quinta-feira, 1 de maio de 2025

Portugal | O DEBATE OBNÓXIO DOS SERVOS DOS DONOS DISTO TUDO

Obnoxius, do latim: Submisso, servil. Funesto, nefasto. Origem etimológica: latim obnoxius, - a, - um, submisso, dependente, cobarde. – Priberam

Spinumviva põe Montenegro e Pedro Nuno a trocar acusações sobre "autoridade moral" e "idoneidade"

O caso Spinumviva entrou, esta noite, na campanha ao ser discutido durante o debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, originando acusações mútuas de aproveitamento e de idoneidade e autoridade moral. Os líderes da AD e do PS estiveram frente-a-frente numa altura em que faltam três semanas para as eleições. O debate estava agendado para segunda-feira mas foi adiado devido ao apagão que afetou a Península Ibérica, um tema que também esteve no centro da discussão.

Pedro Nuno diz que empresa do pai "não é comparável" com Spinumviva

Também no final do debate, em resposta aos jornalistas, Pedro Nuno Santos sublinhou que "ser sério é não misturar a política com negócios".

“Isso não pode acontecer e aconteceu em Portugal, e nós temos o dever de o denunciar”, defendeu.

O socialista disse ainda que “não podemos comparar aquilo que não é comparável”, já que a empresa do seu pai tem “quase 50 anos, com um produto que é conhecido no mercado, com várias empresas, vários pavilhões, muitos trabalhadores”.

“Para além de que a empresa não é minha nem da minha mulher nem do meu filho”, acrescentou.

Montenegro diz nunca ter tido o objetivo de ser primeiro-ministro

Em resposta aos jornalistas no final do debate, Luís Montenegro disse continuar "muito focado em dar às portuguesas e aos portugueses a garantia de que vão continuar a ver muitos dos seus problemas resolvidos".

“Vou continuar focado em dar um aumento de rendimentos” e em “dar estabilidade”, assegurou.

Montenegro referiu ainda que Pedro Nuno Santos “tentou tudo e infelizmente ultrapassou muitos limites para cumprir o seu objetivo de vida”.

“Eu, na minha vida, nunca tive o objetivo de ser primeiro-ministro. Acabei por ter esta missão que gosto muito, adoro mesmo, e vou cumpri-la com toda a força e energia”, concluiu.

Pedro Nuno Santos promete defesa do sistema público de pensões

O líder do PS prometeu uma “defesa séria do sistema público de pensões”, garantindo que irá “extinguir o grupo de trabalho para a privatização da Segurança Social que o governo da AD nomeou”.

Pedro Nuno Santos garantiu ainda fazer “tudo para baixar o custo de vida” aos portugueses, desde o IVA Zero para o cabaz alimentar e IVA a 6% para todo o consumo energético.

“Todos os homens e mulheres que trabalham todos os dias de sol a sol sabem que podem contar com o PS”, afirmou, prometendo ainda “valorizar o papel das mulheres na sociedade”.

"Estou aqui para governar", afirma Luís Montenegro

No minuto final concedido a cada candidato, o líder da AD destaca que o Governo foi capaz, no último ano, de tomar “decisões adiadas”, tendo como prioridade a classe média e os mais jovens.

Assinalou ainda a “valorização das pensões mais baixas”, a “transformação” dos serviços públicos e as intervenções na área da imigração e segurança, considerando que aqui houve uma “aproximação” do PS.

No âmbito económico, afirmou que “a pobreza só acabará se formos capazes de criar riqueza”, concluiu.

Pedro Nuno Santos garante estabilidade e pede que se evite "dispersão de votos"

Questionado sobre o cenário pós-eleições, Pedro Nuno Santos afirmou que o único cenário em que está focado “é na vitória das eleições” e na criação das condições de governabilidade necessárias.

Destacou que o PS “mostrou sentido de responsabilidade” e assinalou que o PS pode garantir uma “estabilidade política que infelizmente Montenegro não consegue garantir ao país”.

Pedro Nuno Santos considerou importante “que não haja uma dispersão de votos”.

"O Governo caiu por tática política", aponta Luís Montenegro

O líder da AD sublinha que, na negociação do Orçamento do Estado, o Governo esteve disponível para “ultrapassar linhas vermelhas a bem da estabilidade do país” perante “a instabilidade da posição do PS”.

