Luciano Alvarez e Miguel Madeira (fotos), em Díli - Público
Taur Matan Ruak quer que o português, língua oficial de Timor-Leste, passe a ser leccionado como língua estrangeira, para que "numa década o panorama linguístico seja, de facto, alterado".
Taur Matan Ruak já tinha afirmado em entrevista ao PÚBLICO que o português, como língua oficial, tinha sido uma opção política que veio para ficar. Ontem salientou-o de forma oficial, já como Presidente da República, perante Cavaco Silva e a comunidade portuguesa no seu país. E disse-o de forma absolutamente inequívoca. "Para que não restem dúvidas: fizemos uma opção política, estratégica e identitária. O português está para ficar", afirmou numa recepção que Cavaco Silva ofereceu à comunidade lusa em Timor, precisamente na escola Ruy Cinatti, a escola portuguesa de Díli.
O Presidente de Timor-Leste tinha, porém, "um reparo crítico", mas "com genuíno espírito construtivo", a fazer. "Nesta fase, e para que numa década o panorama linguístico esteja, de facto, alterado, o ensino do português deve assumir características de ensino de língua não materna, de língua estrangeira. Não pode nem deve ser administrado como língua-mãe." A frase, até porque dita pela primeira vez e não explicada, deu logo falatório em Díli, quer entre portugueses quer entre timorenses. Uns diziam que era um retrocesso, outros juravam que não.
Uma fonte próxima de Taur Matan Ruak, que pediu o anonimato por não trabalhar oficialmente com o chefe do Estado, explicou ao PÚBLICO que não existe nenhum retrocesso, lembrando a defesa que o Presidente sempre fez da língua portuguesa. "Apenas se deseja mudar a metodologia do ensino, para que as crianças continuem a aprender em português mas de acordo com a realidade local e não de acordo com a realidade de Portugal", afirmou.
Segundo a mesma fonte, não faz sentido as crianças aprenderem com livros que vieram de Portugal, que falam em quatro estações do ano e de cidades portuguesas. "Tem de se adaptar o ensino à realidade local para que as crianças o entendam", frisa. É certo que os pais, "quando colocam os seus filhos na escola portuguesa, já sabem que eles vão ser ensinados e avaliados na metodologia portuguesa", só que "a realidade em Timor é completamente diferente e o ensino do português só vai funcionar se for adaptado a essa realidade", acrescentou. Na escola portuguesa há mil alunos, em Timor existem 350 mil crianças e adolescentes.
Taur Matan Ruak já antes tinha feito uma revelação que deixou bem claro o seu apoio ao ensino do português: "Pessoalmente, esta escola [Ruy Cinatti] tem um significado especial para mim e para a Isabel, a minha mulher, pois os nossos filhos estudam aqui e é aqui que recebem uma parte significativa da formação que ditará o seu futuro." Acrescentou ainda que esse facto "revela claramente" que a posição que assume em relação à língua portuguesa, como língua oficial, está "constitucionalmente consagrada".
Poucos falam português
O Presidente de Timor-Leste tinha, porém, "um reparo crítico", mas "com genuíno espírito construtivo", a fazer. "Nesta fase, e para que numa década o panorama linguístico esteja, de facto, alterado, o ensino do português deve assumir características de ensino de língua não materna, de língua estrangeira. Não pode nem deve ser administrado como língua-mãe." A frase, até porque dita pela primeira vez e não explicada, deu logo falatório em Díli, quer entre portugueses quer entre timorenses. Uns diziam que era um retrocesso, outros juravam que não.
Uma fonte próxima de Taur Matan Ruak, que pediu o anonimato por não trabalhar oficialmente com o chefe do Estado, explicou ao PÚBLICO que não existe nenhum retrocesso, lembrando a defesa que o Presidente sempre fez da língua portuguesa. "Apenas se deseja mudar a metodologia do ensino, para que as crianças continuem a aprender em português mas de acordo com a realidade local e não de acordo com a realidade de Portugal", afirmou.
Segundo a mesma fonte, não faz sentido as crianças aprenderem com livros que vieram de Portugal, que falam em quatro estações do ano e de cidades portuguesas. "Tem de se adaptar o ensino à realidade local para que as crianças o entendam", frisa. É certo que os pais, "quando colocam os seus filhos na escola portuguesa, já sabem que eles vão ser ensinados e avaliados na metodologia portuguesa", só que "a realidade em Timor é completamente diferente e o ensino do português só vai funcionar se for adaptado a essa realidade", acrescentou. Na escola portuguesa há mil alunos, em Timor existem 350 mil crianças e adolescentes.
Taur Matan Ruak já antes tinha feito uma revelação que deixou bem claro o seu apoio ao ensino do português: "Pessoalmente, esta escola [Ruy Cinatti] tem um significado especial para mim e para a Isabel, a minha mulher, pois os nossos filhos estudam aqui e é aqui que recebem uma parte significativa da formação que ditará o seu futuro." Acrescentou ainda que esse facto "revela claramente" que a posição que assume em relação à língua portuguesa, como língua oficial, está "constitucionalmente consagrada".
