terça-feira, 19 de novembro de 2024

O Flagelo de João Lourenço -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A reunião do G20 no Rio de Janeiro vai acabar como começou Gêzero. Lula da Silva soltou as patacoadas do costume mas não aceitou dizer mal da Venezuela como o demente senil Joe Biden lhe ordenou. Já manda pouco. Quem falou muito foi João Lourenço. Disse que a fome é um flagelo, nos países subdesenvolvidos mas também nos industrializados e muito ricos. Aí saltou-me a tampa. 

A fome não é um flagelo. O sistema em que vivemos sim é um flagelo que dura há séculos. Estou convencido de que está a dar as últimas mas um amigo que sabe destas coisas, diz que não, continua de boa saúde e vai durar mais uns séculos. Garante mesmo que é mais fácil acabar o mundo do que o capitalismo. Por mim marcha já. 

Os participantes na cimeira do G20 aprovaram a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma espécie de conversa fiada só para encher o papel do comunicado final. A hipocrisia do banditismo político não tem fim. Quem foi à cimeira do Rio de Janeiro sabe que a fome e a pobreza só existem porque existem milionários opulentos. Existem lucros milionários e salários rastejantes. Há países que não têm nada e roubam tudo aos pobres para terem tudo.

Os ricos que foram à cimeira do Rio de Janeiro e seus convidados sabem que há países que têm muito e os Gês, de sete a 20, roubam-lhes tudo para multiplicarem a fome e a pobreza no mundo. A “aliança global” é uma espécie de samba de enredo que Lula da Silva está a vender aos pobres brasileiros e de todo o mundo. Este é mesmo artista. Inspira-se naquele senhor que construiu os primeiros carros Ford. Olhem para mim, nasci pobrezinho, fui operário metalúrgico e agora falo na cimeira do G20. 

O sistema só recompensa os vigaristas, os sacanas e os vendidos. Para os pobres e deserdados acreditarem neles, vendem os Lulas. Estão a ver este? Subiu a corda a pulso. Todos podem ser ricos e poderosos no nosso sistema. Abaixo o comunismo que só faz pobres. Excluindo os chineses que há 50 anos não tinham uma tijela de arroz por dia e hoje até vendem carros eléctricos aos capitalistas. Os comunistas da Coreia do Norte também têm muito sucesso Os propagandistas da Casa dos Brancos dizem que já exportam militares para a Federação Russa, um dos paraísos do capitalismo pós comunista. O mundo está perigoso mas é uma maravilha!

Por favor, recuem uns meses, nem precisam de puxar pela memória. Na Venezuela nove candidatos disputaram as eleições presidenciais. Ganhou Nicolas Maduro. Atenção, naquele país basta ter mais um voto do que o segundo classificado para ser eleito presidente. Não há segunda volta. Nicolas Maduro teve mais de 51 por cento dos votos. 

O segundo foi Edmundo González, diplomata reformado. Representava uma aliança de extrema-direita cuja líder, Corina Machado, é subscritora da Carta de Madrid, documento fundador da Internacional Fascista, criada por Donald Trump durante a sua primeira residência na Casa dos Brancos

Ainda estavam os votos a ser contados e a Internacional Fascista declarou Edmundo González vencedor com 80 por cento dos votos. Quando terminou a contagem verdadeira, tinha perdido. Mas a extrema-direita cantou vitória. Tentou impor o caos na Venezuela. Os “comanditos” mataram polícias e militares. Saquearam e destruíram. Bloquearam estradas. Lula da Silva condenou o vencedor das eleições e declarou a Venezuela um país proscrito. Milei da Argentina alinhou. Os traficantes de droga colombianos deram o seu apoio ao derrotado, apresentado pelos Media como “candidato da oposição”. Os outros sete foram à vida.

Moçambique, ontem de Outubro. Aconteceram eleições para o Presidente da República, os deputados e o Poder Local. O candidato apoiado pela FRELIMO, Daniel Chapo, esmagou a concorrência. O candidato da Internacional Fascista (PODEMOS) foi esmagado mas com apenas dez por cento dos votos contados, cantou vitória! 

A FRELIMO conquistou uma maioria qualificada na Assembleia da República. E limpou tudo nas autarquias. Uma vitória esmagadora. Os eleitores moçambicanos, entre um pastor evangélico savimbista, um partido de oportunistas e trânsfugas mais candidatos às autarquias desqualificados, escolheram as propostas da FRELIMO. 

Mesmo quem acha que o partido fundador de Moçambique Independente faz muita asneira, desgoverna razoavelmente e não resolve os problemas do povo em primeiro lugar, nem hesitou no voto. Ouviram as intervenções de Venâncio Mondlane e nem hesitarem na escolha. Ou não foram votar. Venceu a FRELIMO por falta de alternativa credível.

Portugal, como sempre, é o centro nevrálgico da propaganda anti FRELIMO, anti MPLA e anti PAIGC. Não perdoam aos patriotas que derrubaram o império colonial português. Para atacar a FRELIMO endeusam o pastor evangélico savimbista que perdeu as eleições. Até se servem de um retornado der Moçambique, um trânsfuga da FRELIMO, apresentado como “professor de assuntos africanos” um tal Fernando Jorge Cardoso. 

Liberdade de expressão, sempre. Mas quando puserem o retornado a falar, por favor, ponham alguém decente a contestar a verdade única da Internacional Fascista. Há mais vida para além do banditismo político! Até puseram uma retornada moçambicana negra a dizer que a FRELIMO acabou, já não existe! O partido elegeu o seu candidato à Presidência da República com 70 por cento dos votos. Conquistou uma maioria qualificada na Assembleia da Republica. Venceu em todas as autarquias. E acabou! 

Angola vai ter eleições em 2027. O Rui Verde, um mariola que foi condenado em Portugal por vigarices e sacanices, escreve no Novo Jornal de hoje que o MPLA acabou. Está murcho. Estão a ver o que aconteceu no Botswana? E na África do Sul? O ANC derrotado! Nas Ilhas Maurícias foi um horror. África Austral está a virar. O MPLA vai perder. O Mondlane deles vai ser o Rafael Marques. Está garantido a vitória até do chefe MIala!

O mariola Verde é membro da Internacional fascista. Empregado dos fascistas. Só pode escrever baboseiras e aldrabices. Mas não há quem defenda outra verdade. Porque João Lourenço aderiu à causa. Menos de 50 anos depois da Independência Nacional, Angola caiu de novo no fascismo. O problema é que agora não temos Agostinho Neto nem a força humana que ele mobilizou para a Libertação da Nação Angolana. 

* Jornalismo

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