segunda-feira, 26 de março de 2012

Portugal: Viúva de Zeca Afonso indignada com uso de poemas pelo PSD




A viúva de José Afonso mostrou-se, este domingo, indignada com o uso, por parte do PSD, de versos da autoria do cantor no congresso do partido, que decorreu este fim-de-semana. "Quero protestar contra o uso, pelo PSD, no seu Congresso deste fim de semana, de versos de José Afonso", refere Zélia Afonso numa nota escrita.

A viúva do autor de temas como "O que faz falta" e "Grândola Vila Morena" refere que fica "satisfeita" quando vê "a obra musical do Zeca a ser estudada e até interpretada, por exemplo, por jovens que nem sequer o conheceram em vida" e considera que "isso significa que a sua mensagem artística e humana permanece viva e atual".

"Penso também que a sua obra ultrapassa fronteiras, por exemplo partidárias. Mas a vida e as suas canções não só nunca se cruzaram com o PPD, ou com PSD que se lhe seguiu, como estiveram, no tempo histórico em que coincidiram, em lados opostos da barreira", refere.

Zélia Afonso considera que, "se fosse vivo", José Afonso "estaria na primeira fila dos que hoje, em Portugal, combatem a política neoliberal do Governo de Passos Coelho".

"Porque os responsáveis do PSD não podem ter dúvidas acerca disso, além de abusiva no plano legal, a utilização de versos seus na entronização do chefe deste partido e primeiro-ministro é também manipuladora e insultuosa. A memória de José Afonso não deve e não pode ser assim desvirtuada para efeitos de propaganda", conclui.

Nascido a 2 de agosto de 1929, em Aveiro, José Afonso morreu a 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal, aos 57 anos, vítima de esclerose lateral amiotrófica.

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Zélia Afonso, ao manifestar a sua indignação, não faz mais do que aquilo que faria Zeca Afonso. Aliás, se Zeca fosse ainda vivo e ativo seria um dos principais opositores às políticas deste governo composto por um bando de mentirosos coadjuvados por Cavaco Silva, amigos banqueiros e outros vampiros que estavam na primeira linha do combate que Zeca e tantos outros lhes moviam. Todos nós sabemos isso e Zélia, a companheira de Zeca, cumpriu o que devia manifestando publicamente a sua indignação perante a desfaçatez, o descaramento, o arrojo daquele bando de oportunistas, de vigaristas, de mentirosos, de vampiros que comem tudo e não deixam nada.

Ao modo peculiar desta corja de vigaristas que se usam da política para ludibriarem milhões de portugueses não devemos estranhar a hipocrisia, a devassa de princípios que ostentam. Temos mais que razões para recorrer aos registos de práticas e declarações passadas (e mais no futuro) para não ignorarmos que para aqueles detentores dos poderes políticos desde Belém a São Bento valem todas as armas que possam contribuir para levar no engano os portugueses, enquanto pugnam esforçadamente no processo regressivo de um regime da atualidade semelhante àquele de que nos livrámos em 25 de Abril de 1974, com o qual eles, seus familiares e amigos sempre pactuaram. Cavaco é um homem do antigamente, Passos e toda a sua trupe também. De salafrários assim nada de bom se pode esperar quanto à manutenção e desenvolvimento das conquistas de Abril. Antes pelo contrário. Estes, agora nos poderes, de Belém a São Bento, sempre as combateram e na atualidade ainda mais as combatem, conduzindo Portugal para uma democracia de fachada em que o esclavagismo e a exploração gananciosa é objetivo.

Zeca Afonso há-de estar a dar voltas na tumba e à espera que combatamos os vampiros como no seu tempo sempre o fizemos. Complacentes, deixámos que ganhassem novos fôlegos e energias. Não é tarde para os combater e vencer mais esta batalha, ainda vamos a tempo, Zeca. (Redação – HS)

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