Susana Charrua, Odemira | PG
Pedro Lima, editor-adjunto de economia | Expresso (curto)
Bom dia.
A campanha para as legislativas está na rua, organizada oficialmente neste
domingo e a luta promete ser taco a taco até ao último voto. Quem vencer não
terá maioria absoluta, mas excluindo um cenário de entendimento entre PS e PSD,
atendendo à luta encarniçada e troca de acusações entre ambos, sempre haverá
hipóteses de algum entendimento com partidos mais pequenos para dar alguma
estabilidade ao país. À direita surge a Iniciativa Liberal, à esquerda surge
Bloco, PCP, Livre ou PAN.
Admitindo, assim, que a 'cerca sanitária' em torno do terceiro partido mais
votado nas últimas eleições, o Chega, se mantém - o PSD continua a rejeitar um
acordo de governação com este partido -, uma das possibilidades possíveis para
uma governação estável poderá então depender da votação que este partido vier a
ter. PSD e CDS esperam conseguir desviar votos à sua direita e assim ganhar as
eleições reforçando a votação face às eleições de 10 de março de 2024 e por
isso não é estranho que o tema da imigração, que tanto o Chega tenha cavalgado,
se tenha tornado num dos dois principais temas deste arranque de campanha.
O governo quer deixar claro que as medidas que tomarão irão controlar a entrada
de imigrantes no país no estrito cumprimento das necessidades de trabalho
apresentadas pelas empresas. Concretizar essas medidas é um piscar o olho ao
eleitorado do Chega, embora não deixe de surpreender que um país que tantas
vagas de emigração teve eleja como tema de abertura de campanha precisamente a
imigração.
O governo anunciou no sábado que 18 mil imigrantes em situação
irregular em Portugal serão expulsos sendo que mais de 4500 serão
notificados para deixar o país no espaço de 20 dias. E as respostas não se
fizeram esperar: à esquerda fala-se de ato de campanha e disputa de votos com o
Chega.
No PS aposta-se precisamente na coligação PSD/CDS ao Chega, e o seu líder, Pedro Nuno Santos diz mesmo que “há uma trumpização de Luís
Montenegro”. Em resposta às acusações, o primeiro-ministro e líder do PSD garantem que as deportações
não aceleraram por causa da campanha .
O primeiro dia de campanha culminou com o debate entre todos os oito partidos com assento parlamentar em
que Luís Montenegro foi atacado por todos por causa do caso Spinumviva e, como não
podia deixar de ser, com o tema da imigração a aquecer os ânimos : PS
e Chega convergiram na análise de que o PS deixou uma “balbúrdia” - ou
“bandalheira” – na política de entrada de estrangeiros no país.
No que diz respeito à campanha no terreno, a AD esteve a norte, em Bragança e em Barcelos e Luís
Montenegro garantiu que não vai “perder um segundo” de forma a “conquistar os
votos todos para ter uma maioria maior para continuar a governar
Portugal”.
O PS, também a norte, esteve em Guimarães e Pedro Nuno Santos pediu que não haja dispersões de voto na
esquerda: “É preciso concentrar o voto no PS”, disse.
André Ventura, líder do Chega, esteve no centro do país, na
Guarda, onde colocou a fasquia alta: “não ouvirão falar de vitória se só
aumentarmos o número de deputados”, disse.
O Bloco de Esquerda fez um comício em Almada, a Iniciativa Liberal andou por
Setúbal, o PCP por Vila Franca de Xira e o Livre e o PAN em Cascais.
Esta segunda-feira volta a haver debate entre todos, desta vez na rádio. Depois
da campanha volta a sair à rua. O líder do PSD estará no Cadaval, Castelo
Branco e Guarda, o do PS em Lisboa e Viseu, o do Chega em Santarém, o do PCP em
Santarém e Setúbal, os da Iniciativa Liberal e do Livre em Lisboa, o do Bloco
de Esquerda em Almada e o do PAN no Porto.
Estas eleições antecipadas estão marcadas para 18 de maio, pouco mais de um ano
e dois meses depois das últimas eleições, também antecipadas.
OUTROS ASSUNTOS
Apagão Uma semana depois do pagamento, a REN mantém, por questões
técnicas, a suspensão das importações comerciais de eletricidade de Espanha, o
que impedirá Portugal de beneficiar dos preços baixos do país vizinho. E por
isso Portugal vai pagar o quádruplo face à Espanha esta
segunda-feira.
Rússia O presidente russo, Vladimir Putin, disse que espera que não
haja necessidade de usar armas nucleares para vencer a guerra na Ucrânia .
