MB - Lusa
Bissau, 12 jun (Lusa) - O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no poder na Guiné-Bissau até ao golpe de Estado de 12 de abril, acusou hoje o chefe das Forças Armadas de "dividir os guineenses em etnias para melhor reinar".
Num comício na sede do partido em Bissau, o secretário para a informação e imagem do PAIGC, Fernando Mendonça, afirmou, lendo um comunicado do secretariado nacional, que quando o chefe das Forças Armadas, António Indjai, tenta justificar as razões do golpe de Estado mais não faz que dividir os guineenses em etnias.
António Indjai convocou a semana passada os veteranos da guerra da independência para lhes explicar os motivos porque decidiu liderar o golpe Estado contra o governo do PAIGC. Para este partido a reunião, que decorreu no Parlamento, "tratou-se de uma vã tentativa de justificar o injustificável".
"Tratou-se afinal de uma tentativa de dividir o povo guineense em etnias, de diferenciar os combatentes da liberdade da pátria e de dividir o partido", disse Fernando Mendonça.
O chefe das Forças Armadas, que se assumiu na reunião como sendo elemento do PAIGC de Amílcar Cabral, anunciou que vai reformar-se do exército dentro de três anos e daí regressará ao partido para fazer política ativa.
"Todos estes factos são atentatórios aos princípios sempre defendidos pelo PAIGC e consagrados na Constituição da República. De lembrar que o nosso partido sempre definiu o princípio de unidade e luta como uma das suas divisas para a condução da luta de libertação nacional e a República da Guiné-Bissau, que se define como um Estado de democracia constitucional, fundada na unidade nacional", frisou ainda Fernando Mendonça.
Lembrando o papel "totalmente apartidário das Forças Armadas", o porta-voz do PAIGC reforçou ainda a acusação contra o general António Indjai afirmando que aquele pretendeu "branquear e deturpar a história do partido", no que disse ser "uma derradeira tentativa de utilização da máxima: dividir para melhor reinar".
Sobre os problemas internos do partido invocados por António Indjai no encontro com os veteranos de guerra da independência, o PAIGC preconiza que são resolúveis no seio do partido e à luz dos estatutos.
O porta-voz do PAIGC disse também ser estranho que volvidos 60 dias após o golpe o general António Indjai venha apresentar a questão do veteranos de guerra como sendo as causas do levantamento militar de 12 de abril passado.
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