segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FELIPE GONZALEZ DIZ QUE EUROPA ESTÁ À BEIRA DO PRECIPÍCIO





O ex-presidente do governo espanhol Felipe  Gonzalez pediu hoje às instituições e aos líderes europeus que reconheçam  que se está "à beira do precipício" e assumam "o grau de alarme e emergência  que a situação exige".

Felipe Gonzalez falava na apresentação do livro 'La fragmentación del  poder europeo', de José Ignácio Torreblanca, na sede da Fundação Mapfre,  em Madrid, noticia a EFE. "O diagnóstico tem de ser severo, rigoroso e deve ter o grau de alarme  e emergência que a situação exige. Estamos à beira do precipício", afirmou.  "Por que não dizer que estamos à beira do precipício? Ou é preciso saltar  para o precipício para reagir?", lançou Felipe Gonzalez. 

Mostrando-se apologista de os líderes europeus falarem "honestamente"  com os cidadãos sobre os problemas que tem a União Europeia (UE), que, na  sua opinião, "está mal e a reagir em agonia" à crise económica. "Como não tenho responsabilidade institucional, digo o que me apetece",  esclareceu o antigo chefe do Executivo espanhol, considerando que os problemas  europeus têm solução, mas que é necessário que os Estados Membros reconheçam  a situação institucional e económica em que estão, sobretudo devido ao caso  de Atenas. 

Felipe Gonzalez comparou os mandatários europeus a "galgos que correm  atrás de uma lebre mecânica que nunca se sabe quem carrega". Para o político,  atribui-se a culpa aos mercados porque não se sabe quem leva essa lebre,  "atrás da qual correm os galgos e, quando pensam que a vão morder, estão  a dez metros e voltam a correr em agonia para morder a lebre e separam-se  outra vez". Gonzalez considera que é assim que se viveu o mês de agosto,  referindo-se às turbulências nos mercados.
 
O ex-presidente do governo insistiu que se os líderes e as instituições  da UE "não têm a sensação de que se está à beira de um abismo, que pode  não ser reversível, segue-se uma política agonizante de perseguir a lebre  enquanto os galgos vão à falência". Sobre a Grécia, Gonzalez interroga-se sobre se é possível resgatar o  país, bem como se submetê-lo a uma redução do défice a "velocidade de cruzeiro"  não poderia ser contraproducente. 
O antigo presidente do governo espanhol considerou compreensível que  não se esteja a investir na Europa, "começando por Espanha, porque ninguém  vê uma perspetiva de crescimento estável a três, quatro ou cinco anos".

Como tem feito nas últimas semanas, Felipe Gonzalez reclamou uma política  económica e orçamental comum na UE e que se dê início à criação de 'eurobonds' (obrigações europeias), o que, considera, daria estabilidade às contas de  cada país. 

Gonzalez disse ainda que os cidadãos não compreendem o que se está a  passar na Europa e que os políticos, em vez de apresentar uma explicação,  estão a "contribuir para a confusão". 

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