Luís Montenegro vincou que o atual Governo é “um garante de estabilidade” a nível político, económico mas também social, assinalando que este debate, ao contrário do que se passou no ano passado, começou “sem um protesto lá fora”.

Há um ano, no frente a frente entre PS e AD, os polícias estiveram em protesto à porta do Capitólio.

“O Governo não caiu por falta de estabilidade, o governo caiu por tática política”, argumentou Montenegro.

Montenegro "atirou país para eleições", PS "aproximou-se do Chega"

Numa altercação sobre a governabilidade e estabilidade, Pedro Nuno Santos assinalou que Montenegro não pode prometer estabilidade quando “atirou o país para eleições” devido ao caso da empresa familiar.

O líder do PS lembra que o partido viabilizou a eleição do presidente da Assembleia da República, a aprovação do Orçamento do Estado e chumbou duas moções de censura.

Luís Montenegro respondeu que essas decisões só foram possíveis porque o Governo se “aproximou do PS” e acusou o principal partido da oposição de se aproximar, por sua vez, do Chega, acusando o PS de se acercar da extrema-direita na aprovação de várias medidas.

Pedro Nuno acusa PSD de ser "contra complemento solidário para idosos"

Sobre o Estado Social do país, o líder socialista assume que o partido está disponível para “encontra mecanismos” para dar sustentabilidade à Segurança Social. 

“O Partido Socialista defende a diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social”, disse ainda. 

“A posição do Partido Socialista sobre o sistema de pensões nunca se alterou”. 

Sobre o combate à pobreza, Pedro Nuno Santos acusou o PSD de ser “sempre contra o complemento solidário para idosos” e referiu que o PS quer fazer “aumentos extraordinários permanentes”. 

Para clarificar, Luís Montenegro respondeu que a AD não tem no programa “qualquer alteração ao Sistema de Segurança Social”. 

“Os pensionistas sabem que nós vamos valorizar as pensões todas, vamos valorizar mais as mais baixas. Vamos continuar a dar complementos de política para poder combater a pobreza”, afirmou o líder da AD.

Montenegro diz que cumpriu "promessa de valorizar pensões mais baixas"

Na campanha do ano passado, a AD prometia a “reconciliação” com os pensionistas e, ao dia de hoje, Luís Montenegro acredita que o Governo deu “todas as razões para que os pensionistas” confiem no projeto da AD, mais do que no do PS. 

“A palavra-chave é de tranquilidade e de valorização”, disse Montenegro. “Aumentámos as pensões de acordo com os critérios da lei, para todos, e cumprimos a nossa promessa de valorizar as pensões mais baixas”.

O Governo, mencionou o primeiro-ministro, aumentou “uma primeira vez o complemento solidário para idosos”, uma segunda vez “no Orçamento do Estado”, atribuiu um “suplemento extraordinário”. E em resposta às críticas do líder da oposição, Montenegro acusou Pedro Nuno Santos de estar a falhar “à seriedade”, ao criticar o Governo por ter criado um grupo de trabalho que está a “analisar um estudo, um livro verde, que foi de um Governo do qual Pedro Nuno Santos fez parte”. 

Dirigindo-se ao líder socialistas disse: “Pedro Nuno Santos não tem limites à utilização demagógica, deturpada dos argumentos políticos. Estamos simplesmente a analisar as conclusões do seu estudo”. 

Montenegro prometeu, então, que a AD não fará “nenhuma alteração ao Sistema de Segurança Social nesta legislatura”

PS valoriza "a sério os pensionistas" e os trabalhadores que se dedicam aos "mais velhos"

Sobre pensões e Segurança Social, Pedro Nuno Santos considerou que o PS difere da AD porque valoriza “a sério os pensionistas”. 

“Sempre que podemos, nós aquilo que fazemos é aumentos extraordinários para além do aumento que está consagrado na lei”, explicou o líder socialista. 

“Já ouvi a AD dizer que aumentou as pensões. A AD estava tão habituada a cortar pensões que cumprir a lei já é um feito para a AD”. 

