Os eurodeputados do Bloco de Esquerda Miguel Portas e Marisa Matias questionaram hoje a chefe da diplomacia europeia sobre a "repressão policial da manifestação de sábado" em Luanda e o "estado, número, paradeiro e condições de prisão dos detidos".
Numa pergunta escrita enviada a Catherine Ashton, os eurodeputados bloquistas perguntam ainda se a delegação da União em Luanda "transmitiu às autoridades angolanas a sua preocupação com a situação das vítimas de abuso policial".
"No sábado passado, centenas de jovens manifestaram-se em Luanda, Angola, exigindo a destituição de José Eduardo dos Santos e a democratização do país. Apesar da manifestação estar devidamente autorizada, foi fortemente reprimida", começam por contextualizar.
Lembrando que "o número de detidos e feridos" na manifestação "continua por determinar", os eurodeputados apontam que a polícia angolana "avança ter detido 24 pessoas", embora os órgãos de comunicação social noticiem existirem "cerca de 40" detidos.
"Em qualquer dos casos, as famílias dos jovens detidos desconhecem o seu paradeiro e estão incontactáveis. Segundo a comunicação social, os jovens deverão ser sujeitos a julgamento sumário", indicam.
Miguel Portas e Marisa Matias lembram ainda que a União Europeia "tem uma das suas mais antigas delegações situada em Angola" e que "as últimas eleições legislativas contaram com a observação da União Europeia".
"A política da UE com países terceiros orienta-se em quatro objetivos: a consolidação democrática num quadro de estabilidade política, o desenvolvimento económico e social duradouro, a inserção harmoniosa e progressiva na economia mundial, e a luta contra a pobreza", pode ler-se.
Os eurodeputados perguntam, por isso, se o Serviço Europeu "dispõe de informação sobre a repressão policial da manifestação de sábado", bem como "do estado, número, paradeiro e condições de prisão dos detidos" e se a delegação da União "transmitiu às autoridades angolanas a sua preocupação com a situação das vítimas de abuso policial".
Um grupo de jovens realizou no sábado uma manifestação contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que resultou na detenção e ferimento de vários participantes, bem como na agressão a alguns jornalistas que faziam a cobertura do protesto.
Segundo a polícia, quatro agentes e três cidadãos ficaram feridos e 24 pessoas foram detidas.
Mas testemunhas afirmaram à organização Human Rights Watch que "muito mais pessoas ficaram feridas e que mais de 40 manifestantes foram detidos".
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