muito, duas roubam muito mais. As populações dos países africanos saqueados continuam mergulhadas na pobreza extrema. Os exemplos mais gritantes são Níger, Burkina Faso, Mali e Chade. Tão ricos em recursos e tão mergulhados na pobreza!
No início dos anos 90 os EUA e as potências do ocidente alargado conseguiram impor no continente africano o neoliberalismo. Eleições multipartidárias foram apresentadas como a solução padra todos os problemas causados por séculos de esclavagismo, colonialismo e latrocínio. Os eleitores escolhem um governo e fica tudo resolvido porque a globalização (unificação do mundo!) traz o desenvolvimento. Angola entrou no pacote. Pressões políticas e económicas empurraram os partidos da “oposição” para vitórias eleitorais.
Na África Ocidental e Equatorial só falharam em Angola e na República Popular do Congo. Ganhou o MPLA. Para minimizar danos, Angola impôs aos investidores estrangeiros parcerias com cidadãos angolanos que tinham de ser maioritários nas sociedades.
Este clima de “mudança” pela globalização começou no Iraque a ferro e fogo. No dia 2 de Agosto de 1990 os EUA e seus vassalos europeus invadiram o Iraque, na época a mais progressista e desenvolvida potência no Médio Oriente. Em 20 de Março de 2003 o crime foi consumado. Os invasores ocuparam o país militarmente e a ocupação foi concluída com o assassinato do Presidente Saddam Hussein. Imediatamente o petróleo do Iraque inundou os EUA e as potências falidas da União Europeia. Petróleo grátis quando o barril passava os cem dólares! Ao mesmo tempo os EUA ciaram o Estado Islâmico (ISIS ou DAESH)) para destabilizar todo o Médio Oriente e a África, desde o Sahel a Moçambique.
A Rota da Energia progredia com a resistência dos países espoliados. Os EUA criaram então as Primaveras Árabes em 2010. Foi tiro e queda. A Tunísia ajoelhou, o Egipto sucumbiu e a região da Síria rica em energia foi ocupada militarmente em 2011 pelas tropas do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e seus degoladores do Estado Islâmico (Uma espécie da UNITA dos racistas sul-africanos). Petróleo e gás grátis!