Contudo, segundo Pedro Nuno, “houve um aumento, já com o PS na oposição, para lá do que a lei previa”, mas foi uma proposta que o Partido Socialista “levou à Assembleia da República, que teve o voto contra da AD”.

“O Partido Socialista leva a sério o sistema de pensões, leva a sério os pensionistas do nosso país”, declarou, acrescentando que o PS, se for Governo, nunca vai criar “grupos de trabalho presididos por pessoas” que querem “entregar parte do sistema público de pensões ao mercado de capitais”. 

Sobre o Pacto Nacional para o Envelhecimento, o secretário-geral do PS explicou que é preciso “olhar para as instituições de solidariedade social, que cuidam dos nossos mais velhos” e assumir que é necessário “aumentar o investimento no apoio aos mais velhos” e no apoio aos trabalhadores que “dedicam a sua vida a cuidar dos nossos mais velhos”.

Montenegro garante que nunca acumulou funções ou remunerações

Luís Montenegro disse não ter revelado qualquer interação com a Entidade para a Transparência, não sabendo também a fonte da notícia do Expresso de que remeteu uma nova declaração àquele organismo em que são conhecidos sete novos clientes que tinha na empresa era já primeiro-ministro de Portugal.

“O que eu sei é que respondi a uma solicitação que me foi feita, contactei a Entidade para a Transparência, que me assegurou que não publicitou a informação que eu enviei ontem e me informou que na Assembleia da República a informação foi acessível e eventualmente terá sido essa a origem da difusão de uma informação que não tem a minha responsabilidade”, garantiu.

Montenegro quis também garantir que não acumulou a função de primeiro-ministro com nenhuma outra atividade: “Eu não recebi um único euro de nenhuma atividade privada desde que sou presidente do PSD”.

“Tudo o que foi dito por Pedro Nuno santos corresponde a uma exploração de insinuações gratuitas que é lamentável e deplorável que um líder político se preste a fazer apenas com o intuito de tirar daí algum dividendo”.

Sobre a possibilidade de haver novas informações sobre o caso, disse que estava disponível para todos os esclarecimentos.

“Eu dei todas as informações que me foram perguntadas até agora”.

“E Pedro Nuno Santos não tem autoridade moral, nem vida cívica, profissional ou empresarial para falar assim de mim”.

“É deplorável o que Pedro Nuno Santos fez, porque não aplica a ele próprio o que ele quis instrumentalizar. (…) Sabemos os clientes de uma empresa em que Pedro Nuno Santos tinha uma participação social quando era deputado, secretário de Estado e ministro? Eu nunca lhe perguntei. Sabemos a que entidades públicas vendeu materiais e equipamentos?”, questionou Montenegro, ao que o líder dos socialistas respondeu: “Sabemos”.

Acrescentaria, voltando-se para o primeiro-ministro: “Eu quero dizer a Luís Montenegro que não se vitimize porque a vida não o tratou mal. Não é toda a gente que sai da política e consegue rapidamente dois ajustes diretos com duas autarquias presididas por dois companheiros de partido e amigos. Não foi o PS que abriu um inquérito crime no DIAP do Porto, não fui eu que não declarei todas as minhas contas ao Tribunal Constitucional”.

O socialista recuperou uma questão de Montenegro a Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, se havia algum momento em que o Governo da AD tinha beneficiado os clientes da Spinumviva e Pedro Nuno Santos apontou o contrato do Estado com o Grupo Solverde.

Apontando os atrasos na concessão de três casinos e que, não tendo ainda sido lançado o concurso internacional, com prorrogação da concessão à Solverde, “há, potencialmente, sim”.

Luís Montenegro respondeu com um processo que vinha do anterior governo socialista e que valeu à Solverde uma indemnização de 15 milhões mais três de juros e da qual diz que o seu Executivo recorreu “e inibimos o Estado de pagar essa indemnização”.

“Era só o que faltava que o Estado não recorresse”, declarou Pedro Nuno Santos, apontando um exemplo semelhante com o Casino da Póvoa mas em que foi um governo socialista a recorrer.

