segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Angola: UMA NOVA ETAPA DA NOSSA LUTA

 


Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião, em A Palavra ao Diretor
 
1. Angola ainda não debelou todos os males sociais resultantes da guerra que durante praticamente três décadas varreu o país e seria impensável, senão mesmo utópico, esperar que o fizesse em dez anos de paz. Dizer isso não significa, de modo algum, assentir que devemos conformar-nos com as situações derivadas do longo período de conflito armado. Muito ainda há a fazer e disso todos os angolanos têm plena consciência. Mas sabem também que muito já foi feito e o que foi realizado permite agora encarar com maior optimismo os passos futuros.

O conformismo está posto de parte e a grande prova que a palavra está riscada do nosso dicionário são as acções concretizadas pelo Executivo, que transformaram Angola num “canteiro de obras” com resultados reconhecidos nos quatro cantos do mundo. Depois de pôr fim à guerra e do início do processo de reconstrução da economia e reforço da democracia, está vencida apenas mais uma etapa na luta que os angolanos têm de fazer para atingir os padrões da qualidade de vida que caracteriza os países que almejam o estatuto de desenvolvidos.

Não nos contentamos com o que já foi alcançado e por isso mesmo o Presidente da República, no discurso proferido na cerimónia da sua investidura, estabeleceu novas metas a serem concretizadas e que vão exigir do novo Executivo entrega e afinco. Entre as prioridades identificadas, os grandes desafios estão não apenas no domínio económico, mas em particular no campo social e da difusão de cultura e conhecimentos, para que os angolanos em geral possam melhorar a contribuição de modo a que o país tenha mais e melhor economia, para que tenha mais rendimentos e melhor qualidade de vida.

Numa altura em que se adensam as preocupações em relação à segurança pública, é bom recordar passagens do discurso do Presidente José Eduardo dos Santos quando vincou a necessidade de “dar ênfase também à concretização do programa de reforma dos sectores da Defesa, Ordem Pública e Segurança Nacional e do programa de reforço da eficácia do Sistema de Justiça no seu todo…”, além de ter sublinhado que “pretendemos, por um lado, dar um sinal claro de combate ao nefasto sentimento de impunidade e, por outro lado, garantir o acesso ao direito e à defesa dos interesses jurídicos dos cidadãos, das empresas e das instituições democráticas”.

São apenas alguns dos objectivos que o Executivo se propõe, no âmbito de um conjunto mais vasto de propósitos que todos os angolanos, independentemente da sua cor partidária, devem procurar apoiar porque é da construção do nosso “espaço vital” de existência que estamos a falar.

Com a equipa governativa completa e o Parlamento pronto a entrar em funções, Angola tem reunidas as condições para mais uma caminhada no processo de fortalecimento da economia nacional e maturação da democracia no país.

O Executivo está pronto a dar continuidade aos grandes projectos económicos já em curso e a lançar no terreno as novas propostas que vão consolidar ainda mais o que até agora foi feito em termos de reconstrução do tecido social e económico do país.

2. A academia sueca decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz 2012 à União Europeia. Embora tenha havido unanimidade por parte dos membros do Comité Nobel em relação a decisão tomada, mesmo ao nível da Europa não é consensual a opinião sobre se a União merece ou não ser distinguida. O que tem sido sublinhado pelas figuras que se regozijam com o facto e pelo próprio Comité Nobel é que a distinção premeia quase sete décadas de construção da paz e da estabilidade na Europa depois do fim da II Guerra Mundial, surgida na sequência de uma profunda crise económica e grandes tensões políticas e sociais que na altura afectavam vários países europeus. Ao anunciar o prémio, o Comité Nobel frisou que a União Europeia era a vencedora “pelo seu papel histórico na união do continente”. Na esteira desta constatação, não é irrazoável dizer que a Europa atravessa também agora uma das suas mais grave crise económica e social, porém com outros contornos e de dimensão diferente da que a levou à II Guerra Mundial e durante seis anos (1939-1945) dilacerou vários países. Parece ter, o prémio, o condão de recordar à Europa o caminho percorrido e avisá-la da necessidade de encontrar as melhores soluções para não embarcar no caos total. A História provou que em tempo de crise a demagogia gosta de tomar o pedestal da racionalidade.

3. O mundo olha para a guerra na Síria e vê sinais crescentes de perigo para a segurança internacional. A fronteira sírio-turca deixou há algumas semanas de ser um lugar pacífico e, ainda que de forma esporádica, já entrou no cenário da confrontação bélica que faz da Síria um país onde a guerra civil prossegue sem fim à vista.

A Turquia decidiu interceptar um avião comercial sírio que fazia a rota Moscovo-Damasco e com isso introduziu uma nova nota no tom da escalada belicista que ameaça espalhar-se pela região. Damasco acusa a Turquia de pirataria aérea, a Rússia reagiu contra a Turquia, que tem o apoio dos Estados Unidos. Na guerra da Síria, o Irão está a apoiar, e já o declarou publicamente, o Governo sírio. A tensão regional e internacional coze em lume brando e, depois das eleições nos Estados Unidos, pode subir de nível se houver um ataque de Israel ou de Washington contra o Irão devido à questão do programa nuclear iraniano. É um cenário que preocupa o mundo.

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