Donald Trump, presidente dos EUA, diz que tem conversado com a Rússia e a
Ucrânia para se chegar a um acordo que ponha fim à guerra mas constata que há
“muito ódio” entre as partes.
Médio Oriente Os rebeldes hutis do Iémen atacaram Israel com um míssil
lançado sobre o aeroporto Ben Gurion na Televive. Israel promete vingança.
China O presidente chinês Xi Jinping vai visitar a Rússia de 7 a 10
de maio para se juntar a Putin na celebração do 80º aniversário da
vitória sobre a Alemanha nazista.
Alemanha Quase 50% dos alemães estão a favor da concessão do partido de
extrema-direita AfD.
Roménia O candidato nacionalista George Simion venceu a primeira volta
das eleições presidenciais romenas . Disse que esta foi a “vitória da
dignidade” e prometeu reconstruir o país.
Reino Unido Oito pessoas foram detidas em duas operações antiterroristas no
Reino Unido. Um ataque em Londres estava em preparação.
Nicarágua A Nicarágua saiu da UNESCO em protesto contra a atribuição de
um prêmio de liberdade de imprensa ao jornal local “La Prensa”.
Conclave Um Relatório de Prospetiva elaborado pelo MediaLab do ISCTE aponta Jean-Marc Aveline, cardeal de Marselha, como o mais forte
candidato a ser o novo Papa , mas os apostadores online dão o
secretário de Estado de Francisco, Pietro Parolin, como vencedor do Conclave.
Julgamento Esta segunda-feira arrancou o julgamento do processo do BES
Angola, em que entre outros estão acusados o ex-presidente do BES, Ricardo
Salgado, e o ex-presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho. Este fez saber que não comparecerá no julgamento porque contestou a validade por
apenas 90 dias do visto que lhe foi concedido .
Futebol O Sporting venceu este domingo o Gil Vicente por 2-1 ,
voltando a assumir o primeiro lugar do campeonato de futebol em igualdade de
pontos com o Benfica, que no sábado venceu o Estoril-Praia por 1-2. O terceiro
lugar também é renhido com Porto e Braga com os mesmos pontos após a vitória do
Porto contra o Moreirense por 3-1 e o empate do Braga com o Santa Clara por 1-1.
FRASES
“Acreditamos que o cessar-fogo é possível a qualquer momento mesmo a partir de
hoje e deve durar pelo menos 30 dias” – Volodymyr Zelensky, presidente da
Ucrânia
“Quero um acordo justo com a China mas a China anda a trapacear-nos há muitos
anos” – Donald Trump, presidente dos EUA
O QUE ANDO A LER
Muitas foram as homenagens feitas na vida de Rui Nabeiro, que em 28 de março
teria feito 94 anos. E foi justamente esse o dia escolhido para o lançamento
pelo seu neto, Rui Miguel Nabeiro, do l ivro “O legado do meu avô” que, mais do
que um livro sobre liderança e gestão, se assume como uma homenagem ao
empresário que fundou o grupo Nabeiro – Delta Cafés e que morreu a 19 de março
de 2023.
Ali são contadas histórias vividas pelo neto com o avô, que resultaram em
ensinamentos, alguns dos quais surpreendentes. Por exemplo, quando se canta
vitória porque se fez um negócio que é muito bom para a empresa, se ele também
não for bom para o cliente isso pode levar a empresa a perdê-lo mais tarde. Por
isso, nem sempre os bons negócios são mesmo bons negócios, é preciso ver mais
além.
“Para o meu avô, era inadmissível perder um cliente, fosse qual fosse a razão”,
diz Rui Miguel, atual presidente executivo do grupo e que no início do livro
deixa logo claro ao que vem: fazer uma homenagem à “vida extraordinária” do seu
avô, deixando clara a vontade de que ele tinha de “acrescentar ao mundo os seus
valores, a sua excitação e a sua peculiar forma de estar na vida”.
O livro cumpre também um propósito social, de solidariedade: o valor dos
direitos de autor reverte na totalidade para a associação de solidariedade
social do grupo Nabeiro, Coração Delta.
PODCASTS
Expresso da Manhã Luís Montenegro tem andado a pedir uma “maioria maior”. Chegará
ao primeiro-ministro pedir uma maioria absoluta? Paulo Baldaia analisa
esta questão com Martim Silva, subdiretor de Informação da SIC.
Contas Poupança Existem lições econômicas para tirar o pagamento de energia de
uma semana? As respostas de Pedro Andersson em mais um episódio de
Contas Poupança.
Desejamos-lhe uma excelente semana!
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