Revelação tardia de outros clientes prova que Montenegro "não tem idoneidade para o cargo que ocupa"

As suspeitas sobre o comportamento ético do primeiro-ministro foi um tema esperado e obrigatório do debate desta noite, sendo introduzido com uma questão sobre a revelação, esta tarde, de que Luís Montenegro remeteu à entidade da transparência uma nova declaração em que acrescentou mais sete clientes Spinumviva quando era sua empresa e que estavam incógnitos até poucas horas antes do debate.

Pedro Nuno Santos havia já exigido saber mais sobre essa lista de clientes de Luís Montenegro e chegou a ser citado como capaz de dispensar a comissão parlamentar de inquérito que vem prometendo se o primeiro-ministro fosse mais transparente sobre a sua atividade na Spinumviva, que só recentemente passou para as mãos dos filhos.

Questionado sobre se esta revelação tardia era o que esperava ouvir do primeiro-ministro, o líder socialista sublinhou que o debate deve ser centrado nos problemas e necessidades dos portugueses e das respostas dos socialistas para essas questões, Pedro Nuno Santos acrescentaria que Luís Montenegro não tem no último ano e meio “qualquer razão de queixa”.

“Demos todas as condições de governabilidade à AD, Luís Montenegro não tem a esse propósito nenhuma razão de queixa, nem de mim próprio nem do PS, mas há uma linha vermelha que não podemos ultrapassar, que é ignorar aquilo que nós ficámos a saber nos últimos dois meses, os casos que envolveram o primeiro-ministro”.

Pedro Nuno Santos apontou o facto de que “Luís Montenegro, como primeiro-ministro, continuou a receber dinheiro de algumas empresas”, sendo que “a Spinumviva é Luís Montenegro” e “um desses clientes tem interesses em decisões do Estado, o grupo Solverde, que Luís Montenegro chegou a representar em interacções com o Governo anterior”.

“Hoje ficámos a conhecer mais clientes, que fornecem o Estado e recebem por isso milhões de euros” e “ficámos a saber que Luís Montenegro fez reestruturação de uma empresa sem currículo para isso e recebeu por isso 238 mil euros em 2022 no ano em que foi eleito presidente do PSD”.

Pedro Nuno acrescentou depois que no DIAP do Porto decorre um inquérito crime sobre o maior investimento público na CM de Espinho e que o escritório de advogados de que fez parte o primeiro-ministro fez um parecer favorável à empresa ABB que requer pagamentos por trabalhos a mais.

“Sabemos que a ABB foi a empresa fornecedora do betão para construir a casa de Luís Montenegro” e o primeiro-ministro, “que poderia ter morto este tema, nunca apresentou nunca a ninguém as faturas dessas obras”.

“A isto tudo”, concluiu Pedro Nuno, “acrescentamos o coelho que Luís Montenegro tirou da cartola horas antes deste debate: é inaceitável, é gozar connosco, é gozar com os portugueses, é gozar com quem trabalha, aquilo que Luís Montenegro fez quando tinha a informação há dois meses e decidiu atirar o país para eleições”.

Por isso, sublinha, “Luís Montenegro não tem idoneidade para o cargo que ocupa e é neste momento o principal fator de instabilidade política em Portugal”.

Troca de acusações na Habitação

Abordando um dos grandes temas destas eleições, a habitação, o primeiro-ministro vincou que "a oferta pública é um eixo fundamental" da política da AD.

“Nós fizemos aumentar de 26 mil para 59 mil o objetivo” de novas habitações na próxima legislatura, “financiando esse projeto com dinheiro do PRR e do Orçamento do Estado”, declarou Luís Montenegro.

“Do lado do arrendamento, agilizámos os critérios para atribuição da ajuda do Porta 65”, prosseguiu. “Do lado da oferta privada, é preciso simplificar, é preciso ter vantagens fiscais, é preciso também que, do lado privado, haja colaboração na oferta”.

No mesmo tema, Pedro Nuno Santos defendeu que “as políticas que foram adotadas no último ano produziram resultados contraproducentes”.

“Hoje, os jovens estão ainda mais longe de conseguir comprar casa do que há um ano atrás, e com uma agravante, nomeadamente a quem arrenda: é que o Governo falhou totalmente, foi mesmo incompetente, na gestão dos apoios ao arrendamento”, afirmou o socialista.

