< J. Bazeza, Luanda >
Mafioso continua a acreditar no Presidente, Chefe de Estado, Titular do Poder Executivo (parece que só há um no mundo), Comandante Supremo das Forças Armadas, Presidente do Supremo Tribunal, do Tribunal Constitucional, dos Tribunais da Relação, do Tribunal das Contas, dos Tribunais de Primeira Instância, do Tribunal do Santo Ofício e Deus de todas as Igrejas, até das capelas de Cabinda onde o deputado da UNITA Raul Tati se abastecia de milhões e milhões.
Ao contrário do seu amigão, Boca Azul que sempre defendeu e continua a defender que cada país e um país. Com a sua forma e maneira de governar. Onde se aplicam e cumprem as leis.
Leis que ninguém está acima delas. Que todos as cumprem, principalmente os eleitos pelo povo. Países onde é proibido trair a Pátria e não se pode viver alegremente da traição. Países onde os eleitos dão a vida pelo soberano em vez de sugarem a vida do povito.
Na República do Muceque, disse o Mafioso, o Presidente só ouve, vê e lê os órgãos de Comunicação Social Públicos. Por isso não sabe que, tirando os seus auxiliares, os seus familiares e amigos, uns tantos empresários que sugam o dinheiro dos cofres públicos, todos vivem abaixo de cão. Boca Azul interrompeu para dr uma novidade. Ontem sonhou que o soba grande exonerou todos. Os bons e maus. Cortou o dinheiro fácil e grátis aos empresários torradores dos cofres públicos. E mandou o mano Tete comprar um título pomposo: O soberano da energia em África. Até o rei do Bailundo ficou ciumento.
O sonho do Boca Azul é quase um pesadelo. A meio do delírio apareceu-lhe o Presidente espumando raiva. Desferindo bornos e bassulas nos bajuladores. Depois acordou a tremer de medo. Porque estava a entrar no sonho o Nelito Ekuikui, armado até à dentadura. Quando deu conta que estava a sonhar, ficou mais calmo.
Mafioso caiu na real e voltou à vaca fria e ao carneiro quente: O Presidente, Chefe de Estado, Titular do Poder Executivo, Sobra Grande tapa os ouvidos, fecha os olhos e a boca às denúncias do sofrimento do povito que está na dibinza desde que partiram os saudosos Manguxi e Ngazuza. O que acontece na Sanzala nada se compara com outros países sérios.
Porque? Para começar, não há jornalista da Comunicação Social Pública, que se atreva a fazer jornalismo. Quem tentar, fica logo-logo com manchas de azeite rançoso do Oliveira descapotável e é obrigado a engolir as frutas podres do Caldas. Os pobres kaxikos são obrigados a fazer propaganda ao chefe e seus auxiliares.
A ordem chegou das grutas do Nzenzo: Esconder que subiram as tarifas da luz e da água. O abastecimento só acontece quando o rei faz anos. E só fica tudo normal quando as galinhas tiverem dentes. A construção de mais infra estruturas fica congelada até ao próximo século. O que dá boas comissões é importar barragens, estradas, pontes, vias férreas e tudo o que é preciso. Os contratos simplificados vão ser benzidos e abençoados por todas as igrejas.
Entrar na verdade propriamente dita é um perigo de morte. Pode trazer ou traz mesmo consequências graves para quem fizer reportagens ou escrever crónicas sobre as dificuldades do povito. Ninguém pode falar da desnutrição das crianças. Isso de fome é propaganda barata.
Falem das viagens do soba grande. Das medalhas.
Os veteranos jornalistas, assim como os jovens aspirantes, têm feito tudo para dignificar a ingrata profissão. O Oliveira e o Caldas entram logo a matar. Assim mesmo está bom porque a verdade só é verdadeira quando sai da Alta Cidade e dos auxiliares, sejam de primeira (ministros de estado), de segunda (ministritos de bolso) e de terceira (secretários de estado).
As mentiras devem chegar aos quatro cantos da Sanzala e ao resto do mundo.
Toma nota Boca Azul. A realidade na República da Sanzala é perigosíssima. Mafioso discorda e diz que a República da Sanzala é um país democrático.
Boca Azul percebeu a força das palavras do Mafioso. E revelou um exclusivo, em primeira mão: O Sobra Grande vai demitir-se porque foi convidado pelo Trump para substituir o xanguteiro Musk. Vamos ter o nosso chefe no coração do poder mundial. Isto comparado com a mentira não é nada.
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