terça-feira, 20 de maio de 2025

A INVASÃO DA INTERNACIONAL FASCISTA EM PORTUGAL INSTALOU-SE APÓS AS ELEIÇÕES

Bom dia. O Curto do Expresso aqui está para si. Para todos que se disponham a lê-lo. Abertura ou preâmbulo habitual do Página Global sobre a deplorável situação política em Portugal pós-eleições legislativas não vai existir. Nenhum dos elementos do PG se dispôs a fazê-lo. Lá por isso avançamos com o Curto de hoje pelas laudas de Miguel Prado, jornalista do Expresso do tio Francisco Pinto Balsemão/Impresa. Cá pela casa o que é pensamento e opinião expressa é que a evidência do resultado das eleições de domingo, 18.05, contém a invasão da Internacional Fascista que abunda pela Europa, pelo ocidente e pelo mundo. 

A União Europeia está em perigo exatamente por essa invasão. Em Portugal os eleitores cederam. Vêm por aí tempos muito maus para os mais vitimizados da exploração esclavagista, das condições de trabalho indignas, dos salários indignos e das pensões dos que tanto trabalharam para agora terem vivências difíceis e desumanas. Repletas de misérias e desumanizações.

O Curto a seguir. Vamos nessa disponibilidade de sabermos o que contém. Boa leitura e use a liberdade de pensar.

Redação PG

NÃO É NIM?

Miguel Prado, editor de economia | Expresso (curto)

Bom dia. Sente o cheiro a napalm? Bem-vindo ao segundo dia de uma nova realidade altamente inflamável. Enquanto à esquerda os resultados eleitorais já deixaram queimaduras graves, à direita o “não” ameaça transformar-se num “nim”. Nas últimas horas as declarações públicas dos líderes da Aliança Democrática abriram a porta à “disponibilidade para negociação” com o Chega.

O mapa do país é agora pintado de cores diferentes: veja aqui no Expresso como ficou Portugal, concelho a concelho, após as eleições de domingo. No rescaldo de umas eleições que mudaram radicalmente a composição do Parlamento, ninguém parece saber verdadeiramente como lidar com o elefante na sala. Hugo Soares e António Leitão Amaro procuraram afastar a hipótese de uma revisão constitucional que exclua o Partido Socialista, mas a forma como a AD trabalhará nos próximos meses com o Chega será outra grande incógnita na reconfiguração do xadrez político nacional.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebe hoje em Belém um PS à deriva, destroçado pelo seu terceiro pior resultado de sempre, na iminência de passar a ter um grupo parlamentar menor que o do Chega (dependendo do resultado do círculo da emigração). José Luís Carneiro está cheio de vontade de voltar a concorrer à liderança dos socialistas, enquanto Duarte Cordeiro garante que não será candidato, defendendo que é preciso “dar tempo” para que se possa “escolher entre os melhores e não eleger os mais rápidos”. Augusto Santos Silva também veio a público recomendar “cabeça fria” e deixou um recado: “lideranças pessoais demasiado fortes não são a solução adequada para o PS agora”.

A alma socialista partiu-se como um vaso vazio e “caiu pela escada excessivamente abaixo” (“Apontamento”, de Álvaro de Campos). O PS ficou feito num caco. Na hora de varrer o que restou do passado domingo (uma versão menos poética da tal “reflexão profunda” pedida pelos mais destacados militantes socialistas), Marcelo Rebelo de Sousa promete mais tempo para ouvir os partidos, acreditando que a governabilidade é “do interesse de todos”. E o Presidente não tem pressa quanto à posse do Governo. “Se for possível antes dos feriados [de junho] muito bem, se não, é depois”, afirmou esta segunda-feira.


Não sabemos bem o que aí vem. Será um Parlamento em mutação. O Chega terá uma força de pelo menos 58 parlamentares (que podem chegar a 60 com os votos da emigração), com 14 rostos novos face à atual composição. Entra eles está o de Ricardo Reis, um assessor que saudou a morte de Odair Moniz assim: “menos um criminoso, menos um eleitor do Bloco” (comentário entretanto apagado da rede social X). Aqui pode ler mais sobre algumas das novas caras que o Chega terá na Assembleia da República na próxima legislatura.

Se ainda não explorou em detalhe os conteúdos do Expresso sobre as eleições legislativas, permita-me que lhe deixe algumas sugestões adicionais. Aqui pode consultar os resultados globais e locais e ver que combinações podem dar uma maioria parlamentar. Mas se tiver tempo vale muito a pena explorar o trabalho que a plataforma EyeData preparou com resultados detalhados e a caracterização social e económica do país, concelho a concelho. E pode ainda testar este jogo sobre qual o partido mais próximo de si. Estes e vários outros recursos estão acessíveis no espaço sobre as legislativas na nossa edição digital.