“Temos milhares de famílias que, mesmo cumprindo os critérios, perderam o apoio extraordinário à renda e estão a cortar na alimentação, alguns perderam a casa”, acrescentou.

Montenegro diz que fez "o que PS não fez em oito anos", Pedro Nuno aponta que urgências estão piores

Em resposta a Pedro Nuno Santos, o líder da AD observou que o seu Governo fez em 11 meses um acordo com “médicos e enfermeiros”, algo que o PS “não fez em oito anos”.

Luís Montenegro vincou ainda que as urgências tiveram menos encerramento este ano do que no ano passado e destacou a importância da criação da linha SNS Grávidas para diminuir a pressão nas urgências, bem como a diminuição de prazos para realização de consultas e cirurgias.

O secretário-geral do PS ripostou, afirmando que os serviços de urgência estão piores desde que a AD chegou ao poder e que as listas de espera para consultas e cirurgias aumentaram. Acusou Luís Montenegro de ter “incapacidade de sintonizar com as preocupações com os portugueses”.

Pedro Nuno diz que saúde é a "maior área de falhanço" da AD

O líder do PS considerou que a saúde é a “maior área de falhanço” do atual Governo e atribui responsabilidade direta a Luís Montenegro.

“As propostas que o Governo da AD tem implementado têm fracassado”, afirmou, destacando a importância de “criar condições” no SNS, promovendo uma progressão mais célere da carreira ou a conciliação da vida pessoal e profissional aos médicos.

Por outro lado, Pedro Nuno Santos destacou a importância de prestar cuidados junto da população “cada vez mais envelhecida”, tendo como intuito de reduzir pressão nos hospitais e serviços de urgência.

Quanto às parcerias público-privadas, o secretário-geral do PS garantiu que não há “nenhum dogma ideológico” mas sublinhou que “só se avança para uma PPP com uma fundamentação que não vimos até agora” por parte do Governo, vincou.

Médicos de família. Montenegro não se compromete com novo prazo

O terceiro tema abordado neste debate foi a Saúde, em particular os problemas no Serviço Nacional de Saúde. Luís Montenegro prometeu “dar continuidade à política que iniciámos” e lembrou os acordos do seu Governo com os médicos, enfermeiros e técnicos de emergência pré-hospitalar.

O líder da AD destacou a importância de reforçar a atração e retenção de profissionais no Serviço Nacional de Saúde, bem como a implementação de mecanismos de gestão, como as parcerias público-privadas. Trata-se de ganhar “eficiência” e não de “uma questão ideológica”, vincou.

Segundo Luís Montenegro, o PS tem “uma incapacidade de olhar para este regime de complementaridade e parceria”.

Questionado sobre a promessa de garantir médicos de família aos portugueses, o primeiro-ministro assume que o Governo não iria conseguir esse resultado até ao final de 2025 e não se comprometeu com uma nova data.

Sublinhou, no entanto, que irá procurar cumprir tal desígnio “no mais rápido prazo possível” e que o Governo apresentou um programa de medidas urgentes, tendo já cumprido “80 por cento”.

"Falta vergonha ao programa da AD"

O líder socialista considera que "não falta ambição ao programa do PS", mas "falta vergonha ao programa da AD", já que "aquilo que Luís Montenegro nos traz aqui é uma fantasia, é um ato de fé".

Pedro Nuno Santos afirmou de seguida que “o Banco de Portugal fez um estudo sobre o impacto da redução de um ponto percentual do IRC no crescimento a médio-longo prazo, e o impacto é de 0,1 por cento no crescimento da economia portuguesa se todas as empresas que tiverem essa poupança fiscal a reinvestirem”.

“A nossa política de IRC é mais inteligente. É aliás a política que é seguida na maioria dos países da OCDE. Nós queremos baixar o IRC para as empresas que dão um bom destino aos seus lucros, que reinvestem na inovação, na investigação, na capitalização das empresas”, explicou.

Medidas do PS "não modificam nada na Economia"

Em resposta a Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro acusou-o de "lançar uma confusão que, se não é propositada então é incompetência pura".

“Os números que nós enviámos a Bruxelas são na perspetiva das chamadas políticas invariantes, ou seja, não atenderam ao efeito positivo que nós cremos que as nossas decisões políticas podem ter nos próximos anos”, explicou.

