Boa tarde. Eis o Curto de Expresso fora de horas e com uma ave negra de alto calibre.
Azar para os portugueses, o intrujão com ares de D. Sebastião reapareceu. Não numa manhã de nevoeiro como o rei português adolescente que pereceu na batalha de Alcácer Quibir, norte de África, contra os infiéis mouros. O refinado aldrabão do passado e da atualidade dá pelo nome de Passos Coelho e não há muitos anos, aquando da crise económico-financeira roubou aos trabalhadores portugueses vastas quantias de milhões de euros para os oferecer aos bancos e a outros sevandijas do grande capital. Miséria e fome foi o que coube a alguns milhões de lusos esfarrapados e sub alimentados. Grande homem, dizem os seus apaniguados nazis e fascistas. Grande sacana, grande merda de gente, dizem muitos outros.
É exatamente desse e sobre essa ave de rapina excomungado na freguesia lisboeta de Benfica, segundo relatos populares, e pelo pequeno Portugal dos prejudicados, roubados, esfomeados e mal pagos que o Curto do Expresso reservou a sua abertura. Parece que o tratante escreveu (dizem que pagou a quem escrevesse porque ele não sabe) um livro inspirado no antigamente, na família, num deus pátria e esclavagismo dos tempos do Cardeal Cerejeira fascista e do seu ex-companheiro de faculdade (Coimbra) o António de Oliveira Salazar, um ranhoso mental adulante ditador e nazifascista. O livro, dizem, é sobre a família ultraconservadora de que ele é tão saudosista com defesa na moral da treta de há muitas décadas atrás… Obra digna de uma pia de conspurco repleta de sarro e de outras ‘nhanhas’ peganhentas pós-vómitos. Diz-se ele, falsamente, social-democrata (PSD). Com milhentos embriões do Chega como quem não quer a coisa. Nazifascistas é o que é, é o que são.
Abram os olhos, mulas!
O Curto já a seguir. Dói mas é bom que se saiba quais são as linhas com que nos querem quilhar.
Boa tarde. Se conseguirem.
MM | Redação PG
Pedro e André entram numa livraria e...
Pedro Candeias, editor-executivo | Expresso (curto)
Bom dia,
Num instante, o ex-ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho colapsou
a agenda mediática da AD e do PS num momento em que não era suposto isso poder
acontecer. Reparemos: Luís Montenegro prepara-se para entregar o
programa de Governo que irá ser discutido esta semana e Pedro Nuno Santos insiste
na clarificação da posição do PS enquanto opositor à AD, mas sinalizando
disponibilidade para um acordo em determinadas áreas antes do Orçamento do
Estado.
Sendo este período determinante para a política e para a sociedade portuguesas,
a verdade é que no final do dia as duas cartas, os dois planos de intenções e a entrevista a uma televisão foram eclipsados pela
apresentação de um livro escrito por vários autores conservadores e com um
título banal: “Identidade e Família”.
Porquê? Por três razões.
Em primeiro lugar, algumas das ideias cristalizadas na obra podem
facilmente ser interpretadas como antiprogressistas, machistas e até
negacionistas, o que garante sempre uma discussão polarizada nos dias que correm.
Em segundo lugar, foi Pedro Passos Coelho que o apresentou e não fosse a
sua presença estranha e inegavelmente magnética e divisiva, e este seria apenas
mais um livro de um punhado de homens tradicionalistas que discordam das coisas
da vida.
Passos Coelho apoiou os escritores “corajosos”, defendeu as chamadas
famílias convencionais, denunciou a “sovietização do ensino com uma determinada
perspetiva”, achou muito bem que se tivesse recuperado os símbolos no episódio
do agora célebre logótipo e fez a sua leitura das
legislativas: o triunfo da AD e o crescimento do Chega demonstram que a
sociedade “se fartou” e que as pessoas “ficaram cansadas” de um Governo que
“cedeu a valores” que não são “os nossos valores”. Os dos portugueses,
entenda-se.