Os próximos meses prometem uma vida política animada, entre um “não” que se pode tornar “nim” e prometidas reflexões profundas que prometem transformar o Largo do Rato num enorme festival de meditação. É, de resto, um país diverso: como aqui escrevemos, o Chega foi mais forte em concelhos com mais crimes, a IL e o Livre em concelhos mais ricos e a AD mais feliz onde há mais casamentos católicos.

Os últimos dias também tiveram declarações para todos os gostos, como pode comprovar neste “Índice do citacionismo”, com a análise de Vítor Matos ao significado de algumas das frases marcantes dos líderes partidários. Cá dentro, como lá fora, o populismo cresce, expõe o desgaste de forças partidárias bem estabelecidas ao longo de meio século de democracia, e deixa o país em suspenso. As análises sobre a nova realidade política prosseguem dentro de momentos. Mas antes disso ficam outras sugestões de leitura.

OUTRAS NOTÍCIAS

Roménia. Em Bucareste foi eleito presidente Nicusor Dan, que levou a melhor sobre o nacionalista George Simion, mas a extrema-direita continua forte. O jornalista romeno Stefan Candea, radicado em Portugal, contextualiza a realidade do seu país e deixa uma nota: “quando as pessoas não têm esperança dão as mãos ao populista mais barulhento e ultrajante”.

Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou com Vladimir Putin e anunciou que a Rússia e a Ucrânia estão prestes a iniciar “negociações imediatas para um cessar-fogo”.

Médio Oriente. Novos ataques israelitas mataram pelo menos 38 pessoas na Faixa de Gaza. Não perca aqui, minuto a minuto, o fundamental da atualidade nacional e internacional.

Economia. A Comissão Europeia reviu em baixa a sua previsão de crescimento da economia portuguesa para este ano, antecipando que o país poderá no próximo ano ter um défice orçamental.

Energia. A segurança energética voltou a ser um tema essencial depois do apagão de 28 de abril. Quão segura é a nossa rede de eletricidade? Temos renováveis a mais? É o que se analisa aqui.

Cinema. A partir de Cannes, Rui Pedro Tendinha deixa-nos uma crónica sobre o prestigiado festival de cinema e o reduzido entusiasmo de “O esquema fenício”, do cineasta Wes Anderson, a contrastar com as participações de Isabelle Huppert e Laurent Lafite em “La femme la plus riche du monde”.

FRASES

“Há coisas a acontecer que estão a mudar a natureza da democracia no nosso país”

Bruce Springsteen, músico, num concerto em Manchester, criticando o Governo de Donald Trump

“Não estamos acabados”

Bono, vocalista dos U2, em declarações à Rolling Stone

“Ninguém vai desistir das nossas terras, dos nossos territórios, do nosso povo”

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, em conferência de imprensa

“Tomámos conta deste clube para que não passassem por aquilo que a minha geração passou, festejar em 18 e depois em 19 anos”

Frederico Varandas, presidente do Sporting, na receção na Câmara de Lisboa após a conquista do bicampeonato de futebol

OS NOSSOS PODCASTS

Na edição desta terça-feira do Expresso da Manhã Paulo Baldaia conversa com o politólogo e investigador Riccardo Marchi, que considera que “se Montenegro preferir acordos à sua esquerda é o maior serviço que pode fazer ao Chega”.

A Comissão Política fez esta segunda-feira o rescaldo da noite eleitoral. Eis a análise aos resultados de domingo.

No mais recente episódio do podcast Lei da Paridade, Leonor Rosas, Adriana Cardoso e Maria Castello Branco analisam os resultados das legislativas, com destaque para a vitória da AD, a ascensão do Chega e a hecatombe do PS. Pode ouvir aqui.

No podcast Economia Dia a Dia sintetizamos as perspetivas da Comissão Europeia para a economia portuguesa, com maior pessimismo que o Governo.

No príncipio era a bola… Neste episódio Rui Malheiro e Tomás da Cunha conversam sobre a Primeira Liga e a consagração do Sporting como campeão, bem como a escolha de Rui Borges para o comando dos leões.

Este Expresso Curto termina aqui. Pode continuar a acompanhar o essencial da atualidade na nossa edição digital. Votos de uma boa terça-feira!

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