segunda-feira, 10 de junho de 2024

Eleições UE 24 | Macron o Vendedor de Fisgas -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

As eleições para o Parlamento Europeu acabaram com o sonho dos belicistas e traficantes de armas. Vários países da União Europeia elegeram deputados que são contra a guerra na Ucrânia. Não aceitam as negociatas de armamento. Desaprovam o envio de milhares de milhões para os nazis de Kiev. Estão contra os pacotes de sanções impostas à Federação Russa. Ontem o mundo estava a um passo do abismo da guerra nuclear. Hoje os eleitores europeus tiveram a inteligência de votar contra os falcões que se alimentam de sangue e morte.

A tragédia está afastada. Mas a situação política na Europa é trágica. O Partido Popular Europeu e a “família” Socialista no novo Parlamento são a favor da guerra na Ucrânia até ao último ucraniano. Assumem uma russofobia primária e profundamente reaccionária. Cuidado com os russos! Eles querem ocupar os nossos países e matar as democracias! 

A estupidez humana não tem limites. Ninguém no seu perfeito juízo quer conquistar pela força das armas um continente exaurido. Falido. Que há muitos anos vive dos latrocínios em África. A Europa hoje é um fogo de vista. Uma ilusão. Um engano de alma. Os líderes europeus gastam os últimos cartuchos numa guerra que já perderam. Como quem joga na roleta os últimos tostões.

Os partidos de esquerda na Europa não são capazes de assumir a defesa da paz. Temem que se o fizerem são logo apontados como pró Putin. O clima vigente é muito próximo daquele que existia quando Hitler partiu para a II Guerra Mundial. E as forças democráticas fingem que na Ucrânia não há uma guerra contra a Federação Russa, por procuração passada aos nazis de Kiev, pelo estado terrorista mais perigoso do mundo.  

Os belicistas europeus temiam que o negócio da guerra na Ucrânia fosse prejudicado com a eleição de Trump nos EUA, mais lá para o fim do ano. Comportam-se como cachorros amestrados fazendo piruetas num circo medíocre. O negócio da morte acaba antes. Estas eleições para o Parlamento Europeu reduziram a subnitrato (merda de pássaro marinho) os serventes dos EUA que queriam dar um passo mortal para o abismo da guerra.

Emanuel Macron foi cilindrado nas eleições de ontem. O seu partido teve apenas 15 por cento dos votos. O partido da extrema-direita da senhora Le Pen registou mais de 31 por cento. O belicista de Paris foi forçado a anunciar, ainda ontem à noite, a dissolução da Assembleia Nacional e a convocar eleições legislativas para 30 de Junho. Queria matar russos e morreu ele politicamente. A corda da guerra na Ucrânia partiu pela França! 

A Europa belicista teve uma queda brutal. A coligação do chanceler Scholtz levou uma tareia eleitoral ainda pior do que Macron. Ficou em terceiro lugar. Ganhou de uma forma esmagadora a CDU de Ângela Merckel, aquela política que teve a coragem de denunciar a vigarice dos Acordos de Minsk: “Foi para enganar os russos enquanto a NATO armava a Ucrânia”. No segundo lugar ficou o partido que é frontalmente contra a guerra na Ucrânia e Sholtz foi despejado para o terceiro posto. Se tiver um pingo de dignidade ainda hoje vai para Kharkiv fazer a guerra que tanto quer.

As forças anti guerra na Itália também esmagaram nas eleições. O mesmo em praticamente todos os países do Leste europeu, que pertencem à União Europeia. A aventura belicista na Ucrânia do estado terrorista mais perigoso do mundo e seu braço armado OTAN (ou NATO) está a chegar ao fim. A corrida louca para o abismo foi travada pela força do voto popular. Só loucos em último grau acreditam que podem derrotar numa guerra, a maior potência militar do mundo. E que tem o maior arsenal nuclear. 

De pé, firmes como diarreia, só ficaram os portugueses. O Partido Socialista ganhou elegendo oito deputados. É a favor da guerra na Ucrânia custe o que custar e até ao último ucraniano. A coligação AD (governo) ficou em segundo lugar e também quer guerra. Ainda agora o primeiro-ministro Montenegro despachou 129 milhões de euros para os nazis de Kiev matarem russos. 

A única força que exige a paz na Ucrânia pela via diplomática (CDU) elegeu um deputado! Pobres portugueses. Têm sempre a canalha fascista e colonialista pronta a metê-los em “perigos e guerras esforçados” como escreveu o genial Camões. Hoje é o Dia de Portugal e do poeta que compôs as mais belas trovas na “doce medida velha”. Hoje mesmo vão começar as comemorações dos 500 anos de Camões. 

Nas eleições portuguesas só foram votar 37 por cento dos eleitores inscritos. Os políticos ficaram muito felizes porque a abstenção nas eleições anteriores foi de 69 por cento! Com abstenções a este nível não há democracia. Apenas aldrabice e ilusionismo. Quem é eleito com um terço dos eleitores inscritos não tem, não pode ter, legitimidade popular. Mas eles ainda não perceberam que as eleições em Portugal estão a ficar muito parecidas com as do ditador Salazar. 

No seu discurso oficial do Dia de Portugal Camões e Comunidades Portuguesas, Marcelo Rebelo de Sousa glorificou os combatentes da Guerra Colonial. Desenterrou o Portugal do Minho a Timor. Sem complexos. Os nazis de Telavive também não têm complexos. Bombardearam o campo de refugiados de Nuseirat, na Faixa de Gaza, para libertarem quatro reféns, mataram 400 civis, a esmagadora maioria crianças e mulheres. Feriram 800 dos quais muitos continuam a morrer por falta de assistência médica. Mais de 400 estão mutilados. Biden, Blinken e Austin felicitaram os genocidas de Israel

O trio formado para comandar a “guerra contra os russos” por procuração passada à Ucrânia está estraçalhado. Menos mal. Macron ficou desempregado e agora só pode mandar fisgas para a Ucrânia, Sholtz caiu de primeiro para o terceiro lugar. Só falta os eleitores norte-americanos porem fraldas a Biden e empurrá-lo na cadeira de rodas. Esse também vai ao charco. O problema é que para o seu lugar está apontado um nazi assumido e tresloucado. O ocidente alargado está cada vez mais perigoso.

* Jornalista

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