Daí, a terceira razão: o discurso de Passos Coelho está longe do de
Luís Montenegro, mas pertíssimo do de André Ventura, tal como o próprio
fez questão de reforçar no final do acontecimento. Aliás, uma rápida análise
comparativa aos programas eleitorais da AD e do Chega resultam em cerca de zero referências à
ideologia de género no primeiro, enquanto o segundo descreve “materiais de
propaganda à ideologia de género” nas escolas portuguesas.
Ora, isto tem um significado
político. A presença do núcleo duro do Chega - além do líder, Rita Matias e
Diogo Pacheco Amorim também passaram por lá - na livraria lisboeta sublinha a aproximação e os entendimentos desejados pelo antigo
PM que até viu o seu nome lançado para uma hipotética candidatura presidencial
por Ventura; o “não é não” do atual presidente do seu partido (“Eu sou PSD”,
disse Passos Coelho) ficou à porta.
Outra vez.
OUTRAS NOTÍCIAS
Ambiente. Esta terça-feira, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem irá pronunciar-se sobre a queixa feita pelos 32 cidadãos
nacionais contra o que consideram ser uma política de inação climática
de Portugal.
Abusos. A Igreja pediu pareceres a um conjunto de especialistas, médicos e
juízes, para enfim avançar com “reparações financeiras” às vítimas de
abusos sexuais. A Conferência Episcopal Portuguesa garante que ainda este mês
ocorrerá uma reunião com a associação que representa as vítimas.
Justiça. Há eleições no Supremo Tribunal de Justiça e, para já, um candidato para substituir Henrique Araújo, que
deixará o cargo por ter ultrapassado o limite da idade para o cargo.
Banca. Lembra-se do Banco Espírito Santo? Ora, afinal as escavações destapam
buracos sob buracos financeiros da instituição e este tem o tamanho de 10 mil milhões de euros.
Aeroporto. O PCP quer que a AD aprove uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA,
ocorrida há uma década. Os comunistas apoiam-se no relatório do Tribunal de
Contas que admitiu ilegalidades no processo conduzido pelo então governo de
Pedro Passos Coelho.
FRASES
“A concorrência é sempre bem-vinda”, Rui Rocha, líder da IL, que está a
ser contestado internamente por um movimento protagonizado
por Tiago Mayan, antigo candidato liberal à Presidência da República
“Se não aceitarem, escusam de andar a bater com a mão no peito sobre combate à
corrupção”, António Filipe, do PCP, sobre o desafio lançado pelos
comunistas à AD para que estes apoiem uma CPI à privatização da ANA
“É importante que o Governo não se coloque em becos sem saída. A votação do
Programa de Estabilidade seria entendido como uma provocação ao PS”, Pedro Nuno
Santos, em entrevista à TVI/CNN
O QUE ANDO A LER
“A Próxima Guerra Civil - notícias da América do Futuro” (Stephen
Marche, Ed. Zigurate)
É um exercício futurista interessante: baseando-se em entrevistas, acontecimentos
reais e múltiplas estatísticas, Stephen Marche imagina como os Estados Unidos
da América como os conhecemos poderão acabar num futuro próximo.
Stephen Marche enuncia, então, cinco hipóteses que nascem da quebra de
confiança dos americanos nas suas instituições, das posições extremadas no arco
político e daquilo que ele chama “hiperpartidarismo”.
Tudo isto, diz, concorre para o fim da América que acontecerá numa guerra civil
acionada por independentistas, soberanos, negacionistas, conflitos entre a esquerda woke e
a direita racista, ou acelerada pelas alterações climáticas. São cinco
exercícios criativos sustentados em pequenas histórias reais passadas, nas
quais o autor vê as sementes da discórdia que levarão a América ao seu fim.
OS NOSSOS PODCASTS
No Princípio era a Bola: “Se queria mais, Roger Schmidt não o demonstrou. O Sporting tem
via aberta para o título e o FC Porto “está a jogar com desespero”
Contas Poupança: As suas finanças estão bem? Esteja atento a estes 5 sinais de
alerta
Que Voz é Esta: “As visitas a casa da minha mãe, com esquizofrenia, eram de
grande tensão. A ausência de luz marcou-me até hoje”
O Mundo a Seus Pés: Francisco Seixas da Costa: “A descolonização foi uma tragédia,
mas era praticamente inevitável”
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