OS AMANTES DA RÚSSIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Presidente João Lourenço revelou publicamente o desejo de “continuar a estreitar as relações históricas de amizade que unem Angola e a Federação Russa há mais de cinco décadas”. É verdade mas as décadas estão erradas. As relações históricas e de amizade remontam ao início da Luta Armada de Libertação Nacional. Por estranho que pareça aos vindouros distraídos, União Soviética, União Indiana e República Popular da China são amigos de longa data. 

As tropas da União Indiana ocuparam Goa, Damão e Diu em Dezembro de 1961, dando o abanão definitivo ao império colonial português, já abanado pelos Heróis do 4 de Fevereiro e a Grande Insurreição a 15 de Março de 1961. Uma ajuda preciosa à luta armada sob a bandeira do MPLA.  

O Comandante Ingo (Benigno Vieira Lopes) sabe como e porque essa operação aconteceu. Mário Pinto de Andrade e Viriato da Cruz foram a Nova Deli mobilizar apoios para a luta do MPLA. Quando as autoridades indianas se dispuseram a ajudar, os dois dirigentes angolanos disseram que uma boa ajuda, era acabar com as colónias de Portugal na Índia. Pedido aceite. No dia 18 de Dezembro de 1961, em apenas 36 horas, acabou o império português na Índia. Depois o MPLA fez a sua parte em Angola. Ponham o Comandante Ingo a contar este episódio histórico que ele testemunhou.  

O Presidente da República na sua mensagem ao Presidente Putin pelo dia nacional da Federação Russa escreveu: “As relações de amizade entre Angola e a Rússia apresentam perspectivas de um futuro em que podem ser aprofundadas cada vez mais, por via da implementação de projectos de cooperação mutuamente vantajosos em domínios de interesse comum”. João Lourenço desistiu de apoiar a instalação de bombas atómicas dos EUA e do seu braço armado, a OTAN (ou NATO), na fronteira da Ucrânia com a Federação Russa. Canhões no nariz dos russos. Cerco de morte.

O senhor embaixador da Federação Russa em Angola, Vladimir Tararov, neste Dia Nacional da Rússia fez uma declaração inesperada: “A UNITA transformou-se muito, é uma UNITA com outra visão que se chama de oposição construtiva”.

Em Março de 2022 a UNITA tentou aprovar na Assembleia Nacional um voto de repúdio pela invasão da Ucrânia: “Repudiar e condenar a invasão da República da Ucrânia e as violações aos compromissos internacionais sobre a defesa, promoção da paz e segurança internacional”. Agora percebi a razão do chumbo à mensagem do Galo Negro. Os deputados do MPLA queriam que esse repúdio público e universal fosse manifestado pelo seu líder, João Lourenço. 

De repetente estão todos de acordo no amor à Federação Russa. É milagre de quem? Nossa Senhora da Muxima só faz milagres na área da saúde. Nossa Senhora da Ilha do Cabo encarrega-se dos males de amor. Eu sei. Fui com a Canducha implorar-lhe a graça de dinheirito para alugar um anexo no Bairro do Café. No dia seguinte Bobela Mota encomendou-me publicidade redigida. Uma série de reportagens empolgantes. Recebi o suficiente para pagar três meses de renda adiantadamente! O milagre acabou rápido. A Canducha bebia umas cucas ao entardecer e um dia pegou-se com a senhora da casa grande. Insultos e porrada. Fomos despejados. Perdi as bicuatas e três livros que eram a luz do meu dia. Uma tragédia. O milagre será de Nossa Senhora de Fátima? É muito longe. O tempo vai responder a esta inquietação.

Atenção, muita atenção. A Doutora Esperança da Costa que se cuide. O lugar de vice-presidente pode ser ocupado por Adalberto da Costa Júnior, cem por cento de acordo com João Lourenço no amor à Federação Russa. 

A ANGOTIC está aí até sábado. É do melhor que fazemos. Caso não me levem a mal, ouso perguntar? Não podem estender esse projecto vitorioso às políticas sociais? As centrais sindicais e o Executivo chegaram a um acordo histórico. As empresas privadas e públicas que pagam 70 mil kwanzas de salário mínimo nacional têm um ano para pagar mensalmente 100 mil aos seus trabalhadores. As empresas privadas e públicas que pagam abaixo de 70 mil kwanzas, têm dois anos para pagar 100 mil kwanzas. As pequenas empresas têm de pagar até 24 de Agosto, 50 mil kwanzas de salário mínimo.

As fazendas já têm circuitos de televisão para os bois e os cabritos engordarem com os olhos do dono. Jamba e Muangai já têm internet para as populações não se esquecerem que os sicários da UNITA ainda existem. Há milhões de ligações em Angola. Temos um satélite produtivo. As novas tecnologias de informação estão à mão de semear. Em Angola, mais de 90 por cento das empresas são micro, mínimas. As grandes foram destruídas no chamado combate à corrupção. Assim temos que mais de 90 por cento de quem trabalha, vai ganhar 50 mil kwanzas por mês a partir de Agosto. O resto vem do satélite e das ligações à internet.

A nossa sorte é que temos 101 camelos no deserto do Namibe arrebanhando milhões aos turistas. Até 2030 vamos ter petróleo a dar com um pau. A maquineta da kamanga vai acabar de vez com a exploração legal de diamantes. De quem é o milagre? Pode ser de San’Ana lá das terras da Matamba.

O senhor Pai Querido disse sem se rir que a Sonangol tem 2.000 trabalhadores a mais. O homem é um desbocado. Esses excedentários a 50 mil kwanzas por mês custam menos à empresa do que o presidente do conselho de administração numa jantarada. 

A solução para a petrolífera nacional é tratar bem os 2.000 trabalhadores a mais e despedir imediatamente Sebastião Pai Querido Gaspar Martins, Belarmino Emílio Chitangueleca, Baltazar Agostinho Gonçalves Miguel, Jorge Barros Vinhas, Osvaldo Inácio, André de Jesus Moda, Bernarda Gonçalves Martins, Augusto Teixeira de Matos.  Só ficam    Olga Lukocheka da Silva Sabalo Miranda, Kátia Mariana Siliveli Epalanga Lutucuta e Lopo Fortunato Ferreira do Nascimento. Promoção da mulher e amizade.

Que nos salvem as conexões inteligentes anunciadas hoje pelo Presidente João Lourenço na ANGOTIC. E a inteligência artificial já que a natural foi à vida no mágico ano de 2017. A “instalação de cerca de mais de 2000 quilómetros de fibra óptica” (o discurso do Presidente da República está cheio de gorduras) é capacidade que nunca mais acaba. Temos uma grande taxa de penetração. Sempre a crescer. E fica lá. Na taxa de penetração não há molezas. As tecnologias digitais desabrocharam e alargaram o funil. Salvaram Angola do naufrágio.

* Jornalista