segunda-feira, 10 de março de 2025

Portugal | ELEIÇÕES: PASSA-CULPAS ELEITORAL

Maravilhoso Sol Verde

 Vítor Santos* | Jornal de Notícias, opinião

A velocidade a que evolui a conjuntura política não garante verdades absolutas por mais de 24 horas. Depois dos acontecimentos das duas últimas semanas, outra começa com a moção de confiança do Governo, agendada para depois de amanhã. As bolsas de apostas apontam para eleições, situação que a maioria dos portugueses considera dispensável, embora seja muito difícil este cenário alterar-se. Como também os partidos entendem que precisamos de tudo menos de uma crise, é admissível concluir que os eleitores são bem mais sensatos do que os políticos, até porque os estudos de opinião indicam que a aritmética parlamentar não sofrerá grandes alterações.

A discussão tem sido marcada por uma espécie de “Cluedo” para encontrar o responsável por mandar o país às urnas num enquadramento internacional tão delicado e pouco mais de um ano após as últimas legislativas. Os partidos do poder apontam a mira à Esquerda, esquecendo-se que só governam porque o povo votou, claro, e porque o Partido Socialista viabilizou o programa deste Governo, um Orçamento do Estado e impediu a queda do Executivo, ao abster-se em duas moções de censura.

Pedro Nuno Santos mantém a intenção de avançar com uma comissão de inquérito ao caso da empresa do primeiro-ministro e, mesmo que não o fizesse, a moção de confiança seria apresentada. 

Com tanta intransigência junta, será difícil prever outro cenário que não o de eleições antecipadas, a não ser que alguém se lembre, na última hora, que Portugal não precisa de ficar três ou quatro meses paralisado, nem de gastar 25 milhões de euros em eleições e menos ainda de com a sua banalização cansar os eleitores, oferecendo a decisão democrática a uma minoria, porque o risco de a abstenção aumentar é real.

* Diretor

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