O linguista
timorense Luís Costa concluiu uma gramática de tétum baseada na gramática da
língua portuguesa, instrumento que considera importante para o ensino da língua
no seu país, mas falta financiamento para a sua edição, disse à Lusa.
"Não existe
nada", disse Luís Costa à Lusa, referindo que apenas se conseguem
encontrar "alguns apontamentos feitos por padres e por militares" e
uma gramática feita por um australiano que fez uma adaptação a partir da
gramática da língua inglesa.
A gramática de
tétum que elaborou está pronta há mais de um ano, mas a sua edição continua à
espera de encontrar financiamento, adiantou.
Para Luís Costa,
esta poderia ser uma ferramenta importante para os professores timorenses e
portugueses em Timor-Leste, porque facilita a aprendizagem das duas línguas.
"Um dos
grandes problemas no ensino da língua portuguesa em Timor-Leste é que os
professores portugueses que ensinam os timorenses não sabem tétum nem a
estrutura da língua, com as diferenças e semelhanças. Este trabalho ajudaria
muito neste sentido", disse à Lusa.
Autor do "Guia
de Conversação Português-Tétum", editado em 2002, Luís Costa foi também um
dos autores de um dicionário tétum/português, cuja revisão está neste momento a
fazer no âmbito de uma bolsa de um ano que lhe foi concedida pela Fundação
Oriente.
"Mais três
meses e acabo a revisão", disse à Lusa, adiantando que tem também pronto
um livro de memórias sobre o período em que viveu nas montanhas de Timor-Leste
(entre 1976 e 1979) durante a invasão indonésia.
"É em português
e em tétum. Ainda não entreguei a nenhuma editora", disse Luís Costa.
Em mãos tem ainda o
que classifica como um manual de apoio para professores, com um retrato do
povo, da geografia, da fauna, da flora, da realidade socioeconómica e do
turismo de Timor-Leste.
Mas, confessa,
neste momento, a sua "maior vontade é editar a gramática", porque,
sendo o tétum um dialeto de tradição oral, que se socorre de palavras
emprestadas de outras línguas (como o português e o bahasa indonésio), a
fixação de um cânone linguístico é vital para a sua perpetuação.
Lusa, em RTP
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