SBR - Lusa
Lisboa, 11 jul (Lusa) -- A situação política na Guiné-Bissau é "um grande contratempo" que não ficou resolvido durante a presidência angolana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), lamentou hoje o chefe da diplomacia de Luanda, George Chicoti.
À saída da reunião extraordinária de representantes diplomáticos dos países da CPLP, que hoje decorreu na sede da CPLP, em Lisboa, o ministro angolano e presidente em exercício da comunidade até 20 de julho admitiu que o golpe de Estado na Guiné-Bissau gerou "um atraso importante" e deixa "um problema relativamente difícil para Moçambique", o próximo país a assumir a liderança do bloco lusófono.
Esta resolução "requer o envolvimento de todos" os membros da CPLP, vincou Chicoti, antecipando que "o problema vai seguir" a organização "durante algum tempo".
Sobre o governo de transição guineense, Chicoti voltou a dizer que "a CPLP não reconhece outras entidades para além daquelas que estavam no poder antes do golpe de Estado e esta situação mantém-se".
Como "não há" sinais de "liberdade" nem de "um ambiente democraticamente bom" na Guiné-Bissau, "não seria bom fazer participar qualquer outra entidade que venha da Guiné-Bissau", afirmou, aludindo à representação do país na próxima cimeira da CPLP, em Maputo.
Reconhecendo que é preciso haver "mais diálogo" entre a CPLP e a Comunidade Económica dos Estados da África ocidental (CEDEAO) e que a última reunião para uniformizar uma posição sobre a Guiné-Bissau "não foi conclusiva" nem resultou em "acordo", Chicoti garantiu que há "capacidade para encontrar soluções melhores".
"É preciso mais diálogo entre as duas comunidades que permita fazer passar opiniões entre os dois grupos e que possamos assumir uma mesma posição", realçou.
"Todos concordámos que não estão reunidas as condições democráticas na Guiné-Bissau (...). A CEDEAO também tem este entendimento", assegurou. "Não há só discórdia", mas é preciso que a CEDEAO "melhore os seus pontos de vista", sublinhou.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau ocorreu a 12 de abril, na véspera do início da segunda volta da campanha eleitoral para as eleições presidenciais.
Um Governo de transição, negociado entre o grupo de militares responsáveis pelo golpe (autointitulado Comando Militar) e a CEDEAO, foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano
No entanto, as autoridades de transição não são reconhecidas pela restante comunidade internacional.
Na reunião de hoje em Lisboa, a Guiné-Bissau foi representada pelo ministro dos negócios estrangeiros deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril, Djaló Pires.
O pedido de adesão à CPLP da Guiné Equatorial foi outro dos assuntos que marcou a reunião de hoje, na qual foi discutido o relatório técnico que resultou das missões realizadas pela CPLP à Guiné Equatorial e tomadas recomendações que serão comunicadas aos chefes de Estado e de Governo, que vão debatê-las na cimeira de Maputo.
"Só podemos fazer melhor para a Guiné Equatorial entrar na CPLP se ela conseguir harmonizar-se a todos os estatutos da CPLP", destacou.
"Queremos que ela [Guiné Equatorial] venha para nós, analisámos todo o contexto e propusemos [recomendações] aos chefes de Estado, que irão olhar para todos esses aspetos pertinentes da situação na Guiné Equatorial e depois disso haverá uma posição oficial da organização", afirmou.
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