“O nosso programa (…) decorre do efeito que as nossas políticas ao longo do tempo vão provocando, nomeadamente as políticas de transformação do Estado, do setor público, e as políticas de transformação da economia”.

O primeiro-ministro disse ainda que a AD olha para a economia “como geradora da criação de riqueza”, enquanto “as medidas do Partido Socialista são apenas de distribuição, não modificam nada na Economia”.

Programa da AD é "um embuste", acusa Pedro Nuno

Questionado pelo jornalista da RTP Hugo Gilberto sobre se as propostas do PS põem em casa o equilíbrio das contas públicas, Pedro Nuno Santos respondeu que o programa socialista é construído "dentro do espaço orçamental" e "tendo em conta as previsões económicas para a economia portuguesa da maioria ou da totalidade das instituições internacionais".

O líder do PS fala, por isso, num programa “mais prudente, mais cauteloso do que o programa da AD, que é na realidade um embuste”.

“Aquilo que a AD faz é artificialmente colocar taxas de crescimento que não são previsíveis por nenhuma instituição internacional, para depois terem um nível de despesa orçamental muito mais alto do que o nosso”, criticou.

“Nós fazemos a opção de baixar os impostos que toda a gente paga e que pesam mais nas famílias que ganham menos”, como é o caso do IVA Zero, o IVA da eletricidade ou o IUC, exemplificou Pedro Nuno.

Já a proposta da AD “dirige-se a uma minoria da população e a uma minoria das empresas”, considerou na sua intervenção.

O secretário-geral socialista acusou ainda Luís Montenegro de ter duas faces: uma durante a campanha eleitoral e outra para Bruxelas.

Montenegro acusa Pedro Nuno de "falta de capacidade de liderança"

Em resposta às acusações do líder socialista, Montenegro afirmou que Pedro Nuno “não tem autoridade moral para falar dessa maneira, porque quando teve responsabilidades governativas deu mostras, precisamente, do contrário”.

 “Basta lembrar a posição que tomou sobre a localização do aeroporto, o que denota falta de capacidade de liderança, falta de serenidade”, ripostou. O líder da AD e primeiro-ministro, voltou a recordar que “o Governo reuniu, desde o primeiro minuto” e que o Sistema de Segurança Interna funcionou. 

Montenegro acrescentou ainda que o executivo português está a ser muito elogiado por Espanha. 

“Tivemos um bom resultado”. Pedro Nuno respondeu às críticas lembrando que Luís Montenegro não mencionou o seu papel na greve dos motoristas de matérias perigosas, numa “crise muito desafiante”. 

E repete que o Governo não pode considerar que agiu “bem” quando o alerta laranja só é emitido às 19h30, ou quando “ativam a rede de combustíveis às 20h30”, nem quando não aparece a ministra da Administração Interna nem a da Política Energética.

Pedro Nuno acusa Governo de ter falhado na gestão da crise do apagão

Já Pedro Nuno Santos, se fosse primeiro-ministro, a “primeira coisa que teria feito era convocar o Sistema de Segurança Interna”, no qual incluiria vários ministros e o presidente da Autoridade e Emergência da Proteção Civil, que devia “ativar o Sistema Nacional de Planeamento Civil de Emergência”. 

“Poderíamos coordenar melhor as operações, desde logo. Nós tivemos os autarcas entregues à sua sorte, eles ativaram os Serviços de Proteção Civil municipais, mas sentiram-se sempre sozinhos”, admitiu o secreta-geral do PS. 

Embora frise que o Governo não é responsável pelo apagão, nem pelo restabelecimento da energia, Pedro Nuno disse que “naquilo que era responsabilidade do Governo, nomeadamente a coordenação e a comunicação, o Governo falhou”. 

“No que diz respeito à comunicação, o Governo perdeu a oportunidade, a janela de oportunidade que permitia enviar uma mensagem a todos os portugueses enquanto as comunicações estavam ativas”, acrescentando que, se o Executivo fosse liderado por si, “a comunicação passaria a ser feita de forma regular”. 

“A REN fez um trabalho extraordinário”, declarou. “Na nossa opinião, o Governo falhou naquilo que era a sua missão naquele dia”.

