Folha 8 – 15 março
2014
Os trabalhadores do
Aeroporto, andam tão agastados com a direcção que ameaçam “uma greve ou mesmo
paralisação”, face a inércia e arrogância do comandante da Unidade, João
Bonifácio Kalandissa e o seu adjunto Afonso Cazola, pontas de lança de Paulino
da Silva.
A gestão dos
mesmos, tal como do protector é questionada ao ponto de alegadas questões de natureza
passional, perigarem a harmonia laboral. E apontam o caso de Eva Rafaela
Ndavoca, chefe de turno e de Leo Peres, como os casos mais flagrantes dessa
relação, ao ponto de “tudo lhes ser permitido, até mesmo espezinhar os colegas
e passageiros, em função da proximidade com as chefias”. Os trabalhadores
denunciam ainda o facto de haver cobranças a revelia a partir do aeroporto, em
conluio com o director nacional dos SME, “que semanalmente tem um enviado que
vai buscar um pacote de dinheiro do caixa secreto, não incluído na contabilidade
geral, fruto de cobranças ilícitas de multas aos estrangeiros. É muito
dinheiro e um autentico roubo que está a ser protagonizado por estes senhores,
a vista desarmada e com a cumplicidade do ministro. Nós temos provas de tudo
isso”.
E embalados na
denúncia, dizem estar a direcção da unidade aérea a conceder “vistos de
trabalho a cidadãos estrangeiros, que entram no país, com vistos ordinários,
mas depois (excedem o prazo dos vistos concedidos pelas embaixadas de Angola no
exterior), com base num bem montado esquema de corrupção e desvio de receitas
do erário público”.
Como isso é feito,
suportam com um resumo gráfico, onde listam os montantes cobrados e que não
entram na contabilidade como tal. “Os cidadãos estrangeiros que através do
aeroporto transformam vistos ordinários, em vistos de trabalho, pagam as
seguintes comissões:
a) Mauritânea - USD
4.000,00 (quatro mil dólares)
b) Iritreia e Libaneses
- USD 5.000,00 (cinco mil dólares)
c) Oeste africanos
- USD 3.500,00 (três mil e quinhentos dólares)
d) Paquistaneses -
USD 7.000,00 (sete mil dólares)
e) Portugueses e
brasileiros - USD 8.500,00 (oito mil e quinhentos dólares).
Existem meses em
que são transformados e concedidos mais de 200 vistos destes, fazendo a
contabilidade anual, poderemos imaginar como estere senhores estão a
enriquecer sem justa causa, para além de não melhorarem as nossas condições de
trabalho. Por outro lado, não se entende o rigor de certificação aos
angolanos, como a tirada de foto na entrada e saída, que apenas atrasam o
trabalho e colide com as normas de migração, mas tudo isso dizem é para satisfazer
uma exigência do SINSE e dos Serviços de Inteligência Militar, para controlar
os movimentos dos membros da sociedade civil, políticos e intelectuais, que
não são e criticam o governo. Regularmente, temos de enviar relatórios para
estes serviços, mesmo sabendo que isso viola a Constituição da República”,
denunciam, acrescentando “que por via dessa bufaria o SME/Aeroporto
converteu-se, nos últimos tempos num condomínio de familiares, conterrâneos e
afilhados da chefia, para melhor reinarem e esconderem as suas roubalheiras.
Refira-se que a
direcção do SME autoriza de forma irregular a emissão de vistos de fronteira
através da Unidade Aérea de Luanda, contrariando não só a lei, como a
autoridade do ministro, que ao ficar mudo e calado, pode indiciar uma certa
cumplicidade. Tal acontece, de acordo com justificações oficiais, porque muitos
cidadãos estrangeiros “entraram em território nacional com o objectivo de se
fixarem ou para exercerem actividade remunerada, mediante a obtenção irregular
de vistos de trabalho, de permanência temporária ou autorização de residência”.
Ao contrário do
estipulado, o dinheiro arrecadado com esta actividade do SME perde-se sempre
que caminha para o local certo, os cofres públicos. Por ausência de GPS, o lombongo
arrepia caminho e atira-se, livremente, para os bolsos dos responsáveis pelos
serviços. Num curto período, o pessoal de José Paulino da Silva em comissão de
serviço público na Unidade Aérea de Luanda terá, por defeito, embolsado a
módica quantia de 16 milhões de dólares só com a emissão fraudulenta de vistos
de fronteira.
*Clicar para
ampliar imagem
Sem comentários:
Enviar um comentário