Poucos falam português
Desde 2000 que o ensino é dado em língua portuguesa e é ensinado por professores preparados por portugueses, mas, muitas vezes, com grandes debilidades. O PÚBLICO visitou mesmo escolas onde o português não é ensinado, ou o é de forma frágil, porque os professores não falam a língua. Por outro lado, o português quase só serve mesmo para escola, porque em muitas casas não se fala a língua de Camões. O Governo diz que cerca de 20% da população fala português, mas nem é preciso ir para o interior do país, basta passear por Díli, para perceber que é falado por muito pouca gente.
Cavaco Silva colocou o ensino do português como tema principal na sua agenda em Timor e como um dos pontos da cooperação que devem ser reforçados. Tem abordado o assunto desde que chegou, no sábado, e ontem voltou a fazê-lo no Parlamento timorense e perante Taur Matan Ruak e a comunidade portuguesa. "É fundamental vencer o desafio da formação em língua portuguesa, o que tem sido compreendido e abordado com convicção pelos nossos dois países e pela CPLP", afirmou na escola Ruy Cinatti, salientando que Portugal tem feito "os maiores esforços nessa matéria" em parceria com as autoridades timorenses.
"Portugal tem orgulho nos que aqui se encontram. Timor-Leste, enquanto país soberano, livre e independente, foi também um sonho português. Hoje, Portugal continua a contribuir para a consolidação do Estado de direito democrático e para o desenvolvimento social e cultural de Timor-Leste", afirmou ainda o Presidente português.
Cavaco Silva colocou o ensino do português como tema principal na sua agenda em Timor e como um dos pontos da cooperação que devem ser reforçados. Tem abordado o assunto desde que chegou, no sábado, e ontem voltou a fazê-lo no Parlamento timorense e perante Taur Matan Ruak e a comunidade portuguesa. "É fundamental vencer o desafio da formação em língua portuguesa, o que tem sido compreendido e abordado com convicção pelos nossos dois países e pela CPLP", afirmou na escola Ruy Cinatti, salientando que Portugal tem feito "os maiores esforços nessa matéria" em parceria com as autoridades timorenses.
"Portugal tem orgulho nos que aqui se encontram. Timor-Leste, enquanto país soberano, livre e independente, foi também um sonho português. Hoje, Portugal continua a contribuir para a consolidação do Estado de direito democrático e para o desenvolvimento social e cultural de Timor-Leste", afirmou ainda o Presidente português.
*As reportagens em Timor-Leste são financiadas no âmbito do projecto Público Mais.
- Texto substituído às 10h30 de 22 de Maio
- Texto substituído às 10h30 de 22 de Maio
Nota Página Global
Considerando as declarações de Taur Ruak e porque o boicote anunciado em BOICOTE A NOTÍCIAS SOBRE CAVACO SILVA NA VISITA A TIMOR-LESTE E "ARREDORES" se destinava a assinalar simbolicamente o nosso protesto por não existir um jornal online (ou similar) com noticiário de Timor-Leste sobre o quotidiano timorense, sendo que supostamente a língua portuguesa seria língua oficial daquele país a par do tétum e não de trato estrangeiro com destino incerto, compreendemos que o nosso protesto não tem razão de existir após tais declarações presidenciais porque nada justifica que em Timor-Leste editem notícias em português sobre a realidade quotidiana timorense porque afinal Timor-Leste não é um país da lusofonia como julgávamos ser, embarcados na corrente de engano que os dirigentes timorenses têm vindo a alimentar perante todas as nações da CPLP. Com principal prejuízo para o Brasil e para Portugal, que têm gasto muitos milhões de dólares com material didático, com viagens e com professores para que ao fim de dez anos Taur Ruak surja a dizer que têm andado a enganar aqueles países e aqueles povos. Acabe-se também com as toneladas de livros doados e enviados para Timor-Leste, se quiserem comprem. Quer o Brasil quer Portugal estão finalmente livres de optar por não mais andarem a ser enganados e a atirar pérolas a porcos (à elite das decisões timorenses). Não se justificando sequer a presença da Agência Lusa, da RTP ou de outros de países da lusofonia, com encargos tão elevados. Página Global quer com tudo isto dizer que o boicote anunciado não se justifica por não existir razão para protesto que não seja o de concluir que Timor-Leste está bem recheado de dirigentes oportunistas, vigaristas e mentirosos que causam repulsa. (Redação PG – LV)
4 comentários:
TIMOR FORA DA CPLP. Não chamem irmãos aos lusófonos mas aos javaneses que vos mataram - mais que os malae colonialistas - e aos cangurus que vos roubam à grande e à australiana.
Saímos de lá em 1975 e cometemos o erro de voltar. Timor não é lusófono, não quer ser lusófono e portanto não merece estar na lusofonia.
Isto é um problema dos timorenses e só eles podem decidir o que querem
Só nós podemos dicidir o que melhor para nós e para o futuro do nosso país, os estrangeiros não podem vir aqui decidir o nosso futuro...vê lá se entendem isso.....deixa –nos em paz.....
Os timorenses não se sabem governar por isso é que deixam os malae mandar neles.
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