Montenegro afirma que Governo respondeu "com força e eficácia" ao apagão

O debate começou com a ação do Governo na segunda-feira, perante o apagão, que Luís Montenegro classificou como um evento “inédito e inesperado”, que apresentou desafios às autoridades, nomeadamente, “dificuldade de comunicação”. 

Sem “energia elétrica em nenhuma casa” não havia possibilidade de o Governo falar com a população através da televisão. Mas o executivo e as autoridades competentes tinham três prioridades na gestão da crise.

Para começar, uma “abordagem técnica” para que fosse cortada a ligação a Espanha e para que fosse garantida a reposição da eletricidade no país. Depois foi preciso ativar planos de emergência e contingência, para garantir o funcionamento de alguns serviços como hospitais e os serviços essenciais. 

“Isso resultou, tivemos zero mortes na sequência da falta de abastecimento de energia”.

E também a nível da comunicação, recorrendo à rádio – que era o meio que conseguia manter-se no ar – onde o ministro da Presidência “deu as primeiras indicações sobre o que estava a acontecer”.

“Tivemos 47 instituições públicas” a colaborar. Montenegro garantiu que o Governo não só tratou da comunicação como da parte técnica e da garantia dos serviços essenciais. “Respondemos com força e com eficácia”, continuou.

Spinumviva. Mais sete empresas saltam da carteira de clientes da família Montenegro

Às pinguinhas, um dia antes do debate com o principal líder da oposição, Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro revelou novos clientes aos quais esteve ao serviço na empresa Spinumviva enquanto sua e do seu núcleo familiar. De acordo com uma notícia avançada pelo semanário Expresso, Luís Montenegro entregou uma declaração de substituição no Portal da Transparência terça-feira e passou a referir outras empresas para as quais trabalhou incluindo, além do que já se conhecia, "mais sete novas empresas".

“Na nova declaração, Luís Montenegro identificou não só os cargos que já eram conhecidos, nomeadamente como tendo sido presidente da Assembleia Geral da Rádio Popular - SA, presidente da Assembleia Geral do Grupo Ferpinta, SA e sócio-advogado da SPM, Sousa Pinheiro & Montenegro”, como outras empresas além das já conhecidas como parte da carteira de clientes da Spinumviva, a empresa criada por Luís Montenegro e entretanto passada aos filhos no meio da polémico da sua atividade num regime de não-exclusiva no cargo de primeiro-ministro.

Na declaração que deu entrada no Portal da Transparência esta terça-feira, o primeiro-ministro aponta como parte do grupo de clientes permanentes da Spinumviva sete novas empresas: “duas novas empresas do Grupo Joaquim Barros Rodrigues e Filhos, a gasolineira de Braga que foi o principal cliente, em termos de faturação [da Spinumviva], (…) a Rodáreas (Felgueiras-Lousada) e a Rodáreas (Viseu)” e, além destas empresas que gerem áreas de serviço, “a ITAU, a Sogenave, a Portugalenses Transportes, a Beetsteel, a INETUM Portugal e Grupel SA”.

Estas empresas juntam-se a outras já conhecidas, como “a empresa Lopes Barata, o Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP), a Solverde e a Cofina (para quem fez um trabalho de proteção de dados e que revelou no Parlamento)”, lembra o Expresso.

Um aspeto sublinhado pelos jornalistas do semanário aponta ao facto de a nova lista com os novos clientes se tornar do conhecimento público escassas horas antes do debate aprazado entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, no âmbito das legislativas antecipadas de 18 de maio, um frente a frente que esteve inicialmente agendado para esta última segunda-feira mas que seria adiado devido ao apagão que afetou todo o país há dois dias.

A questão relacionada com a carteira de clientes de Luís Montenegro é o principal ponto de questionamento da oposição e dos jornalistas neste dossier que precipitou uma crise política e a queda do Governo, tendo nestes últimos meses o primeiro-ministro vindo a escudar-se na defesa dos interesses dos seus antigos clientes para a não revelação dos seus nomes.

Andreia Martins, Inês Moreira Santos, Joana Raposo Santos, Paulo Alexandre Amaral - RTP -- Imagens: Pedro Pina/Paulo Cunha

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