<> Artur Queiroz*, Luanda
O MPLA nasceu em 10 de Dezembro 1956 e a partir desse dia os aparelhos repressivos dos colonialistas atacaram a organização, sem pausas nem tréguas. Os seus dirigentes e militantes eram presos, torturados e mortos. O 4 de Fevereiro de 1961 deve-se 99 por cento ao ”amplo movimento”, seus militantes, simpatizantes e apoiantes. Quem tiver dúvidas que consulte a lista dos presos, deportados e mortos. Em cada mil combatentes só um não era do MPLA. No dia 15 de Março de 1961, data da Grande Insurreição Popular no Norte de Angola, a proporção é diferente. Em cada dez mil combatentes, um não era da UPA, depois FNLA.
MPLA, sob a liderança de Agostinho Neto, e UPA/FNLA, liderada por Holden Roberto, protagonizaram a Luta Armada de Libertação Nacional. A Revolta de KInkuzu ditou praticamente o fim do braço armado da FNLA, Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA). Holden Roberto calou a revolta matando os oficiais contestatários. Vários sobreviventes foram reforçar a guerrilha do MPLA. Alguns, como o Comandante Margozo, vinham da liderança na Grande Insurreição Popular, em 15 de Março, 1961.
O MPLA abriu a “Rota Agostinho Neto” e levou a guerrilha ao Leste de Angola. O Almirante José Condesse de Carvalho (Toka) foi o grande protagonista desta operação. Não querem ouvir o que tem para dizer? Ele é duro, resistente, resiliente, por minha vontade vive mil anos mas a idade não perdoa. Vão ouvir urgentemente o lendário Comandante Toka para conhecerem a gesta heroica da Frente Leste, na Luta Armada de Libertação Nacional.
Guerrilha na Frente Norte, MPLA. Guerrilha na Frente Leste, MPLA. Zonas libertadas, MPLA. Luta clandestina nas cidades, MPLA. Luta armada até à queda do regime colonial-fascista, MPLA. E depois do 25 de Abril 1974, os guerrilheiros do MPLA enfrentaram em Cabinda um golpe para entregar a província à FLEC. Salviano de Jesus Sequeira (Kianda) foi um dos comandante s da guerrilha que impediu a amputação dessa parte de Angola. FNLA e UNITA alinharam na golpada porque foi montada por Mobutu e o ditador zairense era o patrão.
Fim da Guerra Colonial. Liberdade de Abril. Os independentistas brancos, aliados do regime racista de Pretória, lançaram em Luanda e outras grandes cidades os esquadrões da morte. Só os militantes, amigos, simpatizantes e apoiantes do MPLA enfrentaram as organizações terroristas. FNLA e UNITA aliaram-se ao independentismo branco.
Guerra da Transição, entre 25 de Abril 1974 e 11 de Novembro 1975. MPLA enfrentou a tropas invasoras estrangeiras. Com o apoio de 99 por cento do Povo Angolano e sob a liderança de Agostinho Neto. FNLA serviu de capa aos invasores no Norte de Angola: Tropa zairense, matilhas de mercenários, Exército de Libertação de Portugal (ELP) onde pontificava um português chamado Jaime Nogueira Pinto, agora é recebido em Luanda com passadeira vermelha. UNITA serviu de capa aos invasores sul-africanos que só retiraram quando foram clamorosamente derrotados no Triângulo do Tumpo (Batalha do Cuito Cuanavale).
Guerra pela Soberania Nacional e
a Integridade territorial, de 11 Novembro
O MPLA, sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos, captou os sinais que iam surgindo na cena política internacional e protagonizou uma espectacular e inesperada mudança de regime. Conduziu o Povo Angolano até à derrota dos racistas de Pretória e o grande vencedor decidiu pôr o poder em disputa, ao adoptar a democracia representativa e o capitalismo, abandonando a democracia popular e socialismo. Portas aberta ao multipartidarismo. Nasceram dezena de partidos.
O MPLA foi a votos contra todos! E ganhou com maioria absoluta, numas eleições onde e fraude era impossível. O PRD, partido dos golpistas do 27 de Maio misturados com os revoltados activos (facção do MPLA liderada por Gentil Viana e Joaquim Pinto de Andrade), elegeu um deputado. O seu candidato à Presidência da República, Luís dos Passos, atingiu a astronómica marca de 1,47 por cento, o que equivale a 58.121 eleitores. Os contestatários da Revolta Activa e os golpistas liderados por Monstro Imortal e Nito Alves valiam quase nada.
Durante a longa Guerra pela Soberania Nacional e Integridade Territorial (13 anos) contra os invasores sul-africanos, o MPLA liderou. Após as primeiras eleições multipartidárias, fez um governo com todos os partidos representados na Assembleia Nacional. Só a UNITA não aderiu porque Jonas Savimbi partiu para a rebelião armada. Queria matar a democracia ainda no ovo. Antes da tomada de posse do Governo liderado pelo primeiro-ministro Marcolino Moco, secretário-geral do MPLA, os partidos concorrentes, com excepção do PLD, de Anália Vitória Pereira e Carlos Simeão (Manolo), e da FNLA, alinharam com Savimbi, dizendo que houve fraude eleitora!
O MPLA combateu a rebelião armada do primeiro ao último tiro, no dia 22 de Fevereiro 2002. Todos os outros partidos assobiaram para o lado. Fingiram que não estava a acontecer uma guerra sangrenta e particularmente destrutiva. Sobretudo fingiram que Savimbi e a UNITA não estavam a disparar contra a democracia. Para não terem que combater. A realidade é mesmo muito cruel: A UNITA derrotada eleitoralmente, ao partir para a rebelião armada, bloqueou o regime democrático. Ao continuar na cena política após 22 de Fevereiro 2002, o Galo Negro matou a alternância.
O MPLA ao enfrentar sozinho (mais uma vez) a rebelião armada contra a democracia, ganhou a confiança do eleitorado. Nem João Lourenço vai conseguir rebentar a corrente política e afectiva porque ela é indestrutível. Vem de muito longe, 19 de Dezembro 1956. Do 4 de Fevereiro 1961, 11 de Novembro 1975, 23 de Março 1988, Setembro de 1992, 22 de Fevereiro 2002.
Os partidos são a essência do regime democrático e sempre que surge um novo partido, é motivo para saudar e aplaudir. O Partido Cidadania está aí e faço votos para que tenha muito sucesso. Mas Júlio Bessa, o líder, já atacou o MPLA. Confundiu o partido de Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos com João Lourenço. O actual líder do MPLA é um engano de alma. Um erro de “casting”. Em breve acaba o seu tempo de antena e será visto como um político que fez da vingança mesquinha o seu programa de acção. Reduziu o Poder Judicial ao nível das chicotadas e palmatoadas dos chefes de posto e dos sipaios. Não interessa a ninguém.
